quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Substituição de Importações em Espetáculos e Diversão

Aparentemente, a recente competição desleal e selvagem em solo nacional de Paul McCartney, Eric Clapton e do Cirque du Soleil tornou necessária a proteção da indústria nacional. O próximo passo é a concessão de subsídios e incentivos fiscais para artistas consagrados como o palhaço Tiririca, a Mulher Melancia, o Bonde do Rolê e o MC Créu.


Senado aprova regulamentação da profissão de DJ

Texto tornar obrigatória a participação de, pelo menos, 70% de profissionais brasileiros nos eventos promovidos no País com atrações estrangeiras 

 BRASÍLIA - A Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) aprovou nesta quarta-feira, 7, em decisão terminativa, o projeto de lei do ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) que regulamenta a profissão dos DJs e dos "disc-jockeys". Chamados no texto, respectivamente, de "profissional de cabine" e de "produtor DJ", as atividades passarão a constar da lei nº 6.533, de 1978, que trata da regulamentação das profissões de artistas e de técnicos em espetáculos e diversões.


O texto cria uma reserva de mercado, ao tornar obrigatória a participação de, pelo menos, 70% de profissionais brasileiros nos eventos promovidos no País com atrações estrangeiras. Uma emenda do relator, senador Paulo Paim (PT-RS), exige os que quiserem exercer a atividade a ter diploma ou certificado correspondente às habilitações profissionais de 2º grau de ator, contrarregra, cenotécnico, sonoplasta, disc-jockey ou outros semelhantes, reconhecidos em lei. Como a aprovação foi terminativa, o texto será encaminhado à Câmara dos Deputados, sem a necessidade de ser votado no plenário do Senado.


Para exercer as atividades, será necessário obter o registro na superintendência regional do Trabalho e Emprego, que terá validade em todo o País. Os profissionais exercerão jornada de trabalho de seis horas diárias ou 30 semanais. A proposta determina, ainda, que  a cláusula de exclusividade não impedirá o artista, o técnico em espetáculos de diversões, o DJ e o disc-jockey de prestar serviço em atividade diversa ajustada no contrato de trabalho. "Desde que em outro lugar e sem que se caracterize prejuízo para o contratante com o qual foi assinada a cláusula de exclusividade", especifica ainda o projeto.

 


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A Arte de Entender um Discurso

Sensacional. O Cristiano faz a tradução (quase simultânea) do discurso do ministro Mantega. Para quem (como eu) que não entendeu nada do original, a tradução é muito melhor, pois faz sentido!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Liberdade em Risco

Dois historiadores concordam: as principais conquistas das sociedades no ocidente estão em risco, basicamente porque liberdade individual está em risco.

Niall Ferguson, historiador escocês, é taxativo nesta reportagem que discute seu último livro, Civilization:

"So much of liberalism in its classical sense is taken for granted in the west today and even disrespected. We take freedom for granted, and because of this we don't understand how incredibly vulnerable it is."

Sob a perspectiva dos atuais problemas da zona do Euro, o historiador inglês Timothy Ash chega à mesma conclusão:

"The reason the crisis can have such a strong effect is that the big engines of the European project are no longer running. I'm talking about the passionately engaged politicians with their personal memories of the war, the occupation, the dictatorship, the Holocaust and the Soviet threat. That's why they promoted the project."

"What we do lack are the emotions and the passion to say to people: Do you really want to risk what we have? The fact that a young man in Greece or Estonia can get on a plane in the morning and fly to Paris or Rome, without border controls and without exchanging money, and perhaps find a wife or friends there, decide to live or find a job there -- this is progress that no one should put at risk. It must be made clear to people that their "easyJet Europe," as I call this European freedom we experience every day, will be in jeopardy if the euro zone falls apart."

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Conselhos de Ariel Rubinstein Para Alunos de Doutorado

Vale a pena ler o texto inteiro. Minha parte favorita é a seguinte:

How long should my paper be?
If you don't have a good idea, then keep going. Don't stop at less than 60 single-spaced
pages. Nobody will read your paper in any case so at least you have a chance to publish
the paper in QJE or Econometrica.


If you have a really good idea, my advice is to limit yourself to 15 double-spaced
pages. I have not seen any paper in Economics which deserved more than that and yours
is no exception. It is true that papers in Economics are long, but then almost all of then
are deathly boring. Who can read a 50-page Econometica paper and remain sane? So
make your contribution to the world by writing short papers -- focus on new ideas,
shorten proofs to the bare minimum (yes, that is possible!), avoid stupid extensions and
write elegantly!

O Banco Central Deve Perseguir Políticas de Crescimento Econômico?

O leitor Marcelo Korez me pede para comentar a reportagem deste link aqui, que diz que o Banco Central deve elaborar políticas para estimular crescimento econômico. Segundo a reportagem, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um projeto que inclui estímulo ao crescimento econômico e geração de emprego como competências que devem ser buscadas pelo Banco Central. A proposição do projeto carrega uma certa dose de ambiguidade que merece ser melhor discutida.

A questão é como o BC pode "estimular o crescimento econômico", sabendo que seu principal instrumento é a política monetária. No longo prazo, o crescimento econômico depende de acumulação de fatores de produção, como capital e trabalho, de recursos naturais, inovação tecnológica e de um ambiente institucional amigável ao florescimento de mercados competitivos. No longo prazo, a política monetária determina basicamente a taxa de inflação da economia e pouco afeta estes condicionantes, exceto no que diz respeito ao fortalecimento de um ambiente institucional favorável. No longo prazo, a política monetária pode ter impacto negativo sobre crescimento econômico se produzir instabilidade macroeconômica ou inflação elevada, prejudicando assim o funcionamento de mercados. Isto nos traz aos problemas de curto prazo, onde ela tem maior impacto. No curto prazo, o principal impacto da política monetária é sobre a demanda agregada, e ela pode ser utilizada para estabilizar o produto.

O problema é que, ao contrário da visão keynesiana de que "no longo prazo estaremos todos mortos" e que apenas o curto prazo é relevante para a condução de política monetária, o fato é que o longo prazo é uma sucessão de curtos prazos - o que significa que políticas de curto prazo que minam estabilidade de longo prazo não são desejáveis. Neste sentido, uma boa política monetária é aquela que visa estabilizar a economia ao longo do tempo, provendo um regime monetário com inflação baixa e estável. Ocorre que este é o objetivo central do regime de metas de inflação e desta forma ele favorece crescimento econômico sustentável ao ajudar a promover um ambiente institucional favorável.

A ambiguidade do projeto da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado decorre do fato de que a ótica política raramente transcende o curto prazo e visa predominantemente as próximas eleições. Associado à perspectiva proferida por certos economistas do governo de que "um pouco mais de inflação ajuda o crescimento", pode-se estar visando ganhos políticos de curto prazo em detrimento de uma sociedade melhor ao longo do tempo. Por outro lado, se o desejo da Comissão for o de promover crescimento econômico de longo prazo, então o melhor negócio, sob o ponto de vista de política monetária, é manter o regime de metas de inflação reforçando seus fundamentos necessários, como responsabilidade fiscal e taxas flutuantes de câmbio. Adicionalmente, neste segundo caso, a Comissão deveria propor iniciativas para para criar no país um ambiente mais amigável à atividade econômica, como desoneração tributária, recomposição de infraestrutura e redução de custos de transação. Não custa lembrar aqui que no indicador do Banco Mundial, o Doing Business, estamos ficando para trás.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

domingo, 13 de novembro de 2011

O Capitalismo de Compadres Destrói Bons Valores Morais

A relação entre virtudes morais e a sociedade aberta (capitalismo de livre mercado) raramente é devidamente compreendida, tornando a leitura de Deirdre McCloskey civilizatória. Adicionalmente, Tyler Cowen discorre sobre como o capitalismo de compadres pode estar corroendo valores essenciais para qualquer país como ética do trabalho e cultura do empreendedorismo:

"The United States has always had a culture with a high regard for those able to rise from poverty to riches. It has had a strong work ethic and entrepreneurial spirit and has attracted ambitious immigrants, many of whom were drawn here by the possibility of acquiring wealth. Furthermore, the best approach for fighting poverty is often precisely not to make fighting poverty the highest priority. Instead, it’s better to stress achievement and the pursuit of excellence, like a hero from an Ayn Rand novel. These are still at least the ideals of many conservatives and libertarians."
"...the problem is that higher status for the wealthy can easily lead to crony capitalism. In public discourse social status judgments are often crude. Critical differences are lost, like the distinction between earning money through production for consumers, as Apple has done, and earning money through the manipulation of government, which heavily subsidized agribusinesses have done. The relevant question, in my view, is not about how much you have earned but about how you have earned it. To further confuse matters, many right-wing Republican politicians supported corporate bailouts and corporate welfare far beyond what was necessary to stabilize the economy, in doing so further muddying the difference between productive and predatory capitalism."

