domingo, 24 de junho de 2012

Rio+20: Um Fracasso Histórico?

Esta parece ser a perspectiva de Jagdish Bhagwati:

"If George Orwell were alive today, he would be irritated, and then shocked, by the cynical way in which every lobby with an axe to grind and money to burn has hitched its wagon to the alluring phrase “sustainable development.” In fact, the United Nations’ Rio+20 Conference on Sustainable Development is about pet projects of all and sundry – many of them tangential to the major environmental issues, such as climate change, that were the principal legacy of the original Rio Earth Summit."

domingo, 17 de junho de 2012

A Origem do Estado: Expropriação e Transparência da Atividade Econômica

Interessante artigo que argumenta que a origem do estado está relacionada ao surgimento da agricultura, que torna a atividade econômica mais visível (e expropriável). Embora este argumento não seja novo, vale a pena ler o artigo pela boa mistura de teoria e história econômica.

"We propose a general theory that explains the extent of the state and accounts for related institutions as byproducts of the state’s extractive capacity. We posit further that this capacity is determined by the transparency of the production technology. First, we apply our proposed theory in identifying the link between the Neolithic Revolution and the emergence of the state. We argue that the common explanation that emphasizes the availability of food surplus is flawed, for it ignores Malthusian considerations. In contrast, we suggest that what led to the emergence of the state was the greater transparency of farming. Second, we show that variations across regions in the transparency of the production processes can explain differences in institutions, such as land tenure, and in the scale of the state. We then apply our theory to explain the institutional features that distinguished ancient Egypt from ancient Mesopotamia."

Cartão de Crédito Karl Marx


Existem coisas que o dinheiro não pode comprar. Especialmente quando a propriedade privada é abolida.

Membros da Vanguarda acumulam o dobro de pontos.

Aproveite os benefícios do determinismo histórico: crédito pré-aprovado, taxas de juros pré-determinadas e parcelamento automático.

Programa especial "Participação e Solidariedade" de ajuda internacional: Doando pontos, você ajuda a dar sobrevida aos regimes comunistas de Cuba e Coréia do Norte. 

Com o cartão de crédito Karl Marx, nunca foi tão fácil participar da luta de classes, nem tão divertido: com 100.000 pontos acumulados, você recebe as medalhas Lenin de honra ao mérito, para usar com a  companheirada! (máximo de três medalhas por cartão. Consulte o site para outras promoções e restrições).

sexta-feira, 15 de junho de 2012

É a História, Estúpido!

Na investigação sobre os principais determinantes do desenvolvimento econômico, a literatura corrente tem dado ênfase à geografia e instituições. Mas as raízes do desenvolvimento podem estar relacionadas com história, como argumentam Enrico Spolaore e Romain Wacziarg. O abstract de seu interessantíssimo artigo segue:

"The empirical literature on economic growth and development has moved from the study of proximate determinants to the analysis of ever deeper, more fundamental factors, rooted in long-term history. A growing body of new empirical work focuses on the measurement and estimation of the effects of historical variables on contemporary income by explicitly taking into account the ancestral composition of current populations. The evidence suggests that economic development is affected by traits that have been transmitted across generations over the very long run. This article surveys this new literature and provides a framework to discuss different channels through which  intergenerationally transmitted characteristics may impact economicdevelopment, biologically (via genetic or epigenetic transmission) and culturally (via behavioral or symbolic transmission). An important issue is whether historically transmitted traits have affected development through their direct impact on productivity, or have operated indirectly as barriers to the diffusion of productivity-enhancing innovations across populations."

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Elinor Ostrom

Faleceu ontem Elinor Ostrom, Nobel em Economia em 2009. Sua grande contribuição foi mostrar que arranjos alternativos a mercados e governos para resolver o problema da "tragédia dos comuns" são possíveis e desejáveis. Tais arranjos dizem respeito a auto-organização de grupos com o estabelecimento de regras de acesso. Como ela mesmo explica em Governing the Commons:

"The term “common-pool resource” refers to a natural or man-made resource system that is sufficiently large as to make it costly (but not impossible) to exclude potential beneficiaries from obtaining benefits from its use. 

Instead of presuming that the individuals sharing a commons are inevitably caught in a trap from which they cannot escape, I argue that the capacity of individuals to extricate themselves from various types of dilemma situations varies from situation to situation. The cases to be discussed in this book illustrate both successful and unsuccessful efforts to escape tragic outcomes. 

Institutions are rarely either private or public -- "the market" or "the state." Many successful CPR intitutions are rich mixtures of "private-like" and "public-like" institutions defying classification in a sterile dichotomy. By "successful," I mean institutions that enable individuals to achieve productive outcomes in situations where temptations to free-ride and shirk are ever present. A competitive market -- the epitome of private institutions -- is itself a public good."

