segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Quão Grandes são os Multiplicadores de Dispêndio?




As decisões de consumo das famílias são melhor descritas pelo modelo de renda permanente do Milton Friedman e pelo modelo de ciclo de vida de Franco Modigliani ou pela teoria da função consumo keynesiana? Qual é o impacto, até agora, do pacote fiscal de estímulo econômico do governo Obama? John Cogan, John Taylor e Volker Wieland oferecem evidências empíricas de que a macroeconomia moderna (neoclássica, de expectativas racionais) é a que melhor explica os dados.

"Incoming data will reveal more in coming months, but the data available so far tell us that the government transfers and rebates have not stimulated consumption at all, and that the resilience of the private sector following the fall 2008 panic--not the fiscal stimulus program--deserves the lion's share of the credit for the impressive growth improvement from the first to the second quarter. As the economic recovery takes hold, it is important to continue assessing the role played by the stimulus package and other factors. These assessments can be a valuable guide to future policy makers in designing effective policy responses to economic downturns."

Keynes: O Retorno do Mestre

Greg. Mankiw comenta o novo livro de Robert Skidelsky, o biógrafo "oficial" de John Maynard Keynes, no WSJ.

"Keynesian theory is based in part on the premise that wages and prices do not adjust to levels that ensure full employment. But if recessions and depressions are as costly as they seem to be, why don't firms have sufficient incentive to adjust wages and prices quickly, to restore equilibrium? This is a classic question of macroeconomics that, despite much hard work, is yet to be fully resolved.

Which brings us to a third group of macroeconomists: those who fall into neither the pro- nor the anti-Keynes camp. I count myself among the ambivalent. We credit both sides with making legitimate points, yet we watch with incredulity as the combatants take their enthusiasm or detestation too far. Keynes was a creative thinker and keen observer of economic events, but he left us with more hard questions than compelling answers."

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Que Há de Errado Com a Macroeconomia?

Desde o artigo do Paul Krugman, comentado aqui, o debate vem esquentado. Mark Thoma faz um levantamento das manifestações. Este debate é importante pois pode mudar a maneira como se faz teoria macroeconômica e pesquisa nesta área, sem falar na disposição de financiá-las. Minha pergunta então é: Este debate acirrado existe pois os economistas estão em busca da "verdade" ou trata-se de buscar manter ou realocar verba de pesquisa? Estas duas possíveis fontes da tensão do debate levam a ações observacionalmente equivalentes ou podemos inferir dos comentários o que está em jogo?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Desafios Para o Mundo Pós-Crise

A magnitude dos déficits fiscais das principais economias do planeta criados para lidar com a crise levaram a uma situação delicada: na ausência de maior disciplina fiscal no futuro próximo, as únicas formas de conter a explosão das dívidas públicas são sua monetização - maior inflação - ou calote. O maior desafio das autoridades monetárias será prover um ambiente macroeconômico estável com inflação baixa, na presença de enormes dificuldades fiscais. Carlo Cotarelli e José Viñals explicam.

Enquanto Isto, Faltam Investimentos

Sem investimento, não há crescimento. Sem crescimento econômico, não haverá bolsa-família o suficiente para resolver os problemas de pobreza!

Reestatização Em Curso

Além do pré-sal, avançam medidas reestatizantes em vários setores da economia. O país corre o risco de perder as melhorias institucionais da década passada, que proporcionaram maior estabilidade macroeconômica e um ambiente econômico mais propício aos negócios.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Number Nine, Number Nine, Number Nine...


Hoje, 09/09/09, um grande evento.

Como Fazer o Bem Com o Dinheiro dos Outros

Milton Friedman explica. O vídeo sobre as quatro maneiras de gastar dinheiro é de baixa qualidade, mas vale a pena ser visto. O link é este aqui.

Como é Bom Gastar o Dinheiro dos Outros .....

com os outros. Nada como poder ir ao shopping, comprar à vontade e gastar o dinheiro de terceiros. Melhor ainda quando se trata de dezenas de bilhões de Reais. Nada contra reequipar as Forças Armadas, mas certas coisas exigem planejamento de longo prazo e não simplesmente "impulso de compras". Sequer os militares foram devidamente consultados, de acordo com a matéria do Estadão:

"E nem se pode dizer que os acordos e compromissos até aqui assumidos permitirão ao Brasil dar um salto tecnológico nas áreas de produção de sistemas avançados de armas, que coloquem o País como líder incontestável da região. O compromisso de compra dos Rafale, por exemplo, foi feito de afogadilho. "Os nossos companheiros trabalharam até quase as 2 horas. Eu nem sequer tive tempo de fazer reunião com o ministro da Defesa para discutir com profundidade", confessou o presidente Lula. O comandante da Aeronáutica, ao que parece, ficou sabendo de tudo no final do expediente, pois os militares foram excluídos do processo de decisão. De fato, essa decisão nem mesmo constava do texto da declaração conjunta assinada pelos dois presidentes. Foi acrescentada, em folha avulsa, depois que o presidente Sarkozy manifestou a intenção - apenas isso - de comprar dez aviões cargueiros de um modelo que a Embraer ainda está projetando. Vivo fosse, o general De Gaulle diria que este ainda não é um país sério."