Um Exemplo de Como Não Se Deve Fazer Econometria

Menzie Chinn queima alguns neurônios se dedicando a um exemplo de livro texto. É preciso ter bom senso para utilizar econometria (e matemática também), e o bom senso vem de teoria econômica. O exemplo do Chinn é semelhante a um que costumo dar e que aterroriza alunos de macro: se a política monetária for usada eficientemente para estabilizar o produto, a correlação entre mudanças na oferta de moeda e no produto será próxima de zero!

Capitalismo de Compadres e Rent-Seeking

Não estou me referindo ao Brasil, mas aos EUA, cujo governo trilha insistentemente o caminho em direção à argentinização. Desta vez é com subsídios à produção de energia solar. Do NYT:

WASHINGTON — Halfway between Los Angeles and San Francisco, on a former cattle ranch and gypsum mine, NRG Energy is building an engineering marvel: a compound of nearly a million solar panels that will produce enough electricity to power about 100,000 homes.
The project is also a marvel in another, less obvious way: Taxpayers and ratepayers are providing subsidies worth almost as much as the entire $1.6 billion cost of the project. Similar subsidy packages have been given to 15 other solar- and wind-power electric plants since 2009.
The government support — which includes loan guarantees, cash grants and contracts that require electric customers to pay higher rates — largely eliminated the risk to the private investors and almost guaranteed them large profits for years to come. The beneficiaries include financial firms like Goldman Sachs and Morgan Stanley, conglomerates like General Electric, utilities like Exelon and NRG — even Google.
A great deal of attention has been focused on Solyndra, a start-up that received $528 million in federal loans to develop cutting-edge solar technology before it went bankrupt, but nearly 90 percent of the $16 billion in clean-energy loans guaranteed by the federal government since 2009 went to subsidize these lower-risk power plants, which in many cases were backed by big companies with vast resources.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Que Causou a Crise Financeira de 2007-2008?

Dois livros bem interessantes sobre o tema: Engineering the Financial Crisis e What Caused the Financial Crisis. Sobre o primeiro, Arnold Kling escreve um excelente post, onde pondera sobre as falhas regulatórias que condicionaram a crise:

"...Another way to put this is that what experts know today is slight relative to what they have yet to learn. A competitive market system will do a better job of learning than a top-down regulated system. The demand for regulation implicitly assumes that our experts know enough to stop learning. That is ultimately a dangerously wrong-headed view."

Sobre o segundo, que é uma impressionante coletânea de artigos, pode-se ler a introdução aqui. Em ambos, o tema central são falhas regulatórias, que ocorrem por excesso ou omissão.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O Fim do Capitalismo Está Próximo!

"O capitalismo não tem futuro", segundo a agência de notícias estatal KCNA, da Coréia do Norte:

"A única maneira de sair da crise atual que aflige o mundo capitalista é erradicando seu sistema. O capitalismo está desaparecendo da história, já que explora o povo e é esquecido por ele". Que vontade de fugir para  Pyongyang!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

As Contribuições de Milton Friedman à Economia

Conforme vistos por Ben Bernanke, Robert Hetzel, David Laidler  e Thomas Sargent.

A importância do trabalho de Milton Friedman é bem colocada neste texto de Ben Bernanke:

"In preparing this talk, I encountered the following problem. Friedman’s monetary framework has been so influential that, in its broad outlines at least, it has nearly become identical with modern monetary theory and practice. I am reminded of the student first exposed to Shakespeare who complained to the professor: “I don’t see what’s so great about him. He was hardly original at all. All he did was string together a bunch of well-known quotations.” The same issue arises when one assesses Friedman’s contributions. His thinking has so permeated modern macroeconomics that the worst pitfall in reading him today is to fail to appreciate the originality and even revolutionary character of his ideas, in relation to the dominant views at the time that he formulated them."

Estagnação da Produtividade do Trabalho no Brasil

Para aqueles economistas novo-desenvolvimentistas que acreditam que, para que o país possa crescer, basta uma desvalorização cambial e/ou subsídios e proteção a determinadas indústrias, este artigo de Fernando Dantas, no Estadão, é um bom choque de realidade:

RIO - O trabalho no Brasil não se tornou mais produtivo ao longo dos últimos 30 anos. A produtividade do trabalho, fator fundamental do crescimento econômico sustentado, caiu entre 1980 e 2008. De lá para cá, o indicador recuou na crise global, depois se recuperou rapidamente, mas parou de crescer a partir do segundo semestre de 2010.

"O Brasil é um país no qual, não importa como se meça a produtividade, nada parece acontecer", diz José Alexandre Scheinkman, economista brasileiro da Universidade Princeton.

Em 1980, um trabalhador brasileiro produzia em média o equivalente a US$ 21 mil por ano. Em 2008, esse número havia caído para US$ 17,8 mil. Houve, portanto, queda de 15% no período. Esses dados fazem parte da Penn World Table, banco de dados do Centro para Comparações Internacionais de Produção, Renda e Preços da Universidade da Pensilvânia, com indicadores econômicos de 189 países e territórios.

Os números vão até 2008 para a maioria dos países, inclusive para o Brasil. Os valores da Penn World Table sobre a produtividade do trabalho são todos convertidos para dólares de 2005, com paridade de poder de compra (PPP). Isso significa que a diferença de custo de vida entre os diferentes países é eliminada.
Entre os 150 países da Penn World Table com dados completos de produtividade do trabalho entre 1980 e 2008, o Brasil está em 130.º em termos de desempenho neste período.

O Brasil só ganha de 21 países, sendo 11 da África, incluindo Costa do Marfim, Malawi, Somália, Camarões, Togo e Zimbábue. Todos os outros países africanos tiveram desempenho melhor do que o Brasil.
Na América Latina, a evolução da produtividade do trabalho brasileira nas últimas três décadas só não é pior do que a apresentada por Paraguai, Venezuela, Nicarágua e Haiti.

Comparado a outras grandes economias emergentes, ou a países sul-americanos como Argentina e Chile, o Brasil tem o pior desempenho na produtividade do trabalho entre 1980 e 2008.

A Argentina saiu de US$ 21,2 mil para US$ 24,8 mil (alta de 17%). O Chile, de US$ 15,1 mil para US$ 27,5 mil (82%). A China, de US$ 1,2 mil para US$ 10,9 mil (778%). A Índia, de US$ 2,8 mil para US$ 7,8 mil (181%). E a Coreia, finalmente, de US$ 14 mil para US$ 50 mil (256%).

Scheinkman nota ainda que, como proporção da produtividade do trabalho dos Estados Unidos, o desempenho brasileiro nas últimas décadas também é muito ruim. "Os Estados Unidos são a fronteira, e o Brasil não está se aproximando", ele diz.

Na verdade, o Brasil convergiu na direção dos Estados Unidos entre 1950 e 1980, e depois recuou de novo até 1988. Assim, a produtividade do trabalho no Brasil era 18% da americana em 1950, avançou até 40% em 1980 e voltou para 21% em 2008.

Em comparação, a Coreia saiu de 14% da produtividade do trabalho americana em 1953 (primeiro ano com dados na Penn World Table) para 27% em 1980 e 60% em 2008. É interessante notar que, entre 1950 e 1980, o Brasil avançou mais rápido do que a Coreia.

Tanto os dados do Brasil quanto da Coreia do Sul são da Penn World Table, em PPP, e diferem dos valores do gráfico ao lado, do Conference Board, embora a tendência seja a mesma.

