Dois historiadores concordam: as principais conquistas das sociedades no ocidente estão em risco, basicamente porque liberdade individual está em risco.
Niall Ferguson, historiador escocês, é taxativo nesta reportagem que discute seu último livro, Civilization:
"So much of liberalism in its classical sense is taken for granted in the west today and even disrespected. We take freedom for granted, and because of this we don't understand how incredibly vulnerable it is."
Sob a perspectiva dos atuais problemas da zona do Euro, o historiador inglês Timothy Ash chega à mesma conclusão:
"The reason the crisis can have such a strong effect is that the big engines of the European project are no longer running. I'm talking about the passionately engaged politicians with their personal memories of the war, the occupation, the dictatorship, the Holocaust and the Soviet threat. That's why they promoted the project."
"What we do lack are the emotions and the passion to say to people: Do you really want to risk what we have? The fact that a young man in Greece or Estonia can get on a plane in the morning and fly to Paris or Rome, without border controls and without exchanging money, and perhaps find a wife or friends there, decide to live or find a job there -- this is progress that no one should put at risk. It must be made clear to people that their "easyJet Europe," as I call this European freedom we experience every day, will be in jeopardy if the euro zone falls apart."
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Conselhos de Ariel Rubinstein Para Alunos de Doutorado
Vale a pena ler o texto inteiro. Minha parte favorita é a seguinte:
How long should my paper be?
If you don't have a good idea, then keep going. Don't stop at less than 60 single-spaced
pages. Nobody will read your paper in any case so at least you have a chance to publish
the paper in QJE or Econometrica.
If you have a really good idea, my advice is to limit yourself to 15 double-spaced
pages. I have not seen any paper in Economics which deserved more than that and yours
is no exception. It is true that papers in Economics are long, but then almost all of then
are deathly boring. Who can read a 50-page Econometica paper and remain sane? So
make your contribution to the world by writing short papers -- focus on new ideas,
shorten proofs to the bare minimum (yes, that is possible!), avoid stupid extensions and
write elegantly!
How long should my paper be?
If you don't have a good idea, then keep going. Don't stop at less than 60 single-spaced
pages. Nobody will read your paper in any case so at least you have a chance to publish
the paper in QJE or Econometrica.
If you have a really good idea, my advice is to limit yourself to 15 double-spaced
pages. I have not seen any paper in Economics which deserved more than that and yours
is no exception. It is true that papers in Economics are long, but then almost all of then
are deathly boring. Who can read a 50-page Econometica paper and remain sane? So
make your contribution to the world by writing short papers -- focus on new ideas,
shorten proofs to the bare minimum (yes, that is possible!), avoid stupid extensions and
write elegantly!
O Banco Central Deve Perseguir Políticas de Crescimento Econômico?
O leitor Marcelo Korez me pede para comentar a reportagem deste link aqui, que diz que o Banco Central deve elaborar políticas para estimular crescimento econômico. Segundo a reportagem, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um projeto que inclui estímulo ao crescimento econômico e geração de emprego como competências que devem ser buscadas pelo Banco Central. A proposição do projeto carrega uma certa dose de ambiguidade que merece ser melhor discutida.
A questão é como o BC pode "estimular o crescimento econômico", sabendo que seu principal instrumento é a política monetária. No longo prazo, o crescimento econômico depende de acumulação de fatores de produção, como capital e trabalho, de recursos naturais, inovação tecnológica e de um ambiente institucional amigável ao florescimento de mercados competitivos. No longo prazo, a política monetária determina basicamente a taxa de inflação da economia e pouco afeta estes condicionantes, exceto no que diz respeito ao fortalecimento de um ambiente institucional favorável. No longo prazo, a política monetária pode ter impacto negativo sobre crescimento econômico se produzir instabilidade macroeconômica ou inflação elevada, prejudicando assim o funcionamento de mercados. Isto nos traz aos problemas de curto prazo, onde ela tem maior impacto. No curto prazo, o principal impacto da política monetária é sobre a demanda agregada, e ela pode ser utilizada para estabilizar o produto.
O problema é que, ao contrário da visão keynesiana de que "no longo prazo estaremos todos mortos" e que apenas o curto prazo é relevante para a condução de política monetária, o fato é que o longo prazo é uma sucessão de curtos prazos - o que significa que políticas de curto prazo que minam estabilidade de longo prazo não são desejáveis. Neste sentido, uma boa política monetária é aquela que visa estabilizar a economia ao longo do tempo, provendo um regime monetário com inflação baixa e estável. Ocorre que este é o objetivo central do regime de metas de inflação e desta forma ele favorece crescimento econômico sustentável ao ajudar a promover um ambiente institucional favorável.