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Salvando o Capitalismo dos Capitalistas

Tudo bem, é o título do post do Mankiw. Mas o título original é do livro do Luigi Zingales e Raguram Rajan, referência na minha disciplina de Economia Monetária II. O link direto para o artigo do Zingales "Capitalism After the Crisis" é este aqui.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Avanço do Atraso

O atual governo federal vem promovendo políticas que minam tanto a estabilidade macroeconômica duramente conquistada na última década quanto as perspectivas de crescimento econômico de longo prazo. São quatro as contrarreformas: uma fiscal, uma previdenciária, uma outra do Estado e uma trabalhista. Em importante artigo do Gustavo Loyola. Com diz o Estadão, está se criando uma herança maldita.

sábado, 5 de setembro de 2009

Paul Krugman Sobre a Falência da Macroeconomia

Bom artigo do Paul Krugman, no NYT. Melhora ainda com este complemento. Alguns pontos merecem maior reflexão, no entanto. É verdade que poucos economistas de mainstream previram esta crise, mas isto não me parece uma crítica sólida à teoria macroeconômica, nem ao menos representa uma vantagem dos keynesianos ortodoxos: Diz-se que estes previram dez das últimas três crises. Tal qual os profetas do apocalipse, acreditam que a correção de suas previsões é demonstrada pela quantidade de vezes em que estiveram errados. Nem tampouco o próprio Paul Krugman tem o mérito de ter previsto esta crise. Mas isto é, como se diz, café pequeno.O que talvez Krugman tenha subestimado é a diferença entre informação pública e informação privada. Em macroeconomia, economistas trabalham com dados agregados (nem sempre) e publicamente disponíveis. Raramente um analista tem a mesma informação privada que um practitioner tem quando toma suas decisões. Muitas vezes nem mesmo os practitioners têm toda informação relevante quando tomam decisões. É claro aqui que temos o problema de informação assimétrica, que é o tratamento analítico que economistas convencionais dão a problemas de bolhas de ativos e crises financeiras. Economistas convencionais não são tão cegos assim a problemas do "real world", como Krugman sugere.

Outro problema do argumento do Krugman diz respeito à importância de comportamentos irracionais. Assumir a existência de irracionalidade não nos permite prever tais comportamentos, pois afinal existem inúmeras maneiras de se comportar irracionalmente. A nota complementar do Krugman citada acima, já corrige o erro: "Actually, let me put it this way: the economy is a complex system of interacting individuals — and these individuals themselves are complex systems. Neoclassical economics radically oversimplifies both the individuals and the system — and gets a lot of mileage by doing that; I, for one, am not going to banish maximization-and-equilibrium from my toolbox." Talvez o mais correto na linha de argumentação do Krugman teria sido afirmar que comportamento racional individual não é fundamento suficiente para racionalidade coletiva, argumento este já feito por Mancur Olson décadas atrás. Problemas de coordenação, custos de transação, assimetria de informação e incentivos políticos permeiam a atividade econômica e tornam o quadro muito complexo para que modelos simples possam capturar corretamente todas as dimensões relevantes do problema. Isto não é um problema da macroeconomia em si, mas um problema geral de aplicar modelos simples ao entendimento de sistemas complexos.

Outro argumento do Krugman é que economistas convencionais ignoraram a possibilidade de existência de crises em seus modelos. Uma interpretação mais crítica é que isto equivale a criticar médicos por não terem previsto e preparado a vacina contra a gripe H1N1 antes de sua eclosão. Neste caso, o fato importante é que, dada a sua eclosão, o conhecimento em medicina permitiu a fabricação de vacinas, assim como o conhecimento em teoria macroeconômica permitiu a atenuação da crise, evitando que esta se transformasse em uma nova Grande Depressão. Uma interpretação mais simpática, que eu endosso, é que alguns economistas (em macroeconomia, em particular), dado o sucesso relativo de políticas econômicas liberais dos últimos vinte anos, desconsideraram a possibilidade de crises e reversões de política, fazendo as perguntas erradas. Os resultados dos modelos dependem obviamente do que se pretende obter deles.

