segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Grande Demais Para Prender


Não pude resistir...

A Volta da Bolha Assassina


A bolha assassina, na forma da doutrina do "banco grande demais para quebrar"(TBTF - too big to fail), reduz os impactos da política monetária sobre o canal de crédito e sobre a atividade econômica, impedindo uma rápida estabilização da economia. Richard Fisher e Harvey Rosenblum, do Fed de Dallas explicam. Se a existência da bolha assassina já é danosa para a economia, seu crescimento, como o previsto pelo novo plano do Tesouro americano de designar mesmo instituições financeiras não bancárias como "sistemicamente importantes", é aterrorizante, como explica Paul Volcker, ex-presidente do Fed.

P.S. Scott Sumner discorda da análise de Fisher e Rosenblum. Nada como uma voz dissonante que enriquece o debate.

domingo, 27 de setembro de 2009

Governo Cubano Faz Importante Descoberta

Depois de décadas de pesquisas de laboratório, usando a população inteira do país como cobaia dos experimentos, governo cubano chegou à conclusão de que a hipótese de que não existe almoço grátis é estatisticamente diferente de zero com grau de confiança de 99,99%.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Por Que (Quase) Todos os Políticos São Keynesianos?

Pedro Albuquerque, do Incentives Matter, responde:

"It should not be surprising however that both liberals and conservatives, especially when given political power, love Keynes. Both ideologies nurture deep beliefs in the infallibility of government intervention and the fallibility of markets, beliefs however that are at the core of the failures of Keynesianism. That Keynes didn't know much about modern public choice is understandable. That contemporary conservatives and liberals however willingly choose to ignore it is unacceptable, something that can only be explained by modern public choice science itself: these beliefs are simply the result of the self-serving search for power and control in politics (although it could be argued that there are also deeply rooted religious factors behind this fatal attraction for Keynesian ideas).

Besides all that, Keynesianism has never been really discarded when it comes to policy making, despite all the advances in macroeconomics after Keynes. It makes absolutely no sense therefore to say that we should return to Keynesian economic policies, as if we have ever really abandoned them. Politics and Keynesianism is a marriage made in hell."

The Economist Discute os Multiplicadores

O artigo é da seção Economic Focus. Além desta discussão, a The Economist lista alguns dos papers mais importantes sobre o assunto. Questão quente para alunos de pós-graduação em busca de temas para teses e dissertações.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Falhas de Governo

Um governo corrupto, incompetente e ineficiente. Soa familiar? Mas desta vez não é sobre o governo brasileiro. Jeffrey Sachs discorre sobre o governo americano.

Economics One

É o novo blog do John Taylor. A respeito da controvérsia sobre a "falência da teoria macroeconômica", iniciada pelo Paul Krugman, Taylor comenta:

"In my view, the financial crisis does not provide any evidence of a failure of modern economics. Rather the crisis vindicates the theory. Why do I say this? Because the research I have done shows that the crisis was caused by a deviation of policy from the type of policy recommended by modern economics. It was an interventionist deviation from the type of systematic policy that was responsible for the remarkably good economic performance in the two decades before the crisis. Economists call this earlier period the Long Boom or the Great Moderation because of the remarkably long expansions and short shallow recessions. In other words, we have convincing evidence that interventionist government policies have done harm. The crisis did not occur because economic theory went wrong. It occurred because policy went wrong, because policy makers stopped paying attention to the economics."

Impactos Macroeconômicos de Impostos e Compras do Governo

Do último artigo de Robert Barro e Charles Redlick:

"For U.S. annual data that include WWII, the estimated multiplier for defense spending is 0.6-0.7 at the median unemployment rate. There is some evidence that this multiplier rises with the extent of economic slack and reaches 1.0 when the unemployment rate is around 12%. Multipliers for non-defense purchases cannot be reliably estimated because of the lack of good instruments. For samples that begin in 1950, increases in average marginal income-tax rates (measured by a newly constructed time series) have a significantly negative effect on real GDP. Increases in taxes seem to reduce real GDP with mainly a one-year lag due to income effects and mostly a two-year lag due to substitution (tax-rate) effects. Since the defense-spending multiplier is typically less than one, greater spending tends to crowd out other components of GDP. The largest effects are on private investment, but non-defense purchases and net exports tend also to fall. The response of private consumer expenditure differs insignificantly from zero. "

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Quão Grandes são os Multiplicadores de Dispêndio?




