quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Conseguirá o Brasil Evitar Sua Argentinização?

Para Sebastian Edwards, o mundo conseguiu evitar a "argentinização" ao longo da crise financeira. A Argentina, ao contrário, continua "argentinizando". Conseguirá o Brasil escapar desta maldição?

"But the most important question is what will happen in Brazil, Latin America’s giant. Over the past few years, analysts and investors around the world began to see Brazil as an economic power in the making. There was mention of a miracle, and many argued that Brazil would grow spectacularly like China and India, and no longer be the eternal country of “the future.” Unfortunately, everything suggests that this was an illusion based on wishful thinking.

Brazil’s boom of the past few years stood on an incredibly weak foundation. President Luiz Inácio Lula da Silva did indeed decide to avoid the rampant populism of Hugo Chávez of Venezuela, and successfully tackled inflation. But it takes more than that to become a great economic power.

What Lula did was simply to decide that Brazil would be a “normal” country. But more than controlled inflation is needed to create a robust economy with a high and sustainable growth rate. Agility, dynamism, productivity, and economic policies that promote efficiency and enterprise are required.

As many studies have shown, Brazil has not been able – or has not wanted – to adopt the modernizing reforms needed to promote a productivity boom. Brazil is still an enormously bureaucratic country, with an educational system in crisis, very high taxes, mediocre infrastructure, impediments to the creation of businesses, and a high level of corruption.

It is sad but true: in recent years Brazil did not opt for modernization and efficiency and will have to pay the consequences during the difficult years ahead".

Mr. Bernanke Explica Coordenação de Políticas de Bancos Centrais

Com o colapso dos mercados monetários internacionais, ação coordenada de BC's se fez necessária e o mecanismo utilizado é o de swaps cambiais (currency swaps). Mr. Benanke explica, em recente palestra no Banco Central Europeu:

"The emergence of dollar funding shortages around the globe has required a more internationally coordinated approach among central banks to the lender-of-last-resort function. The principal tool we have used is the currency swap line, which allows each collaborating central bank to draw down balances denominated in its foreign partner’s currency. The Federal Reserve has now established temporary swap lines with more than a dozen other central banks (The central banks include those in Australia, Brazil, Canada, Denmark, the euro area, Korea, Japan, New Zealand, Mexico, Norway, Singapore, Sweden, Switzerland, and the United Kingdom). Many of these central banks have drawn on these lines and, using a variety of methods and facilities, have allocated these funds to meet the needs of institutions within their borders."

Perry Mehring, da Columbia University, explica a economia destes swaps.

domingo, 16 de novembro de 2008

O Que Keynes Diria Sobre a Crise de 2008?

Ninguém sabe. Mas a citação abaixo mostra que ele era bem menos ingênuo que muitos de seus seguidores:

A sound banker, alas! Is not one who foresees danger and avoids it, but one who, when he is ruined, is ruined in a conventional and orthodox way along with his fellows, so that no one can really blame him.
John Maynard Keynes, “The Consequences to the Banks
of the Collapse in Money Values,” 1931

Crise Financeira: Desregulação ou Falha Regulatória?

Para Charles Calomiris, o argumento de desregulação não passa de um mito. Usando o caso da regra de capital da Securities Exchange Commission (SEC), ele conclui:

As for the SEC, if commissioners took on a massive burden in 2004 without realizing they had signed up to safeguard the world's financial system, then they overreached. But they certainly did not "deregulate."

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Bob Geldof Sobre a Crise





Cortesia de Martin Wolf e Dani Rodrik.

Muito Além do Jardim: O Papa é Meu Conselheiro Financeiro

Mr. da Silva, sobre seu encontro com Sua Santidade: "Eu pedi ao Papa que nos seus pronunciamentos ele fale da crise econômica, pois, se todo o domingo o papa der um conselhozinho, quem sabe a gente encontra mais facilidade para resolver o problema".

Sugestão para Mr. Paulson e Mr. Bernanke: acordem mais cedo no domingo e ouçam o conselhozinho. O mundo precisa!

It's a Mess!

Passadas seis semanas da aprovação do pacote de resgate de US$700 bilhões do Tesouro americano, Mr. Paulson, Secretário do Tesouro americano, já comprometeu US$290 bi. Entretanto, nada ainda foi feito em relação à supervisão independente para evitar fraude e desperdício de dinheiro público. Como disse Mr. Eric Thorson, inspetor geral do Tesouro:

"I don't think anyone understands right now how we're going to do proper oversight of this thing."

Adicionalmente, Mr. Paulson anunciou que o governo está abandonando a estratégia de resgate do sistema financeiro e "analisando" a possibilidade de modificar os esquemas de empréstimos a bancos, pois os mesmos não estão reestabelecendo crédito aos consumidores.

Ummm.....

Se a atual crise financeira foi causada por falha de supervisão na tomada de risco (lembre que as agências de risco atribuíram grau AAA para MBS's), como acreditar que a salvação se encontra em um governo que parece não ter a menor idéia do que está fazendo? Como ficam agora as interpretações de "falha de mercado" e as soluções "keynesianas", de gastar o dinheiro público, quando falhas de regulação e agora falhas de governo são cada vez mais evidentes?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Chegou a Hora de Comprar Ações?