A ambiguidade do projeto da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado decorre do fato de que a ótica política raramente transcende o curto prazo e visa predominantemente as próximas eleições. Associado à perspectiva proferida por certos economistas do governo de que "um pouco mais de inflação ajuda o crescimento", pode-se estar visando ganhos políticos de curto prazo em detrimento de uma sociedade melhor ao longo do tempo. Por outro lado, se o desejo da Comissão for o de promover crescimento econômico de longo prazo, então o melhor negócio, sob o ponto de vista de política monetária, é manter o regime de metas de inflação reforçando seus fundamentos necessários, como responsabilidade fiscal e taxas flutuantes de câmbio. Adicionalmente, neste segundo caso, a Comissão deveria propor iniciativas para para criar no país um ambiente mais amigável à atividade econômica, como desoneração tributária, recomposição de infraestrutura e redução de custos de transação. Não custa lembrar aqui que no indicador do Banco Mundial, o Doing Business, estamos ficando para trás.
A questão é como o BC pode "estimular o crescimento econômico", sabendo que seu principal instrumento é a política monetária. No longo prazo, o crescimento econômico depende de acumulação de fatores de produção, como capital e trabalho, de recursos naturais, inovação tecnológica e de um ambiente institucional amigável ao florescimento de mercados competitivos. No longo prazo, a política monetária determina basicamente a taxa de inflação da economia e pouco afeta estes condicionantes, exceto no que diz respeito ao fortalecimento de um ambiente institucional favorável. No longo prazo, a política monetária pode ter impacto negativo sobre crescimento econômico se produzir instabilidade macroeconômica ou inflação elevada, prejudicando assim o funcionamento de mercados. Isto nos traz aos problemas de curto prazo, onde ela tem maior impacto. No curto prazo, o principal impacto da política monetária é sobre a demanda agregada, e ela pode ser utilizada para estabilizar o produto.
O problema é que, ao contrário da visão keynesiana de que "no longo prazo estaremos todos mortos" e que apenas o curto prazo é relevante para a condução de política monetária, o fato é que o longo prazo é uma sucessão de curtos prazos - o que significa que políticas de curto prazo que minam estabilidade de longo prazo não são desejáveis. Neste sentido, uma boa política monetária é aquela que visa estabilizar a economia ao longo do tempo, provendo um regime monetário com inflação baixa e estável. Ocorre que este é o objetivo central do regime de metas de inflação e desta forma ele favorece crescimento econômico sustentável ao ajudar a promover um ambiente institucional favorável.
A ambiguidade do projeto da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado decorre do fato de que a ótica política raramente transcende o curto prazo e visa predominantemente as próximas eleições. Associado à perspectiva proferida por certos economistas do governo de que "um pouco mais de inflação ajuda o crescimento", pode-se estar visando ganhos políticos de curto prazo em detrimento de uma sociedade melhor ao longo do tempo. Por outro lado, se o desejo da Comissão for o de promover crescimento econômico de longo prazo, então o melhor negócio, sob o ponto de vista de política monetária, é manter o regime de metas de inflação reforçando seus fundamentos necessários, como responsabilidade fiscal e taxas flutuantes de câmbio. Adicionalmente, neste segundo caso, a Comissão deveria propor iniciativas para para criar no país um ambiente mais amigável à atividade econômica, como desoneração tributária, recomposição de infraestrutura e redução de custos de transação. Não custa lembrar aqui que no indicador do Banco Mundial, o Doing Business, estamos ficando para trás.
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quinta-feira, 17 de novembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
O Capitalismo de Compadres Destrói Bons Valores Morais
A relação entre virtudes morais e a sociedade aberta (capitalismo de livre mercado) raramente é devidamente compreendida, tornando a leitura de Deirdre McCloskey civilizatória. Adicionalmente, Tyler Cowen discorre sobre como o capitalismo de compadres pode estar corroendo valores essenciais para qualquer país como ética do trabalho e cultura do empreendedorismo:
"The United States has always had a culture with a high regard for those able to rise from poverty to riches. It has had a strong work ethic and entrepreneurial spirit and has attracted ambitious immigrants, many of whom were drawn here by the possibility of acquiring wealth. Furthermore, the best approach for fighting poverty is often precisely not to make fighting poverty the highest priority. Instead, it’s better to stress achievement and the pursuit of excellence, like a hero from an Ayn Rand novel. These are still at least the ideals of many conservatives and libertarians."