Para conhecer melhor o trabalho de Elinor Ostrom,  recomendo os seguintes links: Paul Romer, Vernon Smith e Alex Tabarrok.

P.S. O site da Indiana University em sua homenagem é referência obrigatória.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Perda de Dinamismo

Excelente artigo de Affonso Celso Pastore. Tão bom que vale a pena reproduzi-lo na íntegra.

O Estado de S. Paulo - 03/06/2012
 
Em 2012, o Brasil deverá crescer abaixo de 3%, e as perspectivas nos anos seguintes são de crescimentos inferiores às metas do governo. Primeiro, porque não poderemos mais contar com a forte expansão do consumo que foi o motor de ampliação da demanda nos últimos anos. Segundo, porque há uma perda de competitividade da indústria, que vem mantendo a produção estagnada desde o início de 2010. Terceiro, porque somando o desestímulo da menor expansão do consumo às incertezas da crise internacional, as perspectivas são de uma fraca formação bruta de capital fixo.
Nos últimos anos, o consumo das famílias beneficiou-se da ampliação do crédito pessoal, mas isso levou a um endividamento excessivo. Em 2005, o endividamento das famílias estava em torno de 20% da renda disponível, escalando para mais de 42% da renda disponível em 2012. Nos EUA, o endividamento das famílias atualmente supera 110% da renda disponível. Mas, se excluirmos as dívidas com hipotecas, ele chega apenas a 20%, sendo menor do que no Brasil.
A diferença mais importante, contudo, não se refere ao estoque da dívida, e sim ao comprometimento de renda na amortização do principal e no pagamento de juros. No Brasil, o comprometimento de renda situa-se atualmente em 22% da renda disponível, e nos EUA, incluindo automóveis e hipotecas, chega a 16%, menor do que no Brasil.
Dizer que o endividamento é excessivo é equivalente a afirmar que uma parcela muito grande da renda futura foi gasta no presente, o que obviamente reduz o crescimento do consumo no futuro. Há, por outro lado, claros limites ao aumento do endividamento nos próximos anos. Se, para acelerar as novas concessões de crédito, os bancos insistissem em financiar as compras de automóveis sem entrada e a prazos longos, como ocorreu até o final de 2010, a inadimplência continuaria a crescer, superando os níveis atuais já elevados.
O governo pode pressionar os bancos privados a emprestarem mais, mas, diante dos elevados níveis de inadimplência, estes não podem acelerar as novas concessões de crédito. Ao contrário, em casos extremos, como é o dos automóveis, estas terão de ser reduzidas até trazer a inadimplência a níveis toleráveis. Murchou, dessa forma, uma fonte de crescimento da demanda que foi muito importante nos últimos anos.
Ao lado da perda de dinamismo do consumo, o governo enfrenta o problema da estagnação da produção industrial. A baixa taxa real de juros não consegue estimular a indústria, mas estimula o setor de serviços, que é muito maior do que a indústria e emprega três vezes mais mão de obra. Isso sustenta a taxa de desemprego no mínimo nível histórico, e eleva os salários reais. A indústria fica apertada entre dois polos. Sofre, de um lado, o empurrão de custos gerado pela elevação dos salários, que poderia ser menor caso a produtividade média do trabalhador na indústria estivesse se elevando. Mas, infelizmente, essa produtividade não cresce, e como a indústria é um setor muito aberto ao comércio internacional, enfrenta a competição das importações, que limitam a sua capacidade de repassar os aumentos de custos para preços. Presa entre o aumento do custo unitário da mão de obra e a competição das importações, a indústria vê suas margens se estreitarem, desestimulando a produção, que persiste estagnada mesmo diante das baixas taxas reais de juros.
Câmbio. A solução encontrada pelo governo para enfrentar este problema foi enfraquecer o real. Para que essa ação tenha eficácia, contudo, é preciso que ocorra a depreciação do câmbio real - o preço relativo entre bens comercializáveis e não comercializáveis -, o que significa, em última instância, elevar a relação câmbio/salários. Todas as ações do governo têm sido na direção de gerar aumento dos salários, e não dá indicações de que deseje abandonar essa conduta, porque vê nela uma forma de estimular o consumo.
Ao produzir ao mesmo tempo a depreciação cambial e a elevação de salários, provoca a limitação do crescimento da relação câmbio/salários. Com isso, obtém-se uma depreciação menor do câmbio real, impedindo que haja o ganho pleno de competitividade pretendido, mas colhe-se, em contrapartida, o aumento do risco inflacionário, que é potencializado pela combinação do câmbio nominal mais depreciado com a elevação dos salários. Se insistisse em depreciar ainda mais o real, geraria o crescimento maior da inflação, que somente não ocorre, no curto prazo, devido ao crescimento econômico medíocre.
O terceiro problema é a desaceleração da formação bruta de capital fixo. Para estimular os investimentos, os juros reais vêm sendo reduzidos. Ocorre que os investimentos em capital fixo não dependem apenas da taxa real de juros, mas também, e principalmente, das expectativas de ampliação da demanda futura, da qual depende a taxa de retorno sobre as adições ao estoque de capital fixo. Para estimular os investimentos, é preciso que os empresários visualizem a oportunidade de elevar de forma segura os retornos sobre as máquinas que estão comprando. Significa que têm de estar razoavelmente seguros sobre a ampliação da demanda.
Infelizmente, há três forças reduzindo as expectativas de ampliação de demanda futura. No plano interno, cresceu a percepção de que, por algum tempo, não se poderá atingir a velocidade de crescimento do consumo que ocorreu até recentemente, ao que se soma o desânimo derivado da perda de competitividade da indústria. No plano externo, as incertezas da economia internacional tornam muito arriscadas as apostas na ampliação de capacidade produtiva. Na presença da incerteza e do baixo crescimento do consumo, a redução da taxa real de juros perde eficácia em ampliar a demanda de investimentos.
Em um caso como este, o instrumento para estimular a demanda é a política fiscal. Não nos referimos a essa política fiscal atabalhoada, que reduz um imposto aqui e cria um estímulo acolá, movendo-se ao sabor das pressões que recebe do setor privado, e sim a uma mudança na composição dos gastos públicos. O governo optou por minimizar os investimentos em infraestrutura, dando prioridade às transferências de renda e às ampliações dos gastos correntes, e teria de alterar radicalmente esse padrão de gastos, elevando os investimentos em infraestrutura em proporção aos gastos correntes.
Além de diretamente ampliar a demanda e a capacidade produtiva, geraria externalidades que estimulariam os investimentos privados. Para elevar a potência desse instrumento, deveria atrair maior participação do setor privado nos investimentos em infraestrutura, o que requer ações para a remoção de riscos regulatórios, voltando ao modelo de agências reguladoras que havia sido implantado no governo FHC, e que foi desmontado nos últimos anos. Mais capital privado se somaria ao esforço do governo, e colheríamos uma ampliação dos investimentos em infraestrutura.
O mais provável, no entanto, é que, ao reconhecer que a política monetária perdeu eficácia, o governo seja tentado a pura e simplesmente reduzir o superávit primário. O cuidado que tem de ser tomado, neste caso, é que o Brasil ainda tem uma dívida pública muito elevada, que saiu das manchetes dos jornais nos últimos anos, mas da mesma forma como voltou às manchetes na Europa, pode retornar no Brasil. Por isso, é recomendável que não se abandonem as metas para o superávit primário. Mas em vez de mantê-la rígida, o que faz com que acentue as oscilações cíclicas da economia, deveríamos defini-la no ponto médio do ciclo econômico, reduzindo os superávits em períodos de queda do crescimento, e ampliando-o nas fases de aceleração, transformando-o em um instrumento contra cíclico. O Chile é um exemplo. Antes de qualquer mudança na magnitude dos superávits atuais, o governo teria de estabelecer as regras sobre como fixaria as oscilações cíclicas dos superávits, de forma a evitar a volta da percepção de riscos sobre o crescimento da dívida.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ladeira Abaixo: Brasil Cai Em Mais Um Ranking de Competitividade

