quinta-feira, 28 de abril de 2011

Keynes vs. Hayek


Desta vez, com participação especial de Ben Bernanke. Sensacional!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Desagradável Aritmética Monetarista

Imagine um político que se considera semileigo em economia, outro considerado por muitos um grande mestre no assunto e um jornalista econômico de um jornal de grande circulação. Quando postos frente ao gráfico ao lado e perguntados sobre a relação entre moeda e preços, muito provavelmente demonstrarão a mesma perplexidade de um cidadão comum, sem nenhuma formação em economia.
- É claro que não há nenhuma relação entre estas duas variáveis, diz o articulista. Os dados falam por si: preços sobem e a oferta de moeda permanece constante. Se o governo quiser controlar preços e a taxa de inflação, deve fazê-lo com medidas heterodoxas, como congelamento de preços, e não elevando a taxa de juros.
- É mais do que evidente que os economistas ortodoxos estão errados quando querem independência do banco central, diz o semileigo. Nas fileiras do meu partido, os economistas entendem as evidências empíricas e não seguem esta cartilha neoliberal.
- Meu caro Clóvis, há muito tempo eu próprio venho alertando a Presidência da inconsistência da política econômica, diz o grande mestre. O problema está na teoria quantitativa da moeda, obsoleta desde David Hume. O que existe de fundamentalmente errado na teoria econômica atual é o excesso de matemática, que cega o economista à realidade dos fatos. Veja esta obsessão com o câmbio, por exemplo. Por que deixá-lo flutuar livremente quando esta política de juros altos, baseada na teoria quantitativa, provoca tantos danos à indústria nacional?
- Não vejo nenhuma relação, diz o cidadão comum.

Mas o tempo vai passando e novas observações empíricas são adicionadas ao nosso gráfico, que agora ficou assim. Os nossos heróis bem podem tê-lo entendido da seguinte maneira:
- Existe um caráter meramente aleatório na relação entre oferta de moeda e inflação, diz o articulista. Foi um leitor da minha coluna que me explicou isto.
- O que este gráfico nos diz é óbvio: os preços e a inflação começam a subir antes da oferta de moeda, diz o semileigo. É claro então que é a inflação que determina a oferta de moeda e, de acordo com o companheiro Mercadante, é mais um motivo para que devamos controlar os preços de forma direta. Aí sim é que a oferta de moeda estará sob controle. Fazer o contrário só causa recessão, sem efeitos sobre a taxa de inflação.
- Meu caro Clóvis, a economia está longe de ser uma ciência exata, diz o grande mestre. A relação entre moeda e inflação muda ao longo do tempo, de forma que nenhum modelo matemático consegue explicar. Keynes foi o maior economista do século XX e nunca se preocupou com estas bobagens matemáticas. O fato é que, com esta relação instável da política monetária com a taxa de juros e inflação, é um erro de proporções catastróficas deixar o câmbio apreciar desta forma. Keynes entendeu bem o problema da instabilidade monetária e sua relação com a armadilha da liquidez. Com toda esta liquidez internacional, deixar o câmbio flutuar é entrar na própria armadilha!
- Sei lá, diz o cidadão comum.

Em 1981 Thomas Sargent e Neil Wallace publicaram um importante artigo, que mostrou que em certas condições política monetária restritiva hoje causa maior inflação hoje. Os gráficos acima foram elaborados com base em uma versão muito simplificada do modelo original, mas que no entanto mantém o resultado original. Esta versão depende apenas de duas equações: o equilíbrio monetário e uma regra de política monetária. As equações são as seguintes:

- equilíbrio monetário (em log): (m_t - p_t) = -alpha*(p_t+1 - p_t)

- Regra de política monetária:

m_t = m0 para t = 1, 2, ..., n-1
m_n+i = m1 + gama*i para i = 0, 1, ...

Para os alunos das disciplinas de Tópicos Especiais de Macroeconomia e Economia Monetária II, uma proposta: os três primeiros alunos em cada disciplina que derivarem corretamente a trajetória do nível de preços, terão um indulto para a primeira prova da disciplina.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Controle de Armas Redux



Em decorrência da tragédia de Realengo, o governo reinicia a discussão sobre controle de armas. Desnecessária, a meu ver, visto que já houve uma consulta popular em 2005 que rejeitou o controle. Parece a velha estratégia política de forçar uma proposição que, mesmo sendo seguidas vezes derrotada, pode acabar sendo imposta por estar sempre na pauta de discussões.

Pode-se, no entanto, aprimorar o argumento de controle abrindo opções para nova consulta popular como a) permitir armas de fogo APENAS dentro de casa; b) permitir que as pessoas tenham armas de fogo em casa e que possam andar armadas nas ruas; e c) não permitir armas de fogo, que é a proposta de Adolfo Sachsida. A meu ver, o problema da proposta do Adolfo é legitimar neste momento de justa comoção uma nova tentativa de desarmar a população, correndo o risco de que não serão estes os termos da consulta.