As decisões de consumo das famílias são melhor descritas pelo modelo de renda permanente do Milton Friedman e pelo modelo de ciclo de vida de Franco Modigliani ou pela teoria da função consumo keynesiana? Qual é o impacto, até agora, do pacote fiscal de estímulo econômico do governo Obama? John Cogan, John Taylor e Volker Wieland oferecem evidências empíricas de que a macroeconomia moderna (neoclássica, de expectativas racionais) é a que melhor explica os dados.

"Incoming data will reveal more in coming months, but the data available so far tell us that the government transfers and rebates have not stimulated consumption at all, and that the resilience of the private sector following the fall 2008 panic--not the fiscal stimulus program--deserves the lion's share of the credit for the impressive growth improvement from the first to the second quarter. As the economic recovery takes hold, it is important to continue assessing the role played by the stimulus package and other factors. These assessments can be a valuable guide to future policy makers in designing effective policy responses to economic downturns."

Keynes: O Retorno do Mestre

Greg. Mankiw comenta o novo livro de Robert Skidelsky, o biógrafo "oficial" de John Maynard Keynes, no WSJ.

"Keynesian theory is based in part on the premise that wages and prices do not adjust to levels that ensure full employment. But if recessions and depressions are as costly as they seem to be, why don't firms have sufficient incentive to adjust wages and prices quickly, to restore equilibrium? This is a classic question of macroeconomics that, despite much hard work, is yet to be fully resolved.

Which brings us to a third group of macroeconomists: those who fall into neither the pro- nor the anti-Keynes camp. I count myself among the ambivalent. We credit both sides with making legitimate points, yet we watch with incredulity as the combatants take their enthusiasm or detestation too far. Keynes was a creative thinker and keen observer of economic events, but he left us with more hard questions than compelling answers."

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Que Há de Errado Com a Macroeconomia?

Desde o artigo do Paul Krugman, comentado aqui, o debate vem esquentado. Mark Thoma faz um levantamento das manifestações. Este debate é importante pois pode mudar a maneira como se faz teoria macroeconômica e pesquisa nesta área, sem falar na disposição de financiá-las. Minha pergunta então é: Este debate acirrado existe pois os economistas estão em busca da "verdade" ou trata-se de buscar manter ou realocar verba de pesquisa? Estas duas possíveis fontes da tensão do debate levam a ações observacionalmente equivalentes ou podemos inferir dos comentários o que está em jogo?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Desafios Para o Mundo Pós-Crise

A magnitude dos déficits fiscais das principais economias do planeta criados para lidar com a crise levaram a uma situação delicada: na ausência de maior disciplina fiscal no futuro próximo, as únicas formas de conter a explosão das dívidas públicas são sua monetização - maior inflação - ou calote. O maior desafio das autoridades monetárias será prover um ambiente macroeconômico estável com inflação baixa, na presença de enormes dificuldades fiscais. Carlo Cotarelli e José Viñals explicam.

Enquanto Isto, Faltam Investimentos

Sem investimento, não há crescimento. Sem crescimento econômico, não haverá bolsa-família o suficiente para resolver os problemas de pobreza!

Reestatização Em Curso

Além do pré-sal, avançam medidas reestatizantes em vários setores da economia. O país corre o risco de perder as melhorias institucionais da década passada, que proporcionaram maior estabilidade macroeconômica e um ambiente econômico mais propício aos negócios.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Number Nine, Number Nine, Number Nine...


Hoje, 09/09/09, um grande evento.

Como Fazer o Bem Com o Dinheiro dos Outros

Milton Friedman explica. O vídeo sobre as quatro maneiras de gastar dinheiro é de baixa qualidade, mas vale a pena ser visto. O link é este aqui.