Desta vez, é o ranking de competitividade do IMD. O Brasil passa a ser o 46o. do ranking, que envolve 59 países. Não surpreende que Argentina está abaixo (55o.) e a Venezuela está na última posição.

Vanguarda do Atraso: Governo do RS Decide Criar Estatal do Pedágio

O governo do estado do Rio Grande do Sul decide criar uma estatal para cuidar de pedágios, a Empresa Gaúcha de Rodovias. Não apenas ignora os custos correntes de tal empreitada como também os custos futuros, pois será muito difícil se livrar deste elefante branco. Conforme avaliação de Luis Senna, ex-diretor  da ANTT e professor da escola de engenharia da UFRGS:

sábado, 26 de maio de 2012

Governos São Péssimos Empreendedores e Alocadores de Recursos

Quem acredita que o setor privado é incapaz de tomar boas decisões, tipicamente também acredita que governos têm melhores soluções. Será? O problema com governos é a falta de conhecimento específico e incentivos errados à boa tomada de decisões, como excesso de burocracia, praticamente nenhuma punição para decisões que desperdiçam recursos e a própria racionalidade política, que computa custos econômicos como benefícios e é viesada para decisões que privilegiam benefícios concentrados no curto prazo e dispersam custos ao longo do tempo. Estes problemas infestam todos os governos, em maior ou menor intensidade, dependendo da amplitude da intervenção do governo: quanto maior, maior será o custo das falhas de governo. Quem deseja um exemplo didático (como se não houvesse em abundância no país), o caso americano é particularmente interessante:

"Since taking office, Obama has invested billions of taxpayer dollars in private businesses, including as part of his stimulus spending bill. Many of those investments have turned out to be unmitigated disasters — leaving in their wake bankruptcies, layoffs, criminal investigations and taxpayers on the hook for billions.

Mercados Repugnantes: Pílulas de Carne Humana

De acordo com a BBC News, Asia:

"The Korea Customs Service said it had found almost 17,500 of the capsules being smuggled into the country from China since August 2011. The powdered flesh, which officials said came from dead babies and foetuses, is reportedly thought by some to cure disease and boost stamina. But officials said the capsules were full of bacteria and a health risk."

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mais um Dilema de Política Econômica no Brasil


O dilema, posto da forma mais clara possível, é o seguinte: arruinar a Petrobrás ou permitir inflação mais elevada. Ao contrário da crença de muitos, em um mundo dominado por políticas heterodoxas os dilemas de política econômica não deixam de existir. Eles podem simplesmente ser muito piores.

A Morte do Regime de Metas de Inflação

Jeffrey Frankel anuncia a morte do regime. Não se trata de um fenômeno brasileiro, mas global. O problema é saber o que colocar em seu lugar. No caso brasileiro, aparentemente a decisão é por políticas acomodativas, como metas baixas de taxas de juros que implicam em aumento ao longo do tempo da inflação, pois esta deixa de ser âncora da política monetária. No mundo acadêmico, a preferência parece recair sobre metas de PIB nominal, que teria a virtude de não produzir apertos monetários muito grandes em função de choques adversos de oferta. O motivo é que o objetivo central de metas de PIB nominal é estabilizar a demanda agregada, e então os efeitos de choques adversos são decompostos entre o nível de preços e o PIB real.

domingo, 6 de maio de 2012

O que Há de Errado Com a Índia?

Ausência e reversão de reformas podem ser a causa da desaceleração. A volta à maior regulação e envolvimento do governo na economia (regime de licenças Raj) e transferências de fortunas aos compadres (conectados com o governo) são apontados como principais fatores. Mas o fato preocupante é que outros mercados emergentes (dos BRIC's) também estão desacelerando, como a China, o Brasil e Rússia, provavelmente pelos mesmos motivos. Dois bons artigo a respeito: Raghuram Rajan e Tyler Cowen.

Economia Austríaca: Um Ótimo Livro de Peter Boettke

Quem recomenda é Tyler Cowen. Aqui vão alguns excertos da resenha feita por Jeffrey Tucker:

"“Economics puts parameters on people’s utopias.” Yes. That’s exactly it. That’s why the politicians hate  economics. That’s why the media are so… selective in which economists they call on to talk about policy. That’s why the economics departments in colleges are put down by the sociologists, philosophers, literature professors and just about everyone else who has romantic longings for a coerced utopia."

"As Boettke puts it, “We do not need to understand economics in order to experience the benefits of freedom of exchange and production. But we may very well need to understand economics in order to sustain and maintain the institutional framework that enables us to realize the benefits that flow from freedom of exchange and production.”"

" “The main thing that makes someone an Austrian is not the willingness to identify one’s work with that label, but the substantive propositions in economics that an economist identifies with.” With this in mind, he shows that Austrian ideas are very more widespread that one might suppose."

sexta-feira, 4 de maio de 2012

São as Baratas Igualitárias?


Da BBC Nature:

"Scientists are discovering that these supposedly crude, and creepy automatons are much more sophisticated than we thought. By unveiling the secret lives of these insects, they are finding out that cockroaches are actually highly social creatures; they recognise members of their own families, with different generations of the same families living together. Cockroaches do not like to be left alone, and suffer ill health when they are. And they form closely bonded, egalitarian societies, based on social structures and rules. Communities of  cockroaches are even capable of making collective decisions for the greater good."

As Lições da Grande Recessão

Ótimo artigo de Raghuram Rajan, na Foreign Affairs:

"In fact, today’s economic troubles are not simply the result of inadequate demand but the result, equally, of a distorted supply side. For decades before the financial crisis in 2008, advanced economies were losing their ability to grow by making useful things. But they needed to somehow replace the jobs that had been lost to technology and foreign competition and to pay for the pensions and health care of their aging populations. So in an effort to pump up growth, governments spent more than they could afford and promoted easy credit to get households to do the same. The growth that these countries engineered, with its dependence on  borrowing, proved unsustainable. Rather than attempting to return to their artificially inflated gdp numbers from before the crisis, governments need to address the underlying flaws in their economies. In the United States, that means educating or retraining the workers who are falling behind, encouraging entrepreneurship and innovation, and harnessing the power of the financial sector to do good while preventing it from going off track. In southern Europe, by contrast, it means removing the regulations that protect firms and workers from competition and shrinking the government’s presence in a number of areas, in the process eliminating  unnecessary, unproductive jobs."

A Constituição da Liberdade

Para estudiosos de "The Constitution of Liberty", de F. Hayek, uma dica: Um excelente guia é o livro de Eugene Miller, que oferece uma abrangente discussão a respeito de suas principais ideias.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Dois Países, Dois Caminhos

Enquanto o Chile programa uma redução de impostos de importação para eliminá-los em definitivo em 2015, no Brasil, em paralelo às demandas protecionistas, a receita federal faz a operação maré vermelha, que tem como intuito aumentar custos de importação, além de aumentar indevidamente a taxação sobre produtos.  

No Chile as políticas econômicas visam reduzir custos, no Brasil elas visam aumentar custos. Adivinhem onde isto irá gerar prosperidade?

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Futuro do Brasil

Em atenção a pedidos, minha palestra no encontro do Language of Liberty, em Porto Alegre.O gráfico abaixo mostra que não estamos convergindo (pelo menos rapidamente) para a renda per capita americana, enquanto que para a Argentina e Venezuela o que melhor descreve suas situações é "divergence, big time".



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Qual é o Problema com Política Industrial?

É que decisões políticas definem política industrial, e não questões de eficiência econômica. Como explicam Acemoglu e Robinson:

"The problem is not thinking of situations in which industrial policy might be a good thing, of which there certainly are some. The problem is trying to identify the political situations in which industrial policy can actually be used to address these situations, and that is a much taller order."

Entrevista com Amartya Sen

Podem parecer obviedades, mas as ponderações de Amartya Sen são sempre relevantes para por os "pingos nos is" de certas discussões acadêmicas:


Do you think the focus on mathematics in current economics is the flip side of the neglect of the history of economic thought? 

I don’t think that there is any conflict between mathematical reasoning and being interested in the history of thought. Many of our early thinkers were quite mathematical. The connection between mathematics and economics is very strong, and there is no reason to be ashamed of it. What is to be avoided is to be concentrated only on mathematical economics. We must not neglect the insights that come from parts of the subject where mathematics is not sensible to use and different kinds of reasoning are useful. I don’t think the conflict is between mathematics and other kinds of methods. The conflict is between taking an integrated, broad, comprehensive view as opposed to a narrow view whether it is mathematical or anti-mathematical.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Entre Hayek e Rothbard: O Libertarianismo Moderno

Bom artigo de Daniel Klein na Reason:

"Word for word, Hayek and Rothbard cannot be reconciled. Hayek had different sensibilities about policy reform, sensibilities that are larger, better considered, and more diplomatic. Hayek’s fairness to diverse social and political values, especially ones recognizing the importance of customs and traditions, sometimes led him to conclusions at odds with a Rothbardian line. Hayek knew that in propounding classical liberalism in the twentieth century the dialectics of discourse and expulsion from discourse could, over the years, paint him into a corner of crankiness and brittleness. Hayek was a bargainer. He paid keen attention to the several limitations of the liberty maxim."

Este outro é igualmente interessante, cujo tema é porque as pessoas amam governos. O ponto central é que libertarianismo radical (a la Rothbard e Ayn Rand) pode entrar em conflito com as necessidades da sociedade moderna, que se vê frente a novos problemas que podem demandar ação coletiva (terrorismo, problemas ambientais, propriedade intelectual, etc.) Desta forma, mais pragmática é a postura de Hayek,  Cowen (que é considerado um "libertário de barganha" - aceitar o crescimento do governo apenas como parte do pacote de proteção às liberdades individuais) e do Gregory Mankiw, que se considera um libertário marginal - a maior parte dos problemas hoje pode ser resolvida com redução da intervenção de governo, e não com seu aumento.

terça-feira, 27 de março de 2012

Fukuyama Sobre Acemoglu e Robinson

Ótima resenha de Francis Fukuyama sobre "Why Nations Fail". Ainda estou lendo o livro, mas sim: a tese central parece ser a mesma de North, Wallis e Weingast, mas com outra terminologia. As histórias contadas são bastante enriquecedoras, corroborando a teoria.

Frase do Dia

"Subsídios e incentivos fiscais são como crack e heroína: para continuar dando o mesmo efeito é necessário aumentar a dose, e se cortar o fornecimento dá síndrome de abstinência".

Yours Truly

segunda-feira, 26 de março de 2012

Milton Friedman: Conselhos ao Governo da Índia, 1955

O Memorando inteiro deveria ser entregue ao Ministro Mantega, mas a parte sobre política industrial salta à vista:

"Just as it is inappropriate to discriminate in favour of the cottage industries, so it is equally  inappropriate to discriminate in favour of factory industry or large concerns. Granting them  special favour the form of especially advantageous loans guaranteed markets, refusal of  licenses to  competitors, enforcing or even permitting private price-fixing and market-sharing  agreements-simply encourages inefficiency and wastes scarce resources. If private industry is  granted special favours by the Government, it is certainly inevitable that its use of these  favours will be controlled; but this does not offset the harm done by the favours; it merely  introduces new sources of rigidity and inefficiency. Business ingenuity is devoted to carving  out protected sectors instead of to opening up new markets and lowering costs. There is no  justification for private industry unless it is competitive, unless the right to receive profits is  accompanied by acceptance of the risk of loss. Private industry should be made to stand on  its own feet without either favour or harassment."

(HT: Tyler Cowen)

domingo, 25 de março de 2012

Qual é o Verdadeiro Custo da Corrupção e Rent-Seeking?

É a distância da Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP) do país em questão da FPP internacional. No caso do Brasil, uns meros 300 a 400% do PIB.

ABSTRACT: What, if anything, can a country today do to catch-up with the industrial leaders? This paper reviews a theory of the evolution of international income levels and examines its predictions for catch-up. The main policy implication of this theory is that a country will catch-up to the industrial leaders if it eliminates policies that constrain the choice of technologies and work practices of its citizenry. Most often these policies exist to protect specialized factor suppliers and corporate interests. We examine the record of catch-up over the twentieth century and conclude that joining a free trade club is an effective way by which a country can eliminate these constraints.

Por Que Nações Fracassam? É a Política, Estúpido!

Política é o principal impedimento ao crescimento e desenvolvimento dos países, de acordo com o economista Daron Acemoglu e o cientista político Jim Robinson, em seu novo livro "Why Nations Fail":

"From Adam Smith and Max Weber to the current day, scores of writers have grappled with these questions. Some scholars, like Weber, have argued that religious or cultural differences create vastly different economic outcomes among countries. Others have asserted that a lack of natural resources or technical expertise has prevented poor countries from creating self-sustaining economic growth.

Economists Daron Acemoglu of MIT and James Robinson of Harvard University have another answer: Politics makes the difference. Countries that have what they call “inclusive” political governments — those extending political and property rights as broadly as possible, while enforcing laws and providing some public infrastructure — experience the greatest growth over the long run. By contrast, Acemoglu and Robinson assert, countries with “extractive” political systems — in which power is wielded by a small elite — either fail to grow broadly or wither away after short bursts of economic expansion."


"Elites, Why Nations Fail asserts, resist innovation because they have a vested interest in resisting change — and new technologies that create growth can alter the balance of economic or political assets in a country.

“Technological innovation makes human societies prosperous, but also involves the replacement of the old with the new, and the destruction of the economic privileges and political power of certain people,” Acemoglu and Robinson write. Yet when elites temporarily preserve power by preventing innovation, they ultimately impoverish their own states."

Tudo o Que Você Queria Saber Sobre VAR's Mas Tinha Vergonha de Perguntar

Está nestes artigos aqui e aqui.

Corridas Bancárias do Séc. XXI

Corridas bancárias do séc. XXI são diferentes, como explica Tyler Cowen:

"The new complication is that bank deposits are no longer the dominant form of modern short-term finance. The modern bank run means a rush to withdraw from money market funds, the disappearance of reliable collateral for overnight loans between banks or the sudden pulling of short-term credit to a troubled financial institution. But these new versions are in some ways still similar to the old: both reflect the desire to pull money out of an endeavor — and to be the first out the door. And both can set off a crash.
These newer forms occur in the so-called shadow banking system, involving short-term financial credit not guaranteed by the deposit insurance umbrella. According to the Federal Reserve Bank of New York, shadow banking accounts for about $15 trillion in assets — more than the traditional banking system. But as recently as 1990, the shadow-banking total was much lower, at less than $4 trillion. The core problem is that the growth of short-term credit has been outracing our ability to protect it, and since 2008 most investors have realized that these shadow-banking transactions are not risk-free"

segunda-feira, 19 de março de 2012

Teoria dos Jogos: Stanford Oferece Curso Gratuito

Ótima novidade para quem deseja aprender teoria dos jogos: um curso on-line gratuito. Começa dia 19/03 (hoje!) mas as matrículas podem ser feitas até 25/03. Vale a pena descobrir o fascinante universo de teoria dos jogos! Maiores informações aqui.

