segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Febeapá: Produtividade do Governo Cresce Mais do Que a do Setor Privado, Segundo o IPEA

Em recente Comunicado da Presidência, o IPEA divulga estudo que mostra que a produtividade do governo cresceu mais do que a do setor privado nos últimos anos. Curioso é que governos estaduais que se engajaram em reformas estruturais, justamente para aumentar a sua produtividade, não alcançaram seus objetivos, segundo o IPEA.
O problema é que os técnicos do IPEA cometeram um erro elementar de análise. Vale a pena discuti-lo para que estudantes de economia não comprometam suas carreiras cometendo deslizes desta magnitude. O Estadão analisa a dimensão política do problema, enquanto que o Alex o disseca com a profundidade de sempre.
O problema elementar é não entender os dados e atribuir a eles significados exóticos. O IPEA usa dados de valor agregado das contas nacionais, elaborados pelo IBGE, para chegar às suas conclusões. Ocorre que estimativas de valor adicionado (como os componentes do PIB, no caso), só têm sentido quando estimados a preços de mercado, que refletem valores sociais. É o velho princípio da mão invisível de Adam Smith, que justifica a produção de tais estimativas. Entretanto, existem algumas dificuldades na produção destas estimativas. Como incluir nelas vários bens e serviços, na ausência de preços de mercado, como por exemplo educação pública e outros bens e serviços produzidos pelo governo? Neste caso, a estimativa é feita pelo custo de produção, como salários, etc. Aí é necessário fazer a pergunta que os técnicos do IPEA ignoraram: gastos do governo, mensurados pelo seu custo, refletem valor adicionado? Para os técnicos do IPEA, quando o Senado paga horas extra em período de recesso parlamentar, ele está apenas aumentando sua produtividade! Esta bizarra conclusão decorre do erro elementar dos técnicos do IPEA, que é o de não entender o significado de estatísticas.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Privatização Causa Alcoolismo

TST equipara alcoolismo a doença de trabalho e manda empresa readmitir empregado

O alcoolismo crônico pode ser equiparado a uma doença de trabalho e garantir estabilidade de emprego às suas vítimas. Essa tese foi confirmada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), que negou recurso de uma empresa do Espírito Santo e determinou a reintegração de um funcionário demitido.

Dispensado após trabalhar por 27 anos na Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas), o eletricitário processou a empresa alegando que o alcoolismo era decorrente de sua função. Um laudo pericial pedido pela Justiça apontou que o trabalho em redes elétricas de alta tensão fez com que o funcionário se entregasse à bebida.

Segundo a perícia, outro fator que contribuiu para o alcoolismo do empregado teria sido a expectativa de perda do emprego, durante o processo de privatização da companhia elétrica, quando existiram demissões em massa. O empregado teve ganho de causa tanto na 1ª quanto na 2ª instância.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Homenagem a uma Candidata

...a dois presidentes e a tantos outros da vida pública nacional.



Words and music by Freddie Mercury

I have sinned dear Father Father I have sinned
Try and help me Father
Won't you let me in? Liar
Nobody believes me Liar
Why don't they leave me alone?
Sire I have stolen stolen many times
Raised my voice in anger
When I know I never should
Liar oh ev'rybody deceives me
Liar why don't you leave me alone

Liar I have sailed the seas
Liar from Mars to Mercury
Liar I have drunk the wine
Liar time after time
Liar you're lying to me
Liar you're lying to me
Father please forgive me
You know you'll never leave me
Please will you direct me in the right way
Liar liar liar liar
Liar that's what they keep calling me
Liar liar liar

Oooh, let me go

Listen are you gonna listen
Mama I'm gonna be your slave
All day long
Mama I'm gonna try behave
All day long
Mama I'm gonna be your slave
All day long
I'm gonna serve you till your dying day
All day long
I'm gonna keep you till your dying day
All day long
I'm gonna kneel down by your side and pray
All day long and pray
All day long and pray
All day long and pray
All day long all day long all day long
All day long all day long all day long

All day long all day long all day long
Liar liar they never ever let you win
Liar liar everything you do is sin
Liar nobody believes you
Liar they bring you down before you begin
Now let me tell you this
Now you know you could be dead before they let you

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Bernanke: Reflexões Sobre um Ano de Crise

Boa palestra de Ben Bernanke, hoje, em Jackson Hole, Wyo. Como diz o título da reportagem, "salvamos o mundo do desastre." Concordo com a afirmação, mas a que custo? Era possível fazer melhor, considerando incentivos intertemporais? De qualquer forma, aí vai o speech na íntegra. Quem quiser criticá-lo deve lê-lo, assim como a bibliografia citada: Gorton, Calomiris e Brunnermeier têm algumas das melhores interpretações da crise.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Novas Ferramentas Para o Ensino de Economia

Bem, novas pelo menos para mim. Espero que os sites das minhas disciplinas de graduação ajudem os alunos a melhorar sua compreensão de economia, sem complicar meus afazeres. Uma espécie de free lunch educacional. Os sites estão abertos para visitação pública, mas comentários são moderados e restritos para alunos matriculados nas disciplinas. Como trata-se de apenas um passo inicial, aceito sugestões de melhoria.

Para a disciplina de Economia Internacional o link é este aqui. Para a de Economia Monetária o link é este.

domingo, 16 de agosto de 2009

Empecilhos ao Crescimento Econômico

Todo mundo que já estudou um pouco de teorias do crescimento econômico sabe, desde a contribuição seminal de Joseph Schumpeter, que inovação tecnológica é a chave para promover aumentos de produtividade e crescimento da renda. Mais importante, trata-se de um processo de destruição criativa, que é a força que impulsiona o crescimento econômico sustentável de longo prazo.

Em termos mais convencionais de teoria econômica, uma inovação tecnológica aumenta tanto a produtividade marginal do capital quanto do trabalho, aumentando assim a renda per capita. O segredo ou fracasso das nações está então na sua capacidade de inovar e mudar sua estrutura econômica de produção. Por que então algumas nações não conseguem se desenvolver? Uma teoria popular é a do imperialismo: países da periferia são explorados pelos países centrais. Em outras palavras, porque os "Estados Unidos não deixam". Esta teoria é a base do bolivarianismo, o socialismo do século XXI.

Mas pode ser por outro motivo também. Tal qual caranguejos no balde, onde aquele que está prestes a escapar é puxado para baixo pelos outros na tentativa de escapar também, algumas sociedades não permitem reformas, mudança estrutural e inovação tecnológica. Sobre esta última visão, Cláudio Shikida mostra como nosso sistema político está impregnado por uma mentalidade que inibe desenvolvimento econômico. Seguindo a Teoria da Jaboticaba, vai aí uma pequena coletânea de projetos estapafúrdios:

"Um dos grandes fabricantes de jabuticaba nacional é o deputado Aldo Rebelo, com vários projetos estapafurdios:

1) PL. 4502/1994 – Proíbe a adoção, pelos órgãos públicos, de inovação tecnológica poupadora de mão-de-obra (sic).

2)PL. 4224/1998 – Proíbe a instalação de bombas de auto-serviço nos postos de abastecimento de combustíveis;

3)PL. 2867/2000 – Proíbe a instalação de catracas eletrônicas ou assemelhados nos veículos de transporte coletivos;"

Ainda bem que o nobre deputado, autor das propostas acima, não era influente quando da introdução do automóvel. Naquele período, a motivação de uma lei que proíbe a produção de automóveis, de acordo com a visão do nobre deputado, certamente seria: "Com o intuito de evitar o desemprego em massa dos trabalhadores da indústria de carroças e dos tratadores de cavalos, ....."

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cesarismo Democrático

É a tentação latino-americana da reeleição indefinida do glorioso líder, de acordo com o prof. Juan Gabriel Tokatlian, de Relações Internacionais da Universidad de Di Tella, Argentina:

"In 1919, the first edition of Democratic Caesarism , by the Venezuelan historian and sociologist Laureano Vallenilla Lanz, was published and widely circulated across the continent. Vallenilla claimed to be seeking an effective (as opposed to the formal) constitutional system for his country.

To achieve this end, Vallenilla argued that, at least in the case of Venezuela, a charismatic leader, confirmed in power through regular elections, would be best placed to concentrate political power successfully and guarantee institutional order. Ninety years later, it looks as though, with the rise of a variety of neo- caudillos , Vallenilla’s idea of the “good Caesar” is coming back."

Gripe Suína Para Adultos

Um guia para o que autoridades da área de saúde não devem fazer.

O Que há de Errado com a Economia?