Para John Cochrane, prof. de finanças da Universidade de Chicago, possivelmente sim. A evidência histórica mostra que quando a relação dividendos/preço está alta, o retorno nos próximos sete anos também está. Como dividendos são mais estáveis do que preços, isto sugere que preços de ações não seguem um random walk, coisa que ambos behavioristas e proponentes de mercados eficientes sabem. Como o índice S&P 500 já caiu 34% este ano, talvez tenha chegado o momento de comprar. O argumento completo está aqui.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sobre Galinhas Tupiniquins, Crise Financeira e Neoliberalismo

Galinhas são aves abundantes e pouco interessantes. Todo mundo já viu uma e sabe como elas são, mas poucos reconhecem as de uma variedade implume, que habitam a América do Sul e, a despeito de serem muito maiores que as galinhas normais e estarem entre nós, não passam de galinhas.

Em decorrência da evolução das espécies, os antepassados das aves são os dinossauros. Algumas espécies evoluíram para aves predadoras, como a águia; outras evoluíram para presas, como as galinhas. Uma das características mais marcantes que diferencia as presas dos predadores é a posição dos olhos: enquanto os predadores têm os olhos voltados para frente para identificar e focar seus alvos, as presas têm seus olhos postados lateralmente, para ampliar ao máximo sua amplitude visual e detectar mais facilmente a presença de perigo. Assim como as galinhas. Mas as galinhas ainda têm uma característica mais marcante: elas têm uma caixa craniana diminuta, um cérebro menor ainda e uma capacidade de entender o ambiente à sua volta idem.

A dificuldade que as galinhas têm de entender o ambiente à sua volta gera um comportamento eficiente, que permite a sobrevivência de sua espécie: elas entram facilmente em pânico. Como elas não conseguem entender o que acontece à sua volta, pequenas mudanças no ambiente lhes provocam uma sensação indescritível de pavor: uma folha de árvore caindo, uma sombra se mexendo ou mesmo a mudança do vento as faz entrar em pânico e sair correndo gritando. Este pânico é racional, pois seu cérebro diminuto as impede de distinguir rapidamente uma mudança natural do ambiente da presença de predadores. Galinhas em pânico têm uma forma eficiente de comunicação: quando uma sai correndo gritando, ao perceber a possibilidade de perigo, o melhor que as outras galinhas podem fazer é sair correndo gritando também. Além de avisar todas as outras, esta estratégia as torna uma refeição mais difícil para os eventuais predadores.

Vá o leitor até um galinheiro e pergunte a uma galinha quanto é dois mais dois. Diante da desfaçatez de sua presença e da complexidade de sua pergunta, todas elas entram em pânico. O mesmo ocorre com as galinhas tupiniquins que, a despeito do seu tamanho monstruoso e caixa craniana maior, ainda retêm a enorme dificuldade de interpretar o mundo à sua volta. Para a galinha tupiniquim, toda e qualquer mudança no ambiente é considerada como um sinal de perigo ao seu modus vivendi, embora algumas delas consigam, mesmo que lentamente, aprender a decodificar o ambiente. Poucos anos atrás, as galinhas tupiniquins saiam correndo e gritando “globalização, globalização”, para avisar as outras que também entravam em pânico. Como o bicho papão da globalização não se revelou o grande predador esperado e, pelo contrário, promoveu melhorias na qualidade de vida, inclusive das galinhas tupiniquins, várias delas aprenderam a lição e não mais se assustam com isso.

Agora, com a crise financeira de 2008, as galinhas tupiniquins estão novamente em pânico. Sem entender o que está acontecendo, elas estão divididas em vários grupos, todas correndo, mas gritando coisas diferentes. Tem o grupo das galinhas messiânicas que, em pânico, gritam os nomes de seus profetas: “Marx voltou” ou ainda “Keynes ressuscitou”, como se invocar os nomes dos profetas as protegesse dos perigos do mundo, assim como o crucifixo confere proteção contra os vampiros. Algumas galinhas messiânicas, acreditando em um processo Srafiano de “produção de bobagens por meio de bobagens”, ensinam às neófitas a importância de Marx para entender a crise, pois o profeta teria compreendido, com um século de antecedência, os perigos que a securitização e os derivativos representam. Outro grupo de galinhas tupiniquins, pouco dotadas de valores religiosos, ao primeiro sinal de perigo sai correndo e gritando: “O Estado vai nos salvar”, acreditando que as raposas – supostamente de boa índole - encasteladas no “Estado” não lhes farão mal algum. Um terceiro grupo corre e grita “é o mercado de novo”, pois acreditam na existência de um ser mítico que habita seus pesadelos: ele tem uma enorme mão invisível que irá decepá-las a qualquer momento. Mas nada apavora mais as galinhas tupiniquins do que aquilo que representa a soma de todos os medos, seu pior pesadelo. Quando as galinhas tupiniquins saem correndo e gritando “neoliberalismo”, elas estão à beira de um ataque cardíaco.

Um Bom Conselho ao Presidente Obama

O conselho é do Greg Mankiw.

Greg Mankiw's Blog: Memo to the POTUS-elect