No entanto, as críticas de Krugman à macroeconomia convencional não tornam sua interpretação da crise necessariamente correta: ele tem uma fé exagerada tanto nos multiplicadores do dispêndio quanto na capacidade de governos de tomar decisões corretas. Da mesma forma que acusa a macroeconomia convencional de ignorar aspectos relevantes da realidade, ele também pode ser acusado do mesmo pecado ao ignorar as contribuições de Escolha Pública e Economia Institucional.

Finalmente, minha crítica à macroeconomia é não dar a devida atenção às restrições que operam sobre o conjunto possível de ações de política. A análise macroeconômica pode ser feita em três níveis: políticas, regimes e instituições. Regimes de política restringem as escolhas de política macroeconômica (regime de metas de inflação, por exemplo), enquanto que instituições restringem a escolha de regimes (populismo impede a adoção com sucesso do regime de metas de inflação, socialismo impede a adoção de mercados organizados, má definição e enforcement de direitos de propriedade pioram as perspectivas de crescimento econômico de longo prazo, etc.). O conhecimento do impacto de instituições sobre a atividade macroeconômica é essencial para entendermos melhor os efeitos da adoção de determinados regimes e políticas econômicas, mas este argumento ainda não faz parte do arsenal do macroeconomista convencional. Mesmo o Krugman deve saber, de sua própria experiência, que é muito difícil dominar as contribuições de várias áreas do conhecimento. Mais difícil ainda é combiná-las para aumentar o poder explicativo e preditivo da ciência.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Impactos do Estado de Direito: Francenildo Somos Todos Nós


De acordo com este ótimo artigo de Demétrio Magnoli, o Judiciário adota o paradigma do Executivo, expresso por Lula: no Brasil, o Estado distingue os "homens incomuns" dos "homens comuns".

Trata-se de uma flagrante violação do Estado de Direito, ou Rule of Law. Sob o Estado de Direto, todos estão sujeitos à regra da lei, independentemente de serem amigos do presidente, do partido do presidente ou ele próprio. Não se trata apenas de uma questão de ordem moral ou de justiça, mas tem também significativa importância sobre o bem estar da sociedade, como medido pela renda per capita. Não fosse apenas isto, a adesão ao Estado de Direito tem também impacto sobre a sobrevivência da democracia. Do artigo Rodrik e Rigobon (2004):

"We find that democracy and the rule of law are both good for economic performance, but the latter has a much stronger impact on incomes. ... Rule of law and democracy tend to be mutually reinforcing."

Dá para entender por que não conseguimos crescimento econômico maior do que taxas medíocres?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Futuro do Brasil

A Tragédia dos Comuns da Tributação e Transferências Governamentais

Nada como um pouquinho de lógica econômica para desfazer mitos que os políticos adoram. E o Alex o faz de forma hilariante. O argumento lembra uma versão simplificada do artigo "Public Policies, Pressure Groups, and Dead Weight Costs" de Gary Becker, onde ele conclui:

"Powerful groups can secure the implementation of policies that benefit them while reducing social output, and can thwart policies that harm them while raising output".

Qualquer semelhança com políticas públicas no Brasil não é mera coincidência!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Febeapá: Produtividade do Governo Cresce Mais do Que a do Setor Privado, Segundo o IPEA

Em recente Comunicado da Presidência, o IPEA divulga estudo que mostra que a produtividade do governo cresceu mais do que a do setor privado nos últimos anos. Curioso é que governos estaduais que se engajaram em reformas estruturais, justamente para aumentar a sua produtividade, não alcançaram seus objetivos, segundo o IPEA.
O problema é que os técnicos do IPEA cometeram um erro elementar de análise. Vale a pena discuti-lo para que estudantes de economia não comprometam suas carreiras cometendo deslizes desta magnitude. O Estadão analisa a dimensão política do problema, enquanto que o Alex o disseca com a profundidade de sempre.
O problema elementar é não entender os dados e atribuir a eles significados exóticos. O IPEA usa dados de valor agregado das contas nacionais, elaborados pelo IBGE, para chegar às suas conclusões. Ocorre que estimativas de valor adicionado (como os componentes do PIB, no caso), só têm sentido quando estimados a preços de mercado, que refletem valores sociais. É o velho princípio da mão invisível de Adam Smith, que justifica a produção de tais estimativas. Entretanto, existem algumas dificