segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quem se Beneficia da Crise Financeira?

Além de marxistas, keynesianos e a Máfia, lojas de produtos eróticos.

Nacionalização ou Pré-Privatização?

Greg Mankiw explica seu entendimento sobre a questão da nacionalização dos bancos americanos:

"Why are people scared about the idea of nationalization? One reason is that it is a sign of the depth of our problems. A second, more substantive reason is that it seems to point in a bad direction. I certainly do not want the government deciding who deserves credit and who does not, what kind of investments are worthy of financing and what kind are not. That is a big step in the direction of crony capitalism, where the politically connected get the goodies, and economic stagnation awaits the rest of us. If the government is to intervene in a big way to fix the banking system, "nationalization" is the wrong word because it suggests the wrong endgame. If banks are as insolvent as some analysts claim, then the goal should be a massive reorganization of these financial institutions. Some might call it nationalization, but more accurately it would be a type of bankruptcy procedure."

Mr. Doom Propõe Nacionalizar Bancos Americanos

Matthew Richardson e Nouriel Roubini argumentam que o problema com o Plano Geithner de constituir um banco ruim é muito pouco e muito tarde: ele assume que o sistema financeiro americano é solvente. Nacionalização seria a única opção para depurar o sistema e reestabelecer ordenadamente o fluxo de crédito:

"As free-market economists teaching at a business school in the heart of the world's financial capital, we feel downright blasphemous proposing an all-out government takeover of the banking system. But the U.S. financial system has reached such a dangerous tipping point that little choice remains. And while Treasury Secretary Timothy Geithner's recent plan to save it has many of the right elements, it's basically too late."


Todo o argumento está aqui.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Raposa Serra do Sol: Uma Solução Inglesa

Ronald Coase é inglês, Parceria Público-Privada é uma invenção inglesa. A combinação de duas idéias sensacionais (teorema de Coase e PPP) pode ajudar a resolver vários problemas em áreas indígenas, como a reserva Raposa Serra do Sol (RSS).

Problema do garimpo na RSS: O garimpo é uma atividade ilegal na RSS, que envolve a participação de indígenas e não-indígenas, brasileiros e estrangeiros (por ser região fronteiriça). O garimpo envolve dissipação de recursos e danos ambientais, algo que pode ser controlado com a permissão de operação de mineradoras, que tem CNPJ, fazem uso de melhor tecnologia e estão sujeitas à legislação ambiental. O teorema de Coase clama por melhor definição de direitos de propriedade e redução de custos de transação. Conceder direitos exclusivos de exploração de recursos minerais a mineradoras cria valor e é eficiente sob o ponto de vista de geração de riqueza. Como apropriar a riqueza criada entre indígenas, o setor público (governo federal e estadual) e o setor privado (firmas mineradoras) é um problema que pode ser resolvido com a implementação de uma parceria indígena-público-privada (PIPP), onde a concessão à exploração dos recursos minerais pode ser feita de forma a maximizar a criação de riqueza respeitando direitos indígenas, como a garantia de seus direitos de decisão e apropriação de parcela do valor criado, provendo ainda uma lucratividade apropriada ao parceiro privado, sob o controle e fiscalização do setor público. Para tal, basta a regulamentação inteligente do artigo 231 da Constituição Federal.

A Construção da Hidroelétrica do Rio Cotingo: Para alavancar a criação de riqueza na região, com geração de energia elétrica, a mesma solução pode ser buscada, ou seja, a concessão da usina via PIPP.

Atividade de agronegócios: Novamente, é possível, via PIPP permitir a criação de riqueza. Os indígenas poderiam arrendar (quero enfatizar, os direitos de decisão são deles) suas terras para cultivo de alta produditividade. Isto elimina os atuais conflitos entre indígenas e rizicultores, compartilhando os ganhos entre os dois grupos. PIPP pode ser o mecanismo para que, com o controle e supervisão legal, seja possível a criação de riqueza com eliminação de conflitos decorrentes de má definição de direitos de propriedade.