Como é Bom Gastar o Dinheiro dos Outros .....

com os outros. Nada como poder ir ao shopping, comprar à vontade e gastar o dinheiro de terceiros. Melhor ainda quando se trata de dezenas de bilhões de Reais. Nada contra reequipar as Forças Armadas, mas certas coisas exigem planejamento de longo prazo e não simplesmente "impulso de compras". Sequer os militares foram devidamente consultados, de acordo com a matéria do Estadão:

"E nem se pode dizer que os acordos e compromissos até aqui assumidos permitirão ao Brasil dar um salto tecnológico nas áreas de produção de sistemas avançados de armas, que coloquem o País como líder incontestável da região. O compromisso de compra dos Rafale, por exemplo, foi feito de afogadilho. "Os nossos companheiros trabalharam até quase as 2 horas. Eu nem sequer tive tempo de fazer reunião com o ministro da Defesa para discutir com profundidade", confessou o presidente Lula. O comandante da Aeronáutica, ao que parece, ficou sabendo de tudo no final do expediente, pois os militares foram excluídos do processo de decisão. De fato, essa decisão nem mesmo constava do texto da declaração conjunta assinada pelos dois presidentes. Foi acrescentada, em folha avulsa, depois que o presidente Sarkozy manifestou a intenção - apenas isso - de comprar dez aviões cargueiros de um modelo que a Embraer ainda está projetando. Vivo fosse, o general De Gaulle diria que este ainda não é um país sério."

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Salvando o Capitalismo dos Capitalistas

Tudo bem, é o título do post do Mankiw. Mas o título original é do livro do Luigi Zingales e Raguram Rajan, referência na minha disciplina de Economia Monetária II. O link direto para o artigo do Zingales "Capitalism After the Crisis" é este aqui.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Avanço do Atraso

O atual governo federal vem promovendo políticas que minam tanto a estabilidade macroeconômica duramente conquistada na última década quanto as perspectivas de crescimento econômico de longo prazo. São quatro as contrarreformas: uma fiscal, uma previdenciária, uma outra do Estado e uma trabalhista. Em importante artigo do Gustavo Loyola. Com diz o Estadão, está se criando uma herança maldita.

sábado, 5 de setembro de 2009

Paul Krugman Sobre a Falência da Macroeconomia

Bom artigo do Paul Krugman, no NYT. Melhora ainda com este complemento. Alguns pontos merecem maior reflexão, no entanto. É verdade que poucos economistas de mainstream previram esta crise, mas isto não me parece uma crítica sólida à teoria macroeconômica, nem ao menos representa uma vantagem dos keynesianos ortodoxos: Diz-se que estes previram dez das últimas três crises. Tal qual os profetas do apocalipse, acreditam que a correção de suas previsões é demonstrada pela quantidade de vezes em que estiveram errados. Nem tampouco o próprio Paul Krugman tem o mérito de ter previsto esta crise. Mas isto é, como se diz, café pequeno.O que talvez Krugman tenha subestimado é a diferença entre informação pública e informação privada. Em macroeconomia, economistas trabalham com dados agregados (nem sempre) e publicamente disponíveis. Raramente um analista tem a mesma informação privada que um practitioner tem quando toma suas decisões. Muitas vezes nem mesmo os practitioners têm toda informação relevante quando tomam decisões. É claro aqui que temos o problema de informação assimétrica, que é o tratamento analítico que economistas convencionais dão a problemas de bolhas de ativos e crises financeiras. Economistas convencionais não são tão cegos assim a problemas do "real world", como Krugman sugere.

Outro problema do argumento do Krugman diz respeito à importância de comportamentos irracionais. Assumir a existência de irracionalidade não nos permite prever tais comportamentos, pois afinal existem inúmeras maneiras de se comportar irracionalmente. A nota complementar do Krugman citada acima, já corrige o erro: "Actually, let me put it this way: the economy is a complex system of interacting individuals — and these individuals themselves are complex systems. Neoclassical economics radically oversimplifies both the individuals and the system — and gets a lot of mileage by doing that; I, for one, am not going to banish maximization-and-equilibrium from my toolbox." Talvez o mais correto na linha de argumentação do Krugman teria sido afirmar que comportamento racional individual não é fundamento suficiente para racionalidade coletiva, argumento este já feito por Mancur Olson décadas atrás. Problemas de coordenação, custos de transação, assimetria de informação e incentivos políticos permeiam a atividade econômica e tornam o quadro muito complexo para que modelos simples possam capturar corretamente todas as dimensões relevantes do problema. Isto não é um problema da macroeconomia em si, mas um problema geral de aplicar modelos simples ao entendimento de sistemas complexos.

