Considerando grandes crises financeiras de países desenvolvidos bem como crises de mercados emergentes, Reinhart e Rogoff levantam as seguintes regularidades (em média):
- Crises financeiras não duram para sempre, sendo que as taxas negativas de crescimento duram apenas dois anos,
- Preços de imóveis tendem a declinar 36% (em termos reais), sendo que o período do pico para o vale é de cinco a seis anos,
- Preços de ações tendem a cair 55% (em termos reais), sendo que o período do pico para o vale é de três anos e meio,
- Desemprego tende a piorar em dois anos e permanecer elevado por pelo menos cinco anos. A taxa média de aumento do desemprego é de sete pontos percentuais.
- A dívida pública tende a aumentar 85% em termos reais nos primeiros três anos da crise.
Se o registro histórico servir para alguma coisa e estas regularidades captarem impactos dos elementos comuns às crises financeiras, esta crise global representa uma oportunidade, para países desenvolvidos, de reestruturar seus sistemas financeiros de forma a retirar risco excessivo e restaurar confiança nos seus sistemas; para países de mercados emergentes, uma oportunidade singular de fazer reformas estruturais (fiscal, tributária, previdenciária, educacional, etc.) para amenizar os impactos negativos da crise, visto que tais reformas são improváveis de acontecer em tempos de bonança.
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4 comentários:
Caro Ronald, obrigado pela indicação de leitura! Interessante o artigo.
Fiquei com uma dúvida: por que você afirma que é improvável que reformas estruturais sejam realizadas em épocas de bonança?
Um pouco de observação empírica e um pouco de teoria. Nos EUA, enquanto a bolha do mercado imobiliário estava inflando, banqueiros, mutuários e governo estavam todos contentes. Para que então reformar o sistema financeiro e retirar o excesso de risco? No Brasil, a prosperidade internacional dos anos 2000 alavancou a taxa de crescimento do país. Se está tudo indo bem, para que fazer reformas?
Sobre a teoria: Fazer reformas econômicas significa afrontar grupos de interesse encastelados. o ônus político de curto prazo pode ser grande e, quando a economia vai bem, o benefício esperado de curto prazo pode ser menor. Aqui o curto prazo é relevante por causa da estrutura de incentivos do mundo político. Por outro lado, quando a economia está em crise, o benefício esperado de curto prazo de reformas pode ser substancialmente maior do que o custo das reformas. tirar o país de uma crise rende dividendos políticos.
Entendi, obrigado!..
Penso que há uma divergência apenas no caso de uma reforma tributária, especificamente. Seria melhor realizá-la num período de maior crescimento econômico (e aumento da arrecadação), para minimizar os riscos da reforma sobre o equilíbrio das contas públicas, certo?
Neste caso, o Brasil teria desperdiçado, nos últimos anos, uma ótima chance de realizar esta reforma que já é urgente faz muito!
O enterro dos coveiros..
De regra o bem estar social não em períodos de crescimento e grande circulação monetária acaba sendo encobrido, prinpalmente pela mídia.
Assim, em épocas de crise com o desemprego em alta, existe sim um maior risco de sonegação em busca de não baixar a qualidade de vida do gerador de riquesas. Desta forma, de grande valia a reforma tributária em tempos de crise, visando equilibrar a relação entre contribuinte e Estado, minimizando o dano economico através da tributaçao...
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