Em provocante artigo da The Economist, Paul Krugman é citado dizendo que a teoria macroeconômica dos últimos trinta anos é “spectacularly useless at best, and positively harmful at worst.” Afinal de contas, a crise financeira de 2008 não teria sido prevista pelos modelos macroeconômicos nem os economistas chegaram a algum consenso sobre como debelá-la, como argumenta a The Economist.
Robert Lucas, da Universidade de Chicago e Nobel em Economia, aceitou o desafio e rebateu o argumento em seu artigo "In Defense of the Dismal Science". Para Lucas, central na discussão é a Hipótese de Mercados Eficientes (EMH):

"One thing we are not going to have, now or ever, is a set of models that forecasts sudden falls in the value of financial assets, like the declines that followed the failure of Lehman Brothers in September. This is nothing new. It has been known for more than 40 years and is one of the main implications of Eugene Fama’s “efficient-market hypothesis” (EMH), which states that the price of a financial asset reflects all relevant, generally available information. If an economist had a formula that could reliably forecast crises a week in advance, say, then that formula would become part of generally available information and prices would fall a week earlier. (The term “efficient” as used here means that individuals use information in their own private interest. It has nothing to do with socially desirable pricing; people often confuse the two.)

Mr Fama arrived at the EMH through some simple theoretical examples. This simplicity was criticised in The Economist’s briefing, as though the EMH applied only to these hypothetical cases. But Mr Fama tested the predictions of the EMH on the behaviour of actual prices. These tests could have come out either way, but they came out very favourably. His empirical work was novel and carefully executed. It has been thoroughly challenged by a flood of criticism which has served mainly to confirm the accuracy of the hypothesis. Over the years exceptions and “anomalies” have been discovered (even tiny departures are interesting if you are managing enough money) but for the purposes of macroeconomic analysis and forecasting these departures are too small to matter. The main lesson we should take away from the EMH for policymaking purposes is the futility of trying to deal with crises and recessions by finding central bankers and regulators who can identify and puncture bubbles. If these people exist, we will not be able to afford them."

Esta resposta gerou várias reações de conhecidos economistas, que a The Economist está publicando como "The Lucas Round Table". O debate é de qualidade e vale a pena acompanhá-lo, participam nomes como Robert Barro, Brad DeLong, Mark Thoma, Richard Posen e Tyler Cowen.

domingo, 9 de agosto de 2009

Uma Perspectiva Correta

Nestes tempos de crise ética - mais do que de costume, diga-se de passagem - e relativismo moral no país, onde as ações de política não escapam da perspectiva das eleições de 2010, Pedro Malan oferece uma interessante reflexão sobre os fatores essenciais para o crescimento sustentável, que tornam uma sociedade desenvolvida e próspera:
"Na explicação do por que certos países deram mais certo que outros, esses seis conjuntos de fatores são essenciais. E sempre vale lembrar que dentre as "instituições" de um país está o conjunto de valores morais, posturas, atitudes e padrões de comportamento ético que definem o grau de confiança mútua sem a qual uma sociedade moderna não pode funcionar adequadamente."
É importante ressaltar que valores morais, posturas, atitudes e padrões de comportamento ético são essenciais para o bom funcionamento de uma democracia de livre mercado, pois se a propensão a trapacear for muito grande e incontida, os elevados custos de transação daí decorrentes podem até inviabilizar o funcionamento de mercados.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Febeapá: Alugue um Manifestante

Está surgindo no país uma nova profissão: o passeatista profissional. Espero que logo tenha seu próprio sindicato com contribuições compulsórias, antes que alguma "otoridade" decida criar o bolsa-passeata para estimular a conscientização cívica e a participação popular nas manifestações contra ou a favor de qualquer coisa. Ou que algum economista do partido justifique a bolsa-passeata como forma de estimular a demanda agregada.

sábado, 1 de agosto de 2009

Censura ao Estadão


Justiça censura Estadão ao proibir informações sobre Sarney. O curioso é que juíz que determinou a censura é amigo de Sarney.

Liberdade de imprensa é essencial para a constituição de uma sociedade aberta e próspera, pois reforça outras liberdades - como a econômica e a política - ao dificultar a manipulação de informação que favorece grupos encastelados no poder. Regimes totalitários e ditatoriais abominam liberdade de imprensa, enquanto que esta é necessária para o bom funcionamento da democracia.

Liberdade de imprensa tem sofrido ataques no Brasil, como este que agora se abate contra o Estadão. Mais importante, restrições à mídia representam um indicador antecedente do assalto que governos pretendem sobre outras instituições democráticas.

A situação do Brasil, no que tange a liberdade de imprensa, pode ser visto no Map of Press Freedom, 2008.