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Estado Atual da Macroeconomia



Arnold Kling tem dois artigos muito informativos, este e este. Um terceiro ainda está por vir, com suas interpretações. Bradford DeLong, embora mais restrito sobre política monetária, também vale a pena ler.

Origem e Formação do Estado

O abstract abaixo explica tudo:

"This research attempts to explain the large differences in the early diffusion of the mafia across different areas of Sicily. We advance the hypothesis that, after the demise of Sicilian feudalism, the lack of publicly provided property-right protection from widespread banditry favored the development of a florid market for private protection and the emergence of a cartel of protection providers: the mafia. This would especially be the case in those areas (prevalently concentrated in the Western part of the island) characterized by the production and commercialization of sulphur and citrus fruits, Sicily’s most valuable export goods whose international demand was soaring at the time."

Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência...

Estimando Melhor os Multiplicadores Fiscais

Para abalar crenças a respeito da magnitude dos multiplicadores fiscais:

"In this note, we demonstrate and analyze the inability of standard neoclassical models to generate accurate estimates of the fiscal multiplier (that is, the macroeconomic response to increased government spending). We then examine whether estimates can be improved by incorporating recently developed theory on demand-induced productivity increases into neoclassical models. We find that neoclassical models modified in this fashion produce considerably better estimates, but they remain unable to generate anything close to an accurate value of the fiscal multiplier."

HT: Shikida

Coisa de Doido

Governo brasileiro faz proposta para a China capturar ganhos de monopólio em detrimento do superávit do consumidor (até aí, ok, é uma tradição das políticas econômicas do país) e de receitas próprias! Alex explica toda a maluquice. Me parece que o CADE, para conseguir enquadrar o governo brasileiro, precisa contratar psiquiatras.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Tsunami Monetário e Protecionismo Unilateral: Lendo as Entre-linhas

Ao criticar a crescente liquidez estimulada recentemente pelos Bancos Centrais da Europa (BCE) e dos Estados Unidos (FED), a Presidente Dilma Rouseff anunciou poderia tomar medidas para proteger o Real de apreciações "artificiais". Parece que uma simples questão de lógica econômica escapou da compreensão dos assessores econômicos da Presidente: Medidas protecionistas, de restrições às importações, tendem a valorizar ainda mais o Real por reduzirem a demanda por dólares. Talvez o problema não seja a dificuldade de compreensão de como funciona o mercado de câmbio, mas um de origem política que se encontra nas entre-linhas do discurso nacional-desenvolvimentista do governo brasileiro: A Presidente na verdade está dizendo que é preciso proteger os grupos econômicos, como os exportadores industriais, que financiam as campanhas políticas dos partidos que constituem a chamada base aliada. Pois se o problema fosse apenas de câmbio valorizado, a liberalização unilateral das importações resolveria o problema, além de tornar mais barato o consumo para os milhões de brasileiros que se encontram desprotegidos contra a ineficiência e baixa produtividade da indústria nacional.

Vou lhe proteger, mas sei que quando precisar, nas próximas eleições, você estará do meu lado.

Vem aí o II Encontro Nacional dos Blogueiros em Economia


Será melhor do que o primeiro, que tive o prazer de participar, que também foi uma iniciativa do Cristiano Costa e do Cláudio Shikida. Infelizmente, apesar de constar na lista de painelistas, ficou impossível minha ida à Minas Gerais. Os temas e os demais painelistas são muito bons e vale a pena participar. Inscrições e maiores informações aqui.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Aquecimento ou Resfriamento Global?



 Enquanto não parecem existir sólidas evidências nos últimos 15 anos de aquecimento global (mas sim, a temperatura média se elevou ao longo do século XX), conforme figura acima, cientistas associam a temperatura média da Terra aos ciclos solares. Como a atividade solar deve se reduzir nos próximos anos, já estão falando em mini era glacial para os próximos anos. A figura abaixo mostra a relação entre ciclos solares e temperatura da Terra.



Este artigo conta a história. Enquanto isto, aqui em Forno Alegre, debaixo de um sol escaldante e temperaturas de 38º C, estou torcendo para que a mini era do gelo chegue logo.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Sobre Libertarianismo

Brad De Long tem uma interpretação bizarra pouco informada sobre libertarianismo (ou liberalismo clássico), ao criticar Milton e Rose Friedman. A fonte do seu problema está em não entender a distinção entre liberdades negativas e positivas. Somente as negativas (fundamentalmente, direito à vida, propriedade e busca da felicidade) constituem os famosos direitos naturais. Liberdade de expressão e liberdade religiosa fazem parte do cinturão protetor dos direitos naturais, pois também são liberdades negativas e os reforçam. As liberdades positivas  (como direito à felicidade, liberdade do medo e da necessidade- para usar a terminologia do DeLong) não são constitutivas dos direitos e entram em conflito e enfraquecem as negativas. John Cochrane, corretamente, discute a interpretação pobre de DeLong e chama a atenção ao fato de que liberdades positivas são consequências de sociedades prósperas, e não suas causas.