Para Scheinkman, a má performance brasileira deve-se a deficiências de educação e infraestrutura, à integração ainda baixa com a economia global, à baixa absorção de tecnologia, à falta de inovação em muitos setores e às dificuldades burocráticas para formalizar ou aumentar o tamanho das empresas.

Ele nota que programas como o Simples, que aliviam a tributação para as pequenas empresas, ajudam na formalização mas se tornam um desincentivo ao crescimento. "As empresas não ganham a escala necessária para se tornarem mais produtivas, trocando-se um problema pelo outro."

Scheinkman ressalva, porém, que a agricultura é um setor em que a produtividade teve grandes avanços no Brasil. "As pessoas reclamam da agricultura, mas não percebem que ela vai muito melhor que os outros setores em termos de produtividade", ele diz.

O economista Samuel Pessôa, da consultoria Tendências, acha que uma série de fatores interrompeu o bom desempenho da produtividade do trabalho no Brasil a partir do início da década de 80.

Um dos mais básicos foi a evolução da tecnologia a partir de meados dos anos 70, que começou a exigir trabalhadores com melhor qualidade educacional.

"Aquele milagre brasileiro no pós-guerra, em um país de baixíssima escolaridade, sem nenhum investimento em educação, se dissipou, porque a tecnologia mudou na direção de requerer capital humano, que era exatamente o que não tínhamos e ainda não temos", diz Pessôa.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ditadura, Democracia e Desenvolvimento

Apenas para fundamentar o post abaixo, sobre a governança corporativa do crime, vai aí o abstract e o link de um dos mais interessantes artigos do Mancur Olson:

"Under anarchy, uncoordinated competitive theft by "roving bandits" destroys the incentive to invest and produce, leaving little for either the population or the bandits. Both can be better off if a bandit sets himself up as a dictator--a "stationary bandit" who monopolizes and rationalizes theft in the form of taxes. A secure autocrat has an encompassing interest in his domain that leads him to provide a peaceful order and other public goods that increase productivity. Whenever an autocrat expects a brief tenure, it pays him to confiscate those assets whose tax yield over his tenure is less than their total value. This incentive plus the inherent uncertainty of succession in dictatorships imply that autocracies will rarely have good economic performance for more than a generation. The conditions necessary for a lasting democracy are the same necessary for the security of property and contract rights that generates economic growth"

Governança Corporativa do Crime

De acordo com a teoria do bandido estacionário de Mancur Olson, uma gangue de criminosos que se torna poderosa passa a cumprir funções de Estado, como a provisão de bens públicos e o controle de externalidades. Este é o caso da Máfia mexicana, como relata Alex Tabarrok.

Crise Financeira e Metas de PIB Nominal



Scott Sumner explica sua interpretação não-convencional baseada em teoria econômica convencional.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Doing Business 2012

O relatório Doing Business 2012, do Banco Mundial, provê uma mensuração objetiva da regulação dos negócios, que permite identificar a facilidade de fazer negócios nos países analisados. De um total de 183 países, o Brasil é o 126o. do ranking, uma posição nada confortável, indicando que a regulação de negócios do país é pouco amigável à atividade econômica.

Cingapura lidera o ranking de facilidade de fazer negócios, seguido de Hong Kong, Nova Zelândia, Estados Unidos e Dinamarca.  O Brasil perdeu seis posições no ranking, em relação ao relatório de 2011, pois pouco melhorou o seu ambiente de negócios - em 125 países foram implementadas um total de 245 reformas regulatórias. No ranking do Doing Business, o Brasil está logo atrás de Suazilândia e Boznia e Herzegovina, mas à frente de Tanzânia e Honduras. Nos últimos seis anos, os países que mais progrediram em criar um ambiente mais amigável a negócios foram a China, India e Rússia.

Como sugestão de plano de desenvolvimento econômico, é melhor se engajar em reformas regulatórias que afetam todo o ambiente de negócios no país do que conceder subsídios, isenções fiscais e venda de proteção a determinadas indústrias. Se fazer reformas é um ato impossível para nossos planejadores, a política de second-best parece ser simplesmente eliminar o Plano Brasil Maior.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Chicago Manterá sua Supremacia no Movimento Law & Economics?

Difícil saber, mas estão tomando medidas importantes para mantê-la nas próximas décadas:

"The University of Chicago School of Law gave birth to the law-and-economics movement during the 1950s and 1960s. Now the school is reasserting its commitment to the study of the law through the lens of economics with an initiative it has dubbed Law and Economics 2.0."Law and economics has been the most important legal movement of the past half century. We're very proud of it and it's part of our legacy," said Dean Michael Schill. "We want to be a leader for the next 50 years. We've been actively looking at what we can do to keep us comfortably at the forefront.""

Mais Sobre o Debate do Modelo IS-LM

Excelente post de Tyler Cowen:

"I am sad that the IS-LM debate devolved into IS-LM vs. close substitutes, because I meant to raise a broader set of objections to one particular kind of technocratic curve-shifting as the foundation for macroeconomic thought.  Let me list a few alternative starting points for macroeconomics:
1. Public choice economics (still the most underrated, in today’s profession)
2. Growth theory (as distinct from the view that all business cycles are simply fluctuations in the rate of growth)
3. The New Institutional Economics of property rights and incentives
4. Financial asset pricing theory (as distinct from the view that financial markets are always efficient)"

Leia mais aqui.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sargent e Sims: Nobel para "Fresh Water Economics"

Este ano o prêmio foi para economistas não-keynesianos, fortemente associados à tradição Minnesota-Chicago (daí fresh-water, em contraposição às escolas salt-water neo-keynesianas das costas leste e oeste dos EUA). Tyler Cowen produziu dois ricos posts (vale a pena lê-los na íntegra, inclusive os links) para explicar a contribuição de Sargent e Sims.
Sobre o Sargent, Cowen escreve:

"Sargent has made major contributions to macroeconomics, the theory of expectations, fiscal policy, economic history, and dynamic learning, among other areas.  He is a very worthy Laureate and an extraordinarily deep and productive scholar."

"One of his most important (and depressing) papers is Sargent, Thomas J. and Neil Wallace (1981). “Some Unpleasant Monetarist Arithmetic“. Federal Reserve Bank of Minneapolis Quarterly Review 5 (3): 1–17.  The main idea of this paper is that good monetary policy requires good fiscal policy.  Otherwise the fight against inflation will not be credible.  This is probably his most important paper."

"Sargent really is one of the smartest, deepest, and most scholarly of all contemporary economists.  The word “impressive” resonates.  He has enough contributions for 1.6 Nobel Prizes, maybe more.  He has influenced the thought of all good macroeconomists.  The economic history is dedicated and path breaking.  If I had to come up with a criticism, I find that some of his papers have an excess of rigor and don’t leave the reader with a clear intuitive result.  I am not as enamored of foundations as he is.  Still, that is being picky and this is a very very good choice for the prize.  I would have considered a co-award with Neil Wallace, however, since two of Sargent’s most important papers (JPE 1975) and “unpleasant monetarist arithmetic” were written with Wallace."

Finalmente, sobre Sims:

"Sims is currently at Princeton but most closely associated with the University of Minnesota.  Basically this is a prize in praise of Minnesota macro, fresh water macro of course, and lots of econometrics.  Think of Sims as an economist who found the traditional Keynesian methods “just not good enough” and who worked hard to improve them.  He brought a lot more rigor into empirical macro and he helped define a school of thought at the University of Minnesota.  His influence will endure.  Some of his results raised the status of the “real shocks” approach to business cycles, although I think of Sims’s work as more defined by a method than by any set of conclusions."

"I think of Sims as having three major contributions: vector autoregression as a macroeconomic method, impulse response functions, and deep examinations of money-income causality.  Via Tim Harford, here are powerpoint slides on the first two, first rate presentation.  If you know some math, this is the place to go on Sims."

"Sims is one of the most important figures in macro econometrics in the last thirty years, if not the most important.  He clearly deserves a Nobel Prize."

Nobel em Economia 2011

Saiu para o Thomas Sargent e o Christopher Sims. Errei minha previsão novamente, vou tentar sorte melhor na Mega Sena desta quinta. Mas não custa mencionar que um dos artigos do Sargent que mais influenciou minha maneira de pensar em economia, ainda nos anos 80 - época da inflação louca no Brasil e da reprodução em escala ampliada de algumas teorias bizarras de inflação em boa parte das universidades brasileiras - é este aqui, sobre a desagradável aritmética monetarista. 

Desenvolvimento Econômico e Política Industrial

Na conferência sobre transformação estrutural e crescimento econômico, promovida pelo Banco Mundial, leitura obrigatória é o artigo de Philippe Aghion e associados, "Industrial Policy and Competition".

Hoje Sai o Nobel em Economia

Bons nomes (isto não é novidade) nas bolsas de apostas. Mas minhas preferências para este ano são Anne Krueger e Gordon Tullock ou Robert Barro e Paul Romer.

sábado, 8 de outubro de 2011

Joseph Stiglitz Imita "A Vida de Brian"

Engraçadíssimo. (HT: Tyler Cowen)

Mais Sobre IS-LM

Paul Krugman defende o modelo pela sua simplicidade (vale a pena ler o artigo do Krugman citado por ele neste seu post), apesar de não ter microfundamentos sólidos (na verdade, a LM tem). Greg Mankiw também toma partido do IS-LM, mas porque provê a base para entender a economia de modelos mais sofisticados (leia-se DSGE). É bem verdade que, para entender a atuação de Bancos Centrais, a LM é dispensável e substituida pela RPM (regra de política monetária), como neste artigo de David Romer.

Toda esta discussão reflete o famoso trade-off em ciência entre simplicidade e completude. Modelos mais simples (no caso, IS-LM) capturam poucos elementos e relações da realidade complexa, mas são mais fáceis de entender e de gerar proposições úteis. Modelos mais completos (no caso, DSGE), podem estabelecer mais relações entre variáveis relevantes, mas às custas de maior dificuldade de interpretação (em modelos dinâmicos mais complicados de expectativas racionais, a melhor chance do pesquisador é com simulações e interpretações baseadas em funções impulso resposta) e nem sempre melhor aderência empírica. Este trade-off aparece também em física, onde convivem o modelo simples (clássica - Newton), que gera interpretações e mais proposições úteis, e o modelo sofisticado (relatividade - Einstein), que é mais preciso porém muitas vezes desnecessariamente complicado. Qual dos dois é melhor, o mais simples ou o mais completo? Isto depende do problema em questão e, obviamente, das preferências do pesquisador.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Na Mosca!

Do Estadão:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta segunda-feira que o modelo americano de universidade é o melhor do mundo. "Nada se equivale à universidade americana", disse, em palestra organizada pela Fundação Estudar para divulgar Yale a estudantes brasileiros. Para FHC, a principal vantagem das instituições dos EUA é estarem conectadas a empresas e governos. "Lá, as universidades levantam pontes com o mundo empresarial e com a administração pública, e reconhecem que as boas ideias também podem vir de fora. No Brasil, a universidade é um bunker com medo de ser comprada pela empresa ou cooptada pelo governo", afirmou. "Assim, não cumpre sua função social maior, que é a de formar lideranças."

Steve Jobs


Excelente artigo de Rodrigo Constantino sobre Steve Jobs. Eu apenas gostaria de enfatizar que seu grande mérito foi ter feito fortuna inovando e melhorando a vida dos outros, o que é a essência do empreendedorismo de livre mercado. Em seu artigo, Constantino conclui corretamente:

"Por fim, resta uma reflexão para nós brasileiros. Infelizmente, com este arcabouço institucional e cultural que temos, dificilmente seríamos capazes de “produzir” um Steve Jobs, ou algo parecido. Tivesse nascido por aqui, mesmo com toda a sua visão inovadora e sua incrível persistência, provavelmente Jobs seria massacrado pelos obstáculos criados pelo governo no processo. Que o legado de Steve Jobs nos sirva como alimento para esta reflexão necessária."

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Empreendedorismo no Brasil

MP INVESTIGA FILHO DE MINISTRO
O Globo - 06/07/2011
 
OMinistério Público Federal Federal está investigando suposto enriquecimento ilícito de Gustavo Morais Pereira, arquiteto de 27 anos, filho do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Dois anos após ser criada com um capital social de R$60 mil, a Forma Construções, uma das empresas de Gustavo, amealhou um patrimônio de mais de R$50 milhões, um crescimento de 86.500%. As investigações podem complicar ainda mais a situação do ministro, que, desde sábado, tem sido obrigado a se explicar sobre o suposto envolvimento de seus principais assessores com corrupção.
As investigações começaram ano passado, a partir de um nebuloso negócio entre Pereira e a SC Carvalho Transportes e Construções, empresa beneficiária de recursos do Ministério dos Transportes. Em 2007, a SC Transportes repassou R$450 mil ao filho do ministro, conforme documentos em poder da Procuradoria da República do Amazonas. Nesse mesmo ano, a empresa recebeu R$3 milhões do Fundo da Marinha Mercante, administrado pelo Ministério dos Transportes para incentivar a renovação da frota do país. Em 2008, a empresa ganhou mais R$4,2 milhões.
Os repasses do ministério à empresa estão registrados no Portal da Transparência, do governo federal. O Ministério Público abriu investigação para apurar se houve conflito de interesse nas decisões do ministério chefiado por Nascimento e os benefícios pagos à empresa que negociou com o filho do ministro:
- O que nos causou estranheza foi o fato de uma empresa de um dos amigos do ministro receber grandes valores (do ministério) e depois fazer negócio com o filho do ministro - disse ao GLOBO um dos investigadores do caso.
MP ainda decide se ministro deve depor
A SC Transportes está em nome de Marcílio Carvalho e Claudomiro Picanço Carvalho. Em 2006, um ano antes da SC receber R$3 milhões do Ministério dos Transportes, Picanço doou R$100 mil à campanha de Nascimento ao Senado, como registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O empresário foi o principal doador da campanha do ministro. Picanço também doou R$12 mil ao PR, então chamado de PL. Marcílio é marido de Auxiliadora Carvalho, nomeada pelo ministro para chefiar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Amazonas e em Roraima.
O Ministério Público ouviu Gustavo. Ele disse que o dinheiro recebido da SC Transporte é fruto da venda de um imóvel. As explicações não convenceram. O Ministério Público estranhou o crescimento patrimonial do arquiteto. Em 2005, aos 21 anos, ele e dois sócios fundaram a Forma Construções. Em 2007, a empresa declarou patrimônio de R$52,3 milhões em documentos da Receita Federal. Um ano antes, os ativos somavam R$17,7 milhões.
Em grande ofensiva no mercado imobiliário do Amazonas, a empresa construiu em curto período um conjunto de 86 casas de alto padrão e um prédio comercial de 20 andares, num bairro nobre de Manaus. A investigação, ainda não concluída, aponta indícios de patrimônio incompatível com a renda declarada por Gustavo. O Ministério Público ainda estuda se chamará Nascimento para depor.
O ministro confirmou o negócio do filho com a SC Transportes, mas negou irregularidades na transação e informou que "o depósito a que O GLOBO se refere decorre da venda de imóvel, transação registrada na declaração de Imposto de Renda", disse por e-mail. Negou ainda ter ligações com os donos da SC Transportes.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Tragédia dos Comuns: Versão Musical

"Good for me, good for you, bad for us" é a essência da tragédia dos comuns, bem capturada pelo refrão da música (a letra segue abaixo) . Mais videos interessantes sobre o tema estão aqui, com uma aula da Elinor Ostrom e o Stossel Show com o economista Russ Roberts.



The commons give good grazing to my sheep
It gives me wool and meat so very cheap
They also give good grazing to my sheep
It gives me meat and wool and real good sleep!

Good for me (good for you) and good for you (good for me)
But it is bad, bad, bad, bad, bad for us
Good for me (good for you) and good for you (good for me)
But it is bad and thats the tragedy of the commons

The sea has always given me my fish
Its my old ecological niche
The ocean gives me too what I could wish
of tuna, cod and yummy seafood quiche

Right for me (right for you) and right for you (right for me)
But its wrong, wrong, wrong, wrong, wrong for us
Right for me (right for you) and right for you (right for me)
But it is wrong and thats the tragedy of the commons

Well Im so glad I have this atmosphere
Where I can put my exhausts! Lovely, dear!
And I can use the same old sea of air
I burn my gas and this is only fair (So we can share!)

Fine for me (fine for you) and fine for you (fine for me)
Yeah, but it sucks, sucks, sucks, sucks, sucks for us
Fine for me (fine for you) and fine for you (fine for me)
Yeah but it sucks and thats the tragedy of the commons

So what shall we do about it? The tragedy of the commons
(Can we see whats good for us?)
Transparency (We can see whats good for us)
and awareness (We can see whats good for us)
Common rules (We can do whats good for us)
made by ourselves (really do whats good for us)
Whats good for us is good for me (So whats the buzz? Whats the fuss?)
But whats good for me may not be good for us (gotta do whats good for us!)
Thank you elinor ostrom (you made us see whats good for us)
A pool of water, a pool of air, (We can see whats good for us)
a pool of fish we all must share (We can see whats good for us)
An Atmosphere a lithosphere (We can see whats good for us)
A Hydrosphere, a biosphere (We can see whats good for us)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Criação de Barreiras à Entrada no Mercado Automobilístico: Venda de Proteção ou Política Industrial?

Por que não estou surpreso?

São Paulo - A montadora chinesa JAC Motors congelou a abertura de fábrica no Brasil e considera que o aumento da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) fere as diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC), diz reportagem do jornal Folha de S.Paulo nesta sexta-feira. De acordo com o texto, o investimento previsto era de US$ 600 milhões para produzir 100 mil veículos por ano.

Segundo uma resposta por escrito da JAC à Folha, a política do governo brasileiro em aumentar o IPI é "descontínua, irracional e parcial". Para a empresa, O Brasil abalou a confiança das empresas chinesas no país, uma vez que a montadora foi a que mais vendeu carros neste ano, cerca de 14,5 mil.
No mês de agosto, a JAC Motors anunciou uma nova fábrica prevista para 2014. De acordo com a companhia, seriam gerados 3.500 empregos diretos e mais 10 mil indiretos.
A JAC afirmou que o impacto no imposto visa a acabar com a concorrência justa e que não há subsídios para os carros chineses no Brasil.

No dia 16 de setembro, o governo publicou um decreto no Diário Oficial aumentando o IPI para carros importados, o que pode alterar em até 28% o preço final de carros feitos fora do Brasil. Pelos termos, as medidas beneficiam montadoras que chegaram há mais tempo ao Brasil e que estabeleceram estruturas produtivas, como é o caso de Volkswagen, Fiat, General Motors e Ford.
As regras afetam principalmente as montadoras asiáticas JAC, Chery e Kia. (link para o texto aqui)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Melhor Parceiro

"É hora de fazer cada vez mais", disse a Presidente. Mas quem irá pagar a conta?

Na Contra-Mão

Governo eleva IPI de veículo sem conteúdo nacional. Aumentando os preços dos importados, o governo acredita estar representando os consumidores indignados com menores preços nas lojas. "Droga", dizem eles. "O preço do automóvel caiu de novo. Tem agora mais marcas de melhor qualidade. A Dilma precisa fazer alguma coisa! Senão, daqui a pouco, teremos que pagar preços internacionais pelos nossos carros!". 

sábado, 3 de setembro de 2011

Balanço de Jackson Hole

Para o leitor desavisado deste blog, o título deste post não se refere ao título de um filme pornô, mas à avaliação do encontro anual de central bankers e economistas em Jackson Hole, Wyoming, feita por Justin Yifu Lin. Como um expert em desenvolvimento econômico, vale a pena ressaltar esta passagem:

"Esther Duflo, meanwhile, posited that a long term strategy to balance growth with equity should entail policies that maximize the chance for the poor to fully participate in markets. Her paper describes market failures in finance, insurance, land, and education in developing countries, and discusses what is known, and not known, about how best to tackle them.

My view is that fixing all those market failures that are biased against poorer people might not be sufficient. Poor people’s income comes mostly from their labor earnings, while the rich people derive a large portion of their income from capital. If a developing country can follow its comparative advantage and starts its structural transformation by developing labor-intensive industries, the poor will have  better employment opportunities, the economy will be competitive and dynamic, labor will turn from relatively abundant to relatively scarce, and the increase in wage rates will be much faster than the return to capital. In this way, the country may achieve growth with equity as Japan, Korea, Taiwan-China, and Singapore achieved during their catching up process."

domingo, 28 de agosto de 2011

Em Busca do Bom Capitalismo

O bom capitalismo é aquele onde direitos de propriedade são bem definidos e garantidos, contratos são respeitados e executados com o auxílio de um judiciário independente e com poder para fazer prevalecer o estado de direito, não existem barreiras à entrada para novas firmas e inovação é estimulada. O mau capitalismo é o corporativismo clássico, de inspiração Mussoliniana, onde o governo dirige corporações do setor privado com o intuito de promover solidariedade entre classes e outros objetivos sociais. O problema deste último é que esta orquestração estatal fatalmente leva a exclusão social e perda de dinamismo da economia, pois é caracterizada pela venda de proteção às classes bem conectadas e pela criação de barreiras à inovação e mudança social. Estes são os temas da ótima palestra do Edmund Phelps.

sábado, 27 de agosto de 2011

Repensando a Teoria Macroeconômica

Excelente palestra do Stiglitz. O argumento central é que os insights da moderna microeconomia não foram incorporados na macroeconomia. (HT Mark Thoma)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A Falta Que Boa Liderança Faz

Do Jeffrey Sachs, no Financial Times:

"The last missing piece for any recovery, however, is clarity of purpose from the political class. In Europe, a coherent response led by the European Union has been sidelined to policymaking by national governments – the pact between France and Germany being only the latest example. For months, Europe’s fate has been decided by German state elections and small Finnish parties. The European Central Bank has been so divided that it too has neglected core functions of stabilising panicked markets. There is no way the euro can survive if European-wide institutions continue to be so weak, slow and divided.
The US has similarly devolved into a mélange of sector, class, and regional interests. President Barack Obama is the incredibly shrinking leader, waiting to see whether Congressional power barons will call. More generally, the US cannot prosper while its politicians go hat in hand to the vested interests that finance their nonstop campaigning.
The recent swoon in financial markets and the stalled recovery in the US and Europe reflect these fundamental shortcomings. There is no growth strategy, only the hope that scared and debt-burdened consumers will return to buying houses they don’t need and can’t afford. Sadly, these global economic currents will continue to claim jobs and drain capital until there is a revival of bold, concerted leadership. In the meantime, the markets will gyrate in pangs of uncertainty."

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Paul Krugman: Uma (Falsa) Invasão de Alienígenas Pode Salvar o Mundo!


Ok, estou sendo sensacionalista para atrair audiência. Mas o vídeo acima confirma o título do post. Vamos então às minhas interpretações. Em macroeconomia, Krugman é um velho-keynesiano, da legítima linhagem do Hicks. Em comércio internacional, um merecedor do prêmio Nobel, mas como velho keynesiano, ele abusa da retórica de que quaisquer gastos do governo estimulam a economia, mesmo aqueles que não têm taxa de retorno positiva. O próprio Keynes pode ser acusado deste pecado, com seu exemplo famoso de que contratar trabalhadores para buscar notas de dólar dentro de garrafas em minas aumenta a demanda agregada (fazer link a referências). Note que, no vídeo acima, Ken Rogoff sugere investir em infraestrutura, que eu concordo como sendo mais razoável do que caçar alienígenas para estimular a demanda agregada.

O ponto fundamental é o seguinte: em uma economia com recursos econômicos sem ocupação (como no caso de uma recessão) faz algum sentido mobilizar recursos com maiores gastos, inclusive do governo. Só que na época de Keynes (e aí eu acho que Keynes não seria "keynesiano" para tratar dos problemas atuais) governos não estavam altamente endividados nem inflação era um problema. A presença de pelo menos um destes dois fatores muda radicalmente a terapia de Keynes. Um governo altamente endividado aumenta a desconfiança da sociedade a respeito de sua capacidade ou determinação de honrar com seus compromissos no futuro, o que mina os efeitos dos "estímulos fiscais" (aumento dos gastos para estimular a economia) no presente.

Como "velho keynesiano", Paul Krugman desconsidera (pelo menos retoricamente) a importância de credibilidade e confiança nas políticas de governo. O problema econômico americano hoje é um problema de confiança: sua classe política está cada vez mais parecida com a brasileira (o termo que eles usam volta e meia é "brazilianization"), cada vez mais comprometida com os grupos de interesse que a apoia e cada vez menos comprometida com o bem estar da sociedade como um todo (inserir link para a escola de escolha pública, que trata políticos como indivíduos maximizadores de utilidade pessoal e não da utilidade da sociedade). E as declarações do Krugman, de combate a alienígenas, não ajudam a construir credibilidade em uma sociedade mal versada nas nuances da teoria econômica moderna. Afinal, quem vai confiar em um governo cujos economistas sugerem caçar alienígenas para estimular a economia?

domingo, 14 de agosto de 2011

Lições da História e a Dívida Americana

Os EUA passam hoje por uma crise de confiança, que pode levar a uma crise de liquidez (como Itália e Espanha) e com menor probabilidade a uma crise de solvência. Christina Romer parece sugerir como evitar que a crise de confiança degenere em coisas piores, buscando lições da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial:

"Finally, what about the national debt? Given the recent debt downgrade, it might seem impossible for the United States to embark on fiscal stimulus that would increase its ratio of debt to G.D.P.
Well, at the end of World War II, that ratio hit 109 percent — one and a half times as high as it is now. Yet this had no obvious adverse consequences for growth or our ability to borrow.
This isn’t hard to explain. Everyone understood then why the nation was racking up so much debt: we were fighting for survival, and for the survival of our allies. No one doubted that we would repay our debts. We had done it after every other war, and raising taxes even before the attack on Pearl Harbor showed our leaders’ fiscal resolve.
Today, we can do much more to aid recovery, including a near-term increase in our debt. But we need to make the reasons clear and make concrete our commitment to deal with the debt over time.
In place of the tepid budget agreement now in place, we could pass a bold plan with more short-run spending increases and tax cuts, coupled with much more serious, phased-in deficit reduction. By necessity, the plan would tackle entitlement reform and gradually raise tax revenue. This would be the World War II approach to our problems.
Equally important, someone needs to explain to the nation and to world markets just why we must increase the debt in the short run. Unemployment of roughly 9 percent for 28 months and counting is a national emergency. We must fight it with the same passion and commitment we have brought to military emergencies in our past."

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Frase do Dia

"Consciência é aquela voz que nos lembra que pode ter alguém olhando"

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Representantes da Sociedade Civil, Cara-Pálida?

Do site Plano Brasil Maior:

Brasília (2 de agosto) – A presidenta da República, Dilma Rousseff, assinou nesta terça-feira (2) decreto nomeando 14 novos representantes das sociedade civil para compor o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) (grifo meu), que será o nível de superior de aconselhamento institucional do Plano Brasil Maior.
O conselho é formado ainda por 13 ministros, incluindo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nomeados em 2004, ano de criação do CNDI.
Entre os novos conselheiros, estão empresários de diversos setores da indústria, sindicalistas e presidentes de entidades de classe. Ao lado dos representantes do poder público, eles terão entre suas atribuições traçar as orientações estratégicas gerais e subsidiar as atividades do sistema de gestão da política industrial. O mandato será de dois anos.

Curioso é que o maior grupo da sociedade civil, os consumidores, não está representado. Algo me diz que serão eles que irão pagar a conta do "Plano Brasil Maior".

A Política Industrial que Nunca Foi

OESP e o Mansueto já fizeram boas avaliações a respeito do Plano Brasil Maior, lançado terça feira. Embora mereça aplausos por iniciar uma discussão a respeito de uma possível política comercial e industrial, ele peca por um ponto essencial: trata-se de um plano mais protecionista do que de estímulo à produtividade. Quando promete desonerar setores escolhidos, admite que vai continuar onerando os demais, quando direciona crédito via bancos estatais (o que se chama de repressão financeira) para os setores escolhidos, encarece o crédito aos demais, e quando dá ênfase a termos como "concorrência desleal" e "guerra cambial", perde o foco nos determinantes da baixa produtividade da indústria doméstica e dos outros setores da economia, que são o elevado peso da carga tributária e os elevados custos de transação e barreiras à entrada oriundos de excesso de legislação. Em suma, tem poucas características de um bom plano de desenvolvimento econômico e representa mais do mesmo, que é a venda de proteção, favorecendo atividades de rent-seeking e desestimulando criação de renda e riqueza.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Uma Teoria de Regulação Econômica

A teoria econômica de regulação de mercados é bem conhecida. Diz respeito à oferta e demanda de serviços de regulação, que envolvem tanto a motivação de interesse público (correção de "falhas de mercado") quanto a motivação de grupos (captura, burocracia, lobby).  Entretanto, ela ignora um componente importante da regulação presente frequentemente nas decisões regulatórias das autoridades brasileiras: A simples ignorância. Então, em complemento à teoria convencional, podemos postular o seguinte:

"Regulação de mercados surge quando a autoridade regulatória, que não entende o funcionamento de mercados, não gosta de algum resultado do mercado e visa alterá-lo, dificultando ou mesmo proibindo as transações que acredita terem levado a este resultado. Desta forma, o impacto da regulação é apenas uma elevação de custos de transação e uma redução da eficiência dos mercados".

Garanto que esta ideia não é minha, a li há muito tempo atrás e deve ser do Alchian, do Demsetz ou mesmo do Coase. Evidências empíricas? Bem, o Alex levantou mais uma.

domingo, 31 de julho de 2011

Vantagens Comparativas Para Leigos

Era uma vez uma família que tinha dois filhos, John e Paul (na verdade eram quatro, com George e Ringo. Mas estes ficam de fora desta história a título de simplificação). John tinha nove anos, Paul apenas seis e dormiam cada um no seu quarto. Todo dia de manhã, antes de irem para a escola, sua mãe pedia a cada um para  arrumar seu quarto, o que envolvia as tarefas de arrumar a cama e guardar os brinquedos. Como eles tinham idades e aptidões físicas diferentes, eles levavam tempos distintos para executar estas tarefas, como mostra a tabela abaixo:


Guardar Brinquedos
Arrumar a Cama
John
9 min
8 min
Paul
12 min
15 min

Como John era o mais velho e mais destro, ele conseguia executar as duas tarefas em seu quarto mais rapidamente que seu irmão mais novo. John então gastava 17 minutos enquanto que Paul gastava 27 minutos todo dia nas duas tarefas. O pai deles era um economista convencional, que gostava de contar histórias de economistas famosos à mesa do jantar. John gostava das histórias, e um dia ficou intrigado com a ideia de que trocas voluntárias sempre melhoram a vida das pessoas, que foi a moral da história que seu pai contou naquela noite. Isto não saiu da sua cabeça e ele foi dormir pensando a respeito.

No dia seguinte, pela manhã, John teve uma ideia e propôs a Paul o seguinte trato: Ele (John) arrumaria as duas camas enquanto que Paul guardaria os brinquedos nos dois quartos. Este trato envolvia uma troca de uma arrumação de cama pela guarda de brinquedos. John passou a gastar 16 minutos nas duas tarefas enquanto que Paul apenas 24 minutos. John economizou um minuto todas as manhãs, enquanto que Paul economizou três minutos por manhã. Ambos gostaram da nova situação pois tinham mais tempo disponível para brincar.

O que John e Paul descobriram foram o princípio de vantagens comparativas. John produzia cada uma das tarefas a um custo menor do que Paul, então ele tinha vantagens absolutas nas tarefas. Mas isto não impediu ganhos de trocas, pois John tinha uma vantagem comparativa em relação a Paul em arrumar as camas, pois fazia esta tarefa relativamente mais rápido, enquanto que Paul tinha uma vantagem comparativa para guardar os brinquedos.

John gostou tanto da engenhosidade da sua ideia que contou a seu pai o que aconteceu. Naquela mesma noite, seu pai explicou que o princípio de vantagens comparativas está por trás de todas as boas decisões no que diz respeito a trocas e especialização. Não precisamos fazer tudo o que consumimos, disse ele, podemos nos especializar naquilo que fazemos relativamente melhor e capturar ganhos por meio de trocas. E isto serve também para o comércio entre países: Vários países pequenos são ricos pois praticam comércio internacional e não produzem tudo que precisam. Seu sucesso está baseado na exploração de suas vantagens comparativas, finalizou.

Mas o tempo passou, os dois irmãos cresceram e desenvolveram novas aptidões, graças ao tempo extra ganho pelas trocas efetuadas todas as manhãs. John aprendeu a tocar guitarra e Paul piano, e assim desenvolveram novas vantagens comparativas. Eles montaram uma banda e ficaram famosos. Agora, eles não têm mais o problema de guardar os brinquedos, nem arrumam mais as suas camas, pois existem inúmeras fãs dispostas a fazê-lo. John e Paul ficaram ricos explorando suas novas vantagens comparativas, mas isto já é uma outra história.

Vantagens Comparativas e o Novo Desenvolvimentismo: Nenhuma Ligação ou Simplesmente Violação?

A teoria de vantagens comparativas talvez seja a mais difícil de entender, dentre todas da teoria econômica convrencional. Embora sua aplicação seja essencial para criação de valor e expansão de bem-estar, tanto no nível individual como em escala nacional e internacional, é curioso notar que mesmo economistas acadêmicos tenham dificuldades de compreensão, chegando a sugerir políticas de desenvolvimento que simplesmente ignoram a ideia de vantagens comparativas e, o que é pior, violam vantagens comparativas em sua implementação. Tome como exemplo este texto que busca definir o desenvolvimentismo brasileiro. Não há nenhuma menção a vantagens comparativas, mas isto pode ser apenas decorrente de ser um texto bastante simples, contendo uma mistura de declarações de boas intenções com interpretações esquisitas de artigos que, no seu devido contexto, são coerentes (veja, por exemplo, o texto que leva à nota de rodapé 5, leia o artigo citado e tente entender qual é a relação entre uma coisa e outra). Pegue também este outro texto, de autor novo-desenvolvimentista consagrado. Cheio de declarações de boas intenções, falácias do espantalho,  algumas aberrações como sugestão de política (como por exemplo taxar exportações para evitar o câmbio apreciado) e nenhuma referência explícita a vantagens comparativas. Talvez este texto específico não seja uma boa referência, no sentido de melhor descrever o que é o novo desenvolvimentismo, mas busquei alguns outros textos do mesmo autor e o nível do discurso é invariavelmente o mesmo. Espero então contar com a ajuda de algum leitor com indicação de texto melhor sobre o tema. Fica então a pergunta: Pode uma boa teoria de desenvolvimento ignorar ou mesmo violar o princípio de vantagens comparativas?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Como Tornar Economia (mais) Relevante

James Hamilton comenta (motivado por um post instigante de Mark Thoma, que trata da relação entre economistas acadêmicos e outros):

"Too many of my colleagues pay too little attention to how markets and institutions actually function. The profession and our ability to offer constructive policy advice are seriously impoverished as a result."
Da perspectiva dos trópicos, não apenas poucos (quer dizer, menos do que seria desejável) economistas acadêmicos devotam seu tempo de pesquisa para entender o funcionamento real de mercados e de governos, mas como também alunos de pós-graduação têm pouco interesse em desenvolver uma melhor compreensão. Um sintoma típico é quando estes definem seus projetos de dissertação e tese a partir do uso de uma técnica (quero usar métodos não paramétricos para analisar uma série... ou quero usar o matlab para simular a política monetária ótima em uma economia fechada de agentes ricardianos...) em vez de a partir da definição de um problema econômico (como por exemplo, por que a taxa de juros no Brasil é tão alta, ou por que a produtividade no país é tão baixa, ou por que não se consegue investir em infraestrutura, etc.) 

Existe, de fato, entre alunos de pós-graduação, um fascínio natural pelas técnicas, que, diga-se de passagem, são importantes por fazerem parte do arsenal indispensável do economista. O problema não reside no desenvolvimento de competências técnicas, mas na falta de curiosidade de buscar entender melhor a natureza de problemas concretos, o que de certa forma reproduz a postura de seus professores. Sem uma postura mais adequada, continuaremos em debates estéreis sobre questões menos relevantes.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A Cura da Doença Européia

A proposta de Guido Tabellini envolve a transferência substancial de soberania econômica dos países da União Européia (UE) para as autoridades da UE (a Comissão ou agências regulatórias), com o objetivo de evitar a acumulação insustentável de dívida. A criação de um governo central, cujo principal objetivo é prover seguro aos estados membros associado à imposição de restrições orçamentárias rígidas, aproxima esta proposta da do "Federalismo Preservador de Mercados", de Barry Weingast. A estruturação de reformas institucionais na Europa com base no FPM pode se constituir na cura da doença européia, ao limitar a capacidade dos estados membros de se engajar em políticas predatórias (como a acumulação insustentável de dívidas, por exemplo) favorecendo o fortalecimento de mercados com melhores perspectivas de crescimento econômico.

O Futuro do Crescimento Econômico do Brasil

Se Dani Rodrik estiver correto, as perspectivas do país são menos brilhantes do que se imagina. Talvez continuaremos a ser o país do futuro por muito tempo:

"...igniting and sustaining rapid growth requires something more: production-oriented policies that stimulate ongoing structural change and foster employment in new economic activities. Growth that relies on capital inflows or commodity booms tends to be short-lived. Sustained growth requires devising incentives to encourage private-sector investment in new industries – and doing so with minimal corruption and adequate competence."

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Herança Maldita

Sobre o legado político das ideias de Keynes, de acordo com John Taylor:

"Milton Friedman wrote a wonderful review essay on Keynes’ influence on economics and politics which touches on these issues and is still well worth reading. Friedman distinguished between Keynes’ political bequest—the advocacy of discretionary actions taken by powerful government officials—and his economic bequest—the emphasis on aggregate demand as a source of business cycle fluctuations. In the last section of the essay Friedman argues—quoting extensively from Keynes’ famous letter to Hayek on the Road to Serfdom—that the political bequest was very harmful while the economic bequest has many important insights."

A Doença Européia

Doença Européia diz respeito à crise das dívidas soberanas de países membros da União Européia, que pode levar ao contágio, a uma outra crise financeira e a uma nova recessão global. O pacote de auxílio financeiro à Grécia é útil pois causa um alívio nas tensões econômicas, mas apenas engenharia financeira para tratar do problema é insuficiente, é necessária uma reforma fiscal mais abrangente para tornar sustentáveis as políticas fiscais dos estados membros da UE e ajudar a prover estabilidade macroeconômica à região. Abaixo, a doença européia como vista por alguns dos mais influentes economistas:
- Giavazzi e Kashyap
- Nouriel Roubini
- Kenneth Rogoff
- Andres Velasco
- Tyler Cowen

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Frase do Dia

"Memo to young economists:  Don’t ever think you’ve come up with a new idea.  Unless your last name is Coase, you are almost certainly wrong.  Everything in macroeconomics keeps get rediscovered with each new generation."

Scott Sumner, ao mencionar artigo seu de 1995 - que requenta idéias tão antigas quanto 1818 - que antecipa artigo do Mankiw de 2003.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Febeapá Econômico e a Dissecação do Besteirol

Alex provê um serviço de utilidade pública ao dissecar uma peça exemplar do festival de besteiras econômicas que assolam o país. Leia a coisa toda, são quatro posts que revelam a tragédia da "teoria econômica" e "pesquisa econômica" que circula na mídia e em meios acadêmicos no país.

P.S. Meu computador travou e estou corrigindo este post somente agora, incluindo o link necessário.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Importância do Livre Comércio

"Contrary to what skeptics often assert, the case for free trade is robust. It extends not just to overall prosperity (or “aggregate GNP”), but also to distributional outcomes, which makes the free-trade argument morally compelling as well."
Bhagwati explica.