"...the problem is that higher status for the wealthy can easily lead to crony capitalism. In public discourse social status judgments are often crude. Critical differences are lost, like the distinction between earning money through production for consumers, as Apple has done, and earning money through the manipulation of government, which heavily subsidized agribusinesses have done. The relevant question, in my view, is not about how much you have earned but about how you have earned it. To further confuse matters, many right-wing Republican politicians supported corporate bailouts and corporate welfare far beyond what was necessary to stabilize the economy, in doing so further muddying the difference between productive and predatory capitalism."
"The United States has always had a culture with a high regard for those able to rise from poverty to riches. It has had a strong work ethic and entrepreneurial spirit and has attracted ambitious immigrants, many of whom were drawn here by the possibility of acquiring wealth. Furthermore, the best approach for fighting poverty is often precisely not to make fighting poverty the highest priority. Instead, it’s better to stress achievement and the pursuit of excellence, like a hero from an Ayn Rand novel. These are still at least the ideals of many conservatives and libertarians."
"...the problem is that higher status for the wealthy can easily lead to crony capitalism. In public discourse social status judgments are often crude. Critical differences are lost, like the distinction between earning money through production for consumers, as Apple has done, and earning money through the manipulation of government, which heavily subsidized agribusinesses have done. The relevant question, in my view, is not about how much you have earned but about how you have earned it. To further confuse matters, many right-wing Republican politicians supported corporate bailouts and corporate welfare far beyond what was necessary to stabilize the economy, in doing so further muddying the difference between productive and predatory capitalism."
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Um Exemplo de Como Não Se Deve Fazer Econometria
Menzie Chinn queima alguns neurônios se dedicando a um exemplo de livro texto. É preciso ter bom senso para utilizar econometria (e matemática também), e o bom senso vem de teoria econômica. O exemplo do Chinn é semelhante a um que costumo dar e que aterroriza alunos de macro: se a política monetária for usada eficientemente para estabilizar o produto, a correlação entre mudanças na oferta de moeda e no produto será próxima de zero!
Capitalismo de Compadres e Rent-Seeking
Não estou me referindo ao Brasil, mas aos EUA, cujo governo trilha insistentemente o caminho em direção à argentinização. Desta vez é com subsídios à produção de energia solar. Do NYT:
WASHINGTON — Halfway between Los Angeles and San Francisco, on a former cattle ranch and gypsum mine, NRG Energy is building an engineering marvel: a compound of nearly a million solar panels that will produce enough electricity to power about 100,000 homes.
The project is also a marvel in another, less obvious way: Taxpayers and ratepayers are providing subsidies worth almost as much as the entire $1.6 billion cost of the project. Similar subsidy packages have been given to 15 other solar- and wind-power electric plants since 2009.
The government support — which includes loan guarantees, cash grants and contracts that require electric customers to pay higher rates — largely eliminated the risk to the private investors and almost guaranteed them large profits for years to come. The beneficiaries include financial firms like Goldman Sachs and Morgan Stanley, conglomerates like General Electric, utilities like Exelon and NRG — even Google.
A great deal of attention has been focused on Solyndra, a start-up that received $528 million in federal loans to develop cutting-edge solar technology before it went bankrupt, but nearly 90 percent of the $16 billion in clean-energy loans guaranteed by the federal government since 2009 went to subsidize these lower-risk power plants, which in many cases were backed by big companies with vast resources.
WASHINGTON — Halfway between Los Angeles and San Francisco, on a former cattle ranch and gypsum mine, NRG Energy is building an engineering marvel: a compound of nearly a million solar panels that will produce enough electricity to power about 100,000 homes.
The project is also a marvel in another, less obvious way: Taxpayers and ratepayers are providing subsidies worth almost as much as the entire $1.6 billion cost of the project. Similar subsidy packages have been given to 15 other solar- and wind-power electric plants since 2009.
The government support — which includes loan guarantees, cash grants and contracts that require electric customers to pay higher rates — largely eliminated the risk to the private investors and almost guaranteed them large profits for years to come. The beneficiaries include financial firms like Goldman Sachs and Morgan Stanley, conglomerates like General Electric, utilities like Exelon and NRG — even Google.
A great deal of attention has been focused on Solyndra, a start-up that received $528 million in federal loans to develop cutting-edge solar technology before it went bankrupt, but nearly 90 percent of the $16 billion in clean-energy loans guaranteed by the federal government since 2009 went to subsidize these lower-risk power plants, which in many cases were backed by big companies with vast resources.
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terça-feira, 8 de novembro de 2011
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