Não custa lembrar que o desarmamento da população civil tem sido utilizado por governos opressivos, com objetivos menos nobres do que evitar acidentes ou impedir a realização de crimes:

"This year will go down in history. For the first time, a civilized nation has full gun registration. Our streets will be safer, our police more efficient, and the world will follow our lead." (Chancelor's Speech, 1935 by Adolf Hilter)

"Germans who wish to use firearms should join the SS or the SA, ordinary citizens don't need guns, as their having guns DOESN'T SERVE THE STATE." - HEINRICH HIMMLER

"All political power comes from the barrel of a gun. The communist party must command all the guns, that way, no guns can ever be used to command the party." -Mao Zedong

"One man with a gun can control 100 without one. ... Make mass searches and hold executions for found arms." --V.I. Lenin.

Por outro lado, o direito de carregar e manter armas de fogo pode ser entendido como um mecanismo de prevenção de tiranias:

"The Constitution shall never be construed to authorize Congress to prevent the people of the United States, who are peaceable citizens, from keeping their own arms." - Samuel Adams

"Americans need never fear their government because of the advantage of being armed, which the Americans possess over the people of almost every other nation." - James Madison

"Guard with jealous attention the public liberty. Suspect every one who approaches that jewel. Unfortunately, nothing will preserve it but downright force. Whenever you give up that force, you are ruined" - Patrick Henry

"The Constitution of the United States asserts that all power is inherent in the people; that they may exercise it by themselves; that it is their right and duty to be at all times armed." -Thomas Jefferson

"The right of the citizens to keep and bear arms has justly been considered as the safeguard of the liberties of a republic; since it offers a strong moral check against usurpation and arbitrary power of rulers; and will enable the people to resist and triumph over them." - U.S. Supreme Court Justice Joseph Story, 1833

Pode parecer um exagero invocar Hitler, Lenin e Mao para defender o porte de armas, mas mesmo que jamais tenhamos novamente regimes totalitários como o nazismo, comunismo e socialismo, chamar a atenção das características destes regimes tirânicos nos ajuda a impedir que tais eventos ocorram novamente mesmo em regimes menos opressivos.

O Que Aconteceria se Empresas Aéreas Vendessem Tinta?

Algo parecido com isto:

Buying paint from a hardware store.

Customer: Hi, how much is your paint?

Clerk: We have regular quality for $12 a gallon and premium for $18. How many gallons would you like?

Customer: Five gallons of regular quality, please.

Clerk: Great. That will be $60 plus tax.

Buying paint from an airline.

Customer: Hi, how much is your paint?

Clerk: Well, sir, that all depends.

Customer Depends on what?

Clerk: Well, there’s a lot of things.

Customer: How about just giving me an average price?

Clerk: Wow, that’s just too hard a question. The lowest price is $9 a gallon, and we have 150 prices up to about $200 a gallon.

Customer: I’d like some of that $9 paint.

Clerk: Well, first I need to ask you a few questions. When do you intend to use it?

Customer: I want to paint tomorrow which is my day off.

Clerk: Sir, the paint for tomorrow is the $200 paint.

Customer: What!! When would I have to paint in order to get the $9 paint?

Clerk: That would be in three weeks, but you will also have to agree to start painting before Friday and continue painting until at least Sunday.

Customer: You’ve got to be kidding!

Clerk: Sir, we don’t kid around here. Of course, I would have to check to see if we have any of that paint available before I could sell it to you.

Customer: You have shelves full of the stuff; I can see it right there. What do you mean check to see if you can sell it to me?

Clerk: Just because you can see it doesn’t mean that we have it. It may be the same paint, but we only sell a certain number of gallons on any given weekend. Oh, and by the way, the price just went to $12.

Customer: What!! You mean the price just went up while we were talking?!

Clerk: Yes sir. You see, we change prices and rules thousands of times a day, and since you haven’t actually walked out the store with your paint yet, we just decided to change. Unless you want the same thing to happen again, I would suggest that you get on with your purchase. How many gallons do you want?

Customer: I don’t know exactly. I guess I will buy a little extra

Clerk: Oh no, sir, you can’t do that. If you buy the paint and then don’t use it, you will be liable for penalties and possible confiscation of the paint you already have.

Customer: What!

Clerk: That’s right. We can sell you enough paint to do your kitchen, bathroom, hall, and north bedroom, but if you stop painting before you do the bedroom, you will be in violation of our tariffs.

Customer: But what does it matter to you whether I use all the paint? I already paid you for it!

Clerk: There is no point in getting upset; that’s just the way it is. We make plans based upon the idea that you will use all the paint, as you have agreed to do, and when you don’t, it just causes us all sorts of problems.

Customer: This is crazy! I suppose something terrible will happen if I don’t keep painting until after Saturday night!

Clerk: Yes, sir, it will.

Customer: Well, that does it! I’m going to another company to buy my paint.

Clerk: That won’t do you any good, sir. We all have the same rules. Oh, and thanks for flying, er I mean painting with our airline.

Copyright Alan H. Hess, 1998. All rights reserved.