Outro economista que tem uma interpretação pouco informada sobre libertarianismo é o Jeffrey Sachs, que coloca outros valores morais acima da liberdade individual. O problema é que a satisfação e a busca de outos valores morais desejáveis somente pode ser realizada em uma sociedade livre. Desta forma, é o respeito aos diretos naturais que preserva e estimula os outros valores morais. Trevor Burrus, do Cato Institute, discute extensivamente o artigo do Sachs e esclarece (HT: SB, pelo artigo do Burrus):

"In fact, most libertarians believe that the "other values or causes" listed by Professor Sachs are best promoted by promoting liberty. We believe so strongly in liberty because we believe that all those values are vital to humanity. At bottom, what ties libertarians together is the notion of a "presumption of liberty" -- that state action needs justification, not human freedom. This idea is far from controversial and, in fact, it is the founding principle of the modern liberal state."

Parcerias Público-Privadas Para Alavancar Investimentos

Embora o governo federal ainda tem demonstrado pouco interesse, as PPP's estão adquirindo força em estados e municípios. Trata-se de uma alternativa viável para atrair capital privado em projetos de infraestrutura e em projetos onde a presença de externalidades torna a taxa interna de retorno privada substancialmente mais baixa do que a social. Se bem estruturadas, PPP's representam uma solução eficiente para alavancar a taxa de investimentos e impulsionar o crescimento econômico do país. O Banco Mundial tem um site (PPIAF) com ampla informação sobre PPP's ao redor do mundo, bem como sobre as técnicas utilizadas em suas estruturações. No Brasil, vale a pena consultar também o pessoal do site PPP Brasil, que apresenta bons artigos e está tomando várias iniciativas para facilitar a implementação desta modalidade de contratos no país.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Marsalis & Clapton

Para começar bem o ano. A banda é sensacional e a música deliciosa.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

É a Dívida Pública, Estúpido! Parte III

Paul Krugman discorre novamente sobre o tema. Desta vez, Don Boudreaux, da George Mason, discute sua argumentação aqui, aqui e aqui. Nick Rowe também explica o custo da dívida aqui e aqui.

É a Dívida Pública, Estúpido! Parte II

Um continente de más idéias: John Cochrane discute os problemas de endividamento público na Europa e repercussões sobre o Euro:

"Conventional wisdom says that sovereign defaults mean the end of the euro: If Greece defaults it has to leave the single currency; German taxpayers have to bail out southern governments to save the union.
This is nonsense. U.S. states and local governments have defaulted on dollar debts, just as companies default. A currency is simply a unit of value, as meters are units of length. If the Greeks had skimped on the olive oil in a liter bottle, that wouldn’t threaten the metric system.
Bailouts are the real threat to the euro. The European Central Bank has been buying Greek, Italian, Portuguese and Spanish debt. It has been lending money to banks that, in turn, buy the debt. There is strong pressure for the ECB to buy or guarantee more. When the debt finally defaults, either the rest of Europe will have to raise trillions of euros in fresh taxes to replenish the central bank, or the euro will inflate away."

É a Dívida Pública, Estúpido! Parte I

Paul Krugman aqui, aqui, aqui e aqui, deixa John Cochrane (agora blogueiro), irado. Claro como um bom livro-texto, Greg Mankiw e Larry Ball explicam a economia dos déficits e da dívida pública.

Marginais e Revolucionários

Sobre como crises econômicas e a blogosfera estão impulsionando heterodoxias econômicas, segundo a The Economist: (HT: Mauricio Felippi)

"Decades ago macroeconomics resembled an “intellectual witch’s brew”, according to Olivier Blanchard, chief economist of the International Monetary Fund. It contained “many ingredients, some of them exotic—many insights, but also a great deal of confusion”. Things then became more rigorous and refined: disagreements remained, but within set limits. Now, on the blogs, the economic conversation boils and bubbles again. That ferment is surely spreading into the academy—and in time some new quintessence will be brought forth, perhaps from materials now considered base."

Listas de Início de Ano

O NYT pergunta a seis economistas como será 2012.

A revista Foreign Policy elege os melhores escritos (livros, artigos, posts, etc.) de 2011 sobre como o mundo funciona.

O Estadão pergunta a alguns economistas o que esperar da economia do Brasil em 2012.

A revista Foreign Affairs elege os melhores livros de relações internacionais de 2011.