Milton Friedman: O Retorno do Mestre

O que Milton Friedman (1912-2006) teria recomendado para elaboração de política monetária para a crise global de 2007-2009? Bernanke, em 2004, observou que “Friedman’s monetary framework has been so influential that, in its broad outlines at least, it has nearly become identical with modern monetary theory and practice.Este artigo de Edward Nelson analisa a resposta de política à crise financeira sob a perspectiva da abordagem do Milton Friedman:

"the purpose of the present paper is to discuss Friedman’s monetary framework with particular reference to his analysis of financial crises. In so doing, I aim to show that certain aspects of Friedman’s framework are consistent with recent monetary policy practice, yet do not coincide with the majority view underlying “modern monetary theory.” In particular, the manner in which key monetary and financial policy responses have departed from leading benchmarks in the monetary policy and banking literature can be understood by considering Friedman’s own departures from those benchmarks. I will concentrate on bringing out lesser-known aspects of Friedman’s monetary economics that provide a conceptual framework through which recent policy actions can be understood. Several elements of the policy response are either explicitly along lines that Friedman recommended, or are actions that have the practical effect of satisfying criteria that he laid out."

domingo, 26 de junho de 2011

Volta do Auto-Exílio

Pior do que o stress de ter que blogar é o stress de não fazê-lo. Neste período de inatividade, a má notícia é que Bill Easterly encerrou suas atividades no seu blog. O motivo de ambos foi mais ou menos mesmo, liberar energia para outros projetos mais rentáveis. Talvez seja o caso de, para blogar com maior regularidade, me transformar em um blogueiro progressista. Ou continuar esta aventura solitária apenas pelo prazer de fazê-lo. De qualquer forma, voltei.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Good and Historical Day: Bin Laden Está Morto



Bin Laden foi morto em Abbottabad, na região metropolitana de Islamabad, no norte do Paquistão. O mundo agradece.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Keynes vs. Hayek


Desta vez, com participação especial de Ben Bernanke. Sensacional!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Desagradável Aritmética Monetarista

Imagine um político que se considera semileigo em economia, outro considerado por muitos um grande mestre no assunto e um jornalista econômico de um jornal de grande circulação. Quando postos frente ao gráfico ao lado e perguntados sobre a relação entre moeda e preços, muito provavelmente demonstrarão a mesma perplexidade de um cidadão comum, sem nenhuma formação em economia.
- É claro que não há nenhuma relação entre estas duas variáveis, diz o articulista. Os dados falam por si: preços sobem e a oferta de moeda permanece constante. Se o governo quiser controlar preços e a taxa de inflação, deve fazê-lo com medidas heterodoxas, como congelamento de preços, e não elevando a taxa de juros.
- É mais do que evidente que os economistas ortodoxos estão errados quando querem independência do banco central, diz o semileigo. Nas fileiras do meu partido, os economistas entendem as evidências empíricas e não seguem esta cartilha neoliberal.
- Meu caro Clóvis, há muito tempo eu próprio venho alertando a Presidência da inconsistência da política econômica, diz o grande mestre. O problema está na teoria quantitativa da moeda, obsoleta desde David Hume. O que existe de fundamentalmente errado na teoria econômica atual é o excesso de matemática, que cega o economista à realidade dos fatos. Veja esta obsessão com o câmbio, por exemplo. Por que deixá-lo flutuar livremente quando esta política de juros altos, baseada na teoria quantitativa, provoca tantos danos à indústria nacional?
- Não vejo nenhuma relação, diz o cidadão comum.

Mas o tempo vai passando e novas observações empíricas são adicionadas ao nosso gráfico, que agora ficou assim. Os nossos heróis bem podem tê-lo entendido da seguinte maneira:
- Existe um caráter meramente aleatório na relação entre oferta de moeda e inflação, diz o articulista. Foi um leitor da minha coluna que me explicou isto.
- O que este gráfico nos diz é óbvio: os preços e a inflação começam a subir antes da oferta de moeda, diz o semileigo. É claro então que é a inflação que determina a oferta de moeda e, de acordo com o companheiro Mercadante, é mais um motivo para que devamos controlar os preços de forma direta. Aí sim é que a oferta de moeda estará sob controle. Fazer o contrário só causa recessão, sem efeitos sobre a taxa de inflação.
- Meu caro Clóvis, a economia está longe de ser uma ciência exata, diz o grande mestre. A relação entre moeda e inflação muda ao longo do tempo, de forma que nenhum modelo matemático consegue explicar. Keynes foi o maior economista do século XX e nunca se preocupou com estas bobagens matemáticas. O fato é que, com esta relação instável da política monetária com a taxa de juros e inflação, é um erro de proporções catastróficas deixar o câmbio apreciar desta forma. Keynes entendeu bem o problema da instabilidade monetária e sua relação com a armadilha da liquidez. Com toda esta liquidez internacional, deixar o câmbio flutuar é entrar na própria armadilha!
- Sei lá, diz o cidadão comum.

Em 1981 Thomas Sargent e Neil Wallace publicaram um importante artigo, que mostrou que em certas condições política monetária restritiva hoje causa maior inflação hoje. Os gráficos acima foram elaborados com base em uma versão muito simplificada do modelo original, mas que no entanto mantém o resultado original. Esta versão depende apenas de duas equações: o equilíbrio monetário e uma regra de política monetária. As equações são as seguintes:

- equilíbrio monetário (em log): (m_t - p_t) = -alpha*(p_t+1 - p_t)

- Regra de política monetária:

m_t = m0 para t = 1, 2, ..., n-1
m_n+i = m1 + gama*i para i = 0, 1, ...

Para os alunos das disciplinas de Tópicos Especiais de Macroeconomia e Economia Monetária II, uma proposta: os três primeiros alunos em cada disciplina que derivarem corretamente a trajetória do nível de preços, terão um indulto para a primeira prova da disciplina.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Controle de Armas Redux



Em decorrência da tragédia de Realengo, o governo reinicia a discussão sobre controle de armas. Desnecessária, a meu ver, visto que já houve uma consulta popular em 2005 que rejeitou o controle. Parece a velha estratégia política de forçar uma proposição que, mesmo sendo seguidas vezes derrotada, pode acabar sendo imposta por estar sempre na pauta de discussões.

Pode-se, no entanto, aprimorar o argumento de controle abrindo opções para nova consulta popular como a) permitir armas de fogo APENAS dentro de casa; b) permitir que as pessoas tenham armas de fogo em casa e que possam andar armadas nas ruas; e c) não permitir armas de fogo, que é a proposta de Adolfo Sachsida. A meu ver, o problema da proposta do Adolfo é legitimar neste momento de justa comoção uma nova tentativa de desarmar a população, correndo o risco de que não serão estes os termos da consulta.

Não custa lembrar que o desarmamento da população civil tem sido utilizado por governos opressivos, com objetivos menos nobres do que evitar acidentes ou impedir a realização de crimes:

"This year will go down in history. For the first time, a civilized nation has full gun registration. Our streets will be safer, our police more efficient, and the world will follow our lead." (Chancelor's Speech, 1935 by Adolf Hilter)

"Germans who wish to use firearms should join the SS or the SA, ordinary citizens don't need guns, as their having guns DOESN'T SERVE THE STATE." - HEINRICH HIMMLER

"All political power comes from the barrel of a gun. The communist party must command all the guns, that way, no guns can ever be used to command the party." -Mao Zedong

"One man with a gun can control 100 without one. ... Make mass searches and hold executions for found arms." --V.I. Lenin.

Por outro lado, o direito de carregar e manter armas de fogo pode ser entendido como um mecanismo de prevenção de tiranias:

"The Constitution shall never be construed to authorize Congress to prevent the people of the United States, who are peaceable citizens, from keeping their own arms." - Samuel Adams

"Americans need never fear their government because of the advantage of being armed, which the Americans possess over the people of almost every other nation." - James Madison

"Guard with jealous attention the public liberty. Suspect every one who approaches that jewel. Unfortunately, nothing will preserve it but downright force. Whenever you give up that force, you are ruined" - Patrick Henry

"The Constitution of the United States asserts that all power is inherent in the people; that they may exercise it by themselves; that it is their right and duty to be at all times armed." -Thomas Jefferson

"The right of the citizens to keep and bear arms has justly been considered as the safeguard of the liberties of a republic; since it offers a strong moral check against usurpation and arbitrary power of rulers; and will enable the people to resist and triumph over them." - U.S. Supreme Court Justice Joseph Story, 1833

Pode parecer um exagero invocar Hitler, Lenin e Mao para defender o porte de armas, mas mesmo que jamais tenhamos novamente regimes totalitários como o nazismo, comunismo e socialismo, chamar a atenção das características destes regimes tirânicos nos ajuda a impedir que tais eventos ocorram novamente mesmo em regimes menos opressivos.