Outro argumento do Krugman é que economistas convencionais ignoraram a possibilidade de existência de crises em seus modelos. Uma interpretação mais crítica é que isto equivale a criticar médicos por não terem previsto e preparado a vacina contra a gripe H1N1 antes de sua eclosão. Neste caso, o fato importante é que, dada a sua eclosão, o conhecimento em medicina permitiu a fabricação de vacinas, assim como o conhecimento em teoria macroeconômica permitiu a atenuação da crise, evitando que esta se transformasse em uma nova Grande Depressão. Uma interpretação mais simpática, que eu endosso, é que alguns economistas (em macroeconomia, em particular), dado o sucesso relativo de políticas econômicas liberais dos últimos vinte anos, desconsideraram a possibilidade de crises e reversões de política, fazendo as perguntas erradas. Os resultados dos modelos dependem obviamente do que se pretende obter deles.

No entanto, as críticas de Krugman à macroeconomia convencional não tornam sua interpretação da crise necessariamente correta: ele tem uma fé exagerada tanto nos multiplicadores do dispêndio quanto na capacidade de governos de tomar decisões corretas. Da mesma forma que acusa a macroeconomia convencional de ignorar aspectos relevantes da realidade, ele também pode ser acusado do mesmo pecado ao ignorar as contribuições de Escolha Pública e Economia Institucional.

Finalmente, minha crítica à macroeconomia é não dar a devida atenção às restrições que operam sobre o conjunto possível de ações de política. A análise macroeconômica pode ser feita em três níveis: políticas, regimes e instituições. Regimes de política restringem as escolhas de política macroeconômica (regime de metas de inflação, por exemplo), enquanto que instituições restringem a escolha de regimes (populismo impede a adoção com sucesso do regime de metas de inflação, socialismo impede a adoção de mercados organizados, má definição e enforcement de direitos de propriedade pioram as perspectivas de crescimento econômico de longo prazo, etc.). O conhecimento do impacto de instituições sobre a atividade macroeconômica é essencial para entendermos melhor os efeitos da adoção de determinados regimes e políticas econômicas, mas este argumento ainda não faz parte do arsenal do macroeconomista convencional. Mesmo o Krugman deve saber, de sua própria experiência, que é muito difícil dominar as contribuições de várias áreas do conhecimento. Mais difícil ainda é combiná-las para aumentar o poder explicativo e preditivo da ciência.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Impactos do Estado de Direito: Francenildo Somos Todos Nós


De acordo com este ótimo artigo de Demétrio Magnoli, o Judiciário adota o paradigma do Executivo, expresso por Lula: no Brasil, o Estado distingue os "homens incomuns" dos "homens comuns".

Trata-se de uma flagrante violação do Estado de Direito, ou Rule of Law. Sob o Estado de Direto, todos estão sujeitos à regra da lei, independentemente de serem amigos do presidente, do partido do presidente ou ele próprio. Não se trata apenas de uma questão de ordem moral ou de justiça, mas tem também significativa importância sobre o bem estar da sociedade, como medido pela renda per capita. Não fosse apenas isto, a adesão ao Estado de Direito tem também impacto sobre a sobrevivência da democracia. Do artigo Rodrik e Rigobon (2004):

"We find that democracy and the rule of law are both good for economic performance, but the latter has a much stronger impact on incomes. ... Rule of law and democracy tend to be mutually reinforcing."

Dá para entender por que não conseguimos crescimento econômico maior do que taxas medíocres?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Futuro do Brasil

A Tragédia dos Comuns da Tributação e Transferências Governamentais

Nada como um pouquinho de lógica econômica para desfazer mitos que os políticos adoram. E o Alex o faz de forma hilariante. O argumento lembra uma versão simplificada do artigo "Public Policies, Pressure Groups, and Dead Weight Costs" de Gary Becker, onde ele conclui:

"Powerful groups can secure the implementation of policies that benefit them while reducing social output, and can thwart policies that harm them while raising output".

Qualquer semelhança com políticas públicas no Brasil não é mera coincidência!