Existe ainda a questão de custos de transação provenientes da sobreposição de autoridades regulatórias. Cabe ao governo federal, visando a implementação das diversas PIPP, designar uma força tarefa com o propósito de mitigar os conflitos regulatórios.

Espero que o STF tenha a expertise necessária de Law & Economics para entender o problema sob a ótica da criação de riqueza e redução de conflitos, pois sua decisão sobre RSS provavelmente sairá ainda em 2009.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Quem se Beneficia da Crise Financeira?

Aqui no Brasil, marxistas e keynesianos. Uns, profetas apocalípticos; outros convertidos ao socialismo, pois apregoam aumentos permanentes de gastos públicos. Já na Itália, a Máfia:

"It seems that the global recession and the subsequent tight lending conditions are throwing up all sorts of opportunities for ‘alternative’ lending institutions in the wider economy. The radio programme ‘From Our Own Correspondent’ (bbc) (see podcast FOOC) reported on one group benefiting handsomely from the current turmoil – the Italian mafia. The report comes from Naples, a bustling southern Italian city that sits below the famous and picturesque Mt. Vesuvius – infamous for the people in Pompeii. Of late, the southern mafia (camorra) have never had it so good. Due to the credit drought in Europe, the Italian mafia’s lending activities, have earned them an estimated $200 billion profit this last year – 6% of the country’s GDP."

Como alguém já disse antes, crise é a soma de perigo e oportunidade!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Coming Soon

Mr. Geithner Anuncia o Plano de Estabilização Financeira

E o anúncio foi mal recebido pelo mercado. Motivo: Falta de informação sobre detalhes. As principais iniciativas do plano são: uma nova rodada de injeções de capital em bancos, com custo estimado de US$100 bi a US$200 bi, a constituição de um banco ruim (bad bank), cujo objetivo é retirar do sistema financeiro os ativos tóxicos, podendo custar de US$100 bi a US$1 tri e o programa do Fed de criação de crédito ao consumidor, que pode custar algo entre US$100 bi a US$1 tri. O problema é que o diabo está nos detalhes. Em particular, como precificar os ativos tóxicos, pois ninguém sabe seu valor e eles sequer estão sendo negociados. Se o preço estabelecido for muito baixo, bancos não irão vendê-los sob pena de grave redução de seus patrimônios líquidos, se for muito alto, o custo para o contribuinte será politicamente inaceitável.

O plano pode ser lido aqui.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Robert Higgs Sobre o Estímulo Fiscal

Mr. Higgs tem um estilo direto e contundente:

"Federal intervention rests on the presumption that officials know how to manage the economy and will use this knowledge effectively. This presumption always had a shaky foundation, and we have recently witnessed even more compelling evidence that the government simply does not know what it's doing. The big bailout bill enacted last October; the Federal Reserve's massive, frantic lending for many different purposes; and now the huge stimulus package all look like wild flailing – doing something mainly for the sake of being seen to be doing something – and, of course, enriching politically connected interests in the process."

Gary Becker e Kevin Murphy Sobre o Estímulo Fiscal

O multiplicador pode ser menor do que o esperado, os gastos podem não ser temporários, podem não ter uma relação favorável de benefício/custo e devem ser financiados ou com aumento de endividamento ou aumento de impostos. Em suma, não existe almoço grátis nem para o estímulo fiscal. O argumento completo está aqui.

Uma Sutil Diferença Entre a Grande Depressão e a Crise Atual

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Governo Americano Causou a Crise Financeira

É o que diz John Taylor. Foi uma sucessão de políticas erráticas e equivocadas e não falhas de mercado ou a instabilidade natural da economia. Taylor argumenta ainda que intervenções em grande escala podem piorar a situação, caso não sejam baseadas em diagnósticos adequados nem em uma abordagem previsível e crível para a ação de governos.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Lord Keynes e o Keynesianismo Brasileiro

Bom artigo do Pedro Malan, no Estadão. Vale a pena reproduzi-lo na íntegra:

Respostas à crise: o uso de Keynes

Pedro S. Malan

""Nunca a conjuntura foi tão pouco conjuntural" (André Lara Resende). O que é uma forma de dizer: há que ter senso de perspectiva quando se está em meio a uma crise econômica global do tipo que só ocorre em intervalos que se contam em décadas. Perspectiva não apenas para entender melhor como chegamos à situação atual, ver se há algo para aprender com as experiências de resolução de crises pretéritas; reavaliar como está o resto do mundo. Como também - e tão ou mais relevante - para olhar adiante, sabendo que "o que mais importa agora" é responder adequadamente à crise - o que exige um mínimo de perspectiva.

Relevância e urgência seriam razões suficientes para voltar ao tema de meu artigo anterior neste espaço (Respostas à crise e o crescimento). Há outras, que têm que ver com o uso, a meu juízo, indevido, que se vem fazendo entre nós das ideias do maior economista do século passado (J. M. Keynes) para defender um determinado tipo de resposta do Brasil à grave crise atual, com referência à forma como teria sido superada a crise dos anos 1930 - a mais grave até hoje conhecida e tema de revigorado debate entre os que buscam lições do passado para exigências do presente.

As situações e as respostas de hoje por certo não são nem poderiam ser as mesmas que as de quase 80 anos atrás. Entre 1929 e 1933, por exemplo, o PIB norte-americano declinou, em termos nominais, em mais de 50%, divididos quase meio a meio entre queda real e deflação (queda de preços). O desemprego nos EUA quando Roosevelt iniciou seu governo (março de 1933) chegava a 25% da força de trabalho. E, apesar do New Deal, houve uma recessão intensa nos EUA entre março de 1937 (início do segundo mandato de Roosevelt) e maio de 1938, contribuindo para que o nível do PIB nominal que os EUA haviam alcançado em 1929 só fosse superado em 1940, um ano após o início da 2ª Guerra Mundial.

Keynes tinha convicção sobre a crucial importância da recuperação da economia dos EUA para o resto do mundo. Instado por amigos americanos, escreveu bela carta a Roosevelt em dezembro de 1933. Convidado pela Universidade de Columbia, visitou os EUA em maio de 1934 e por três semanas, em contatos com empresários, financistas, políticos e altos funcionários da administração, inclusive com o próprio Roosevelt. Na sua principal palestra pública nessa viagem abordou o tema da retomada à luz de duas perguntas básicas: que medidas podem ser adotadas para acelerar o retorno à normalização das atividades empresariais? Em que escala, por meio de que expedientes e por quanto tempo são recomendáveis níveis anormais de dispêndio governamental?

Keynes argumentou que a confiança empresarial estava "singularmente escassa" e sugeria que por "pelo menos seis meses e provavelmente um ano" a retomada dependeria fundamentalmente dos estímulos supridos pelas autoridades na forma de gastos emergenciais. E insistiu na necessidade de aumentar a efetividade das políticas de retomada do crescimento em cinco áreas: investimentos em habitação, ferrovias e "utilities"; reabertura do mercado de capitais; redução da taxa de juros de longo prazo e manutenção da política cambial que fixara uma nova relação (desvalorizada em quase 60%) entre o dólar e o ouro, que prevaleceu até 1971.

É importante notar, para propósitos do debate atual, que Keynes falava em "problemas de ignição", em gastos governamentais temporários, emergenciais, contracíclicos, como se diz hoje. E escreveu na carta a Roosevelt: "No segundo capítulo desta história, os dispêndios do governo podem ser reduzidos à medida que o setor privado retome seu papel."

Mas o fato é que muitos, no mundo de então, e de hoje, viram, e veem, a sugestão de Keynes para sair da Depressão como uma "parte permanente do mecanismo de preservação da demanda". Vale citar a explicação de Keynes em correspondência (de 1934) dirigida ao chefe da Divisão de Pesquisa e Planejamento da National Recovery Administration: "A minha teoria (ênfase no original) é a mesma seja o dispêndio realizado pelo governo ou pelo setor privado... apenas no evento de uma transição para o socialismo alguém deveria esperar que o dispêndio governamental desempenhasse o papel predominante de forma mais permanente."

Keynes escreveu novamente a Roosevelt em fevereiro de 1938, com os EUA de novo em recessão. Além de advogar a sua já conhecida prescrição de aumento de obras públicas, especialmente em serviços públicos de infraestrutura (nos quais via as políticas recentes da administração como inibidoras do investimento privado), Keynes também sugeria que a administração Roosevelt adotasse um conjunto diferente de atitudes (mais positivas) para com o investimento privado.

Roosevelt encaminhou a carta a seu secretário do Tesouro, que respondeu a Keynes de forma lacônica. Este replicou em março de 1938 com as seguintes palavras: "... Você precisa ou dar mais encorajamento ao setor empresarial ou assumir mais de suas funções você mesmo... suas políticas recentes parecem presumir que você tem mais poder do que efetivamente dispõe." Sábio conselho, que retém surpreendente atualidade no mundo de hoje.

Estas longas digressões me vêm à mente ao ver com frequência, no nosso debate atual, o nome de Keynes, suas ideias e sua Teoria Geral... utilizados para justificar aumentos de gastos permanentes e recorrentes do governo, como contratação de pessoal, aumento de salários públicos, custeio de toda ordem, como se fossem gastos contracíclicos de inspiração keynesiana, destinados não só a responder à crise atual, como a assegurar, de forma permanente, níveis adequados de demanda efetiva e apropriados estímulos ao investimento. Uma postura que torna mais difícil alcançar o objetivo de redução (crível) da taxa de juros reais de longo prazo, tão necessária - entre outras coisas - ao crescimento sustentado da economia brasileira."

Pedro S. Malan, economista, foi ministro da Fazenda no governo FHC E-mail: malan@estadao.com.b

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Crise Financeira: O Que o Registro Histórico Pode nos Dizer?

Considerando grandes crises financeiras de países desenvolvidos bem como crises de mercados emergentes, Reinhart e Rogoff levantam as seguintes regularidades (em média):

- Crises financeiras não duram para sempre, sendo que as taxas negativas de crescimento duram apenas dois anos,

- Preços de imóveis tendem a declinar 36% (em termos reais), sendo que o período do pico para o vale é de cinco a seis anos,

- Preços de ações tendem a cair 55% (em termos reais), sendo que o período do pico para o vale é de três anos e meio,

- Desemprego tende a piorar em dois anos e permanecer elevado por pelo menos cinco anos. A taxa média de aumento do desemprego é de sete pontos percentuais.

- A dívida pública tende a aumentar 85% em termos reais nos primeiros três anos da crise.

Se o registro histórico servir para alguma coisa e estas regularidades captarem impactos dos elementos comuns às crises financeiras, esta crise global representa uma oportunidade, para países desenvolvidos, de reestruturar seus sistemas financeiros de forma a retirar risco excessivo e restaurar confiança nos seus sistemas; para países de mercados emergentes, uma oportunidade singular de fazer reformas estruturais (fiscal, tributária, previdenciária, educacional, etc.) para amenizar os impactos negativos da crise, visto que tais reformas são improváveis de acontecer em tempos de bonança.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Madrugada dos Mortos

O governo federal ensaia ressussitar mais uma estatal-zumbi, a Telebrás. O argumento é o do interesse público, obviamente. Mas o que se pode esperar mesmo é aumento de gastos públicos e centenas de empregos para companheiros e amigos do governo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Economia da Cultura: Como uma Recessão Afeta Nossas Vidas

Belo artigo de Tyler Cowen. Em uma recessão, as pessoas gastam menos com viagens, álcool e cigarro e começam a gastar tempo com lazer barato, como caminhar. Além disso, comem mais em casa em vez de sair para comer fast food. O resultado disto é que quando a taxa de desemprego aumenta, a taxa de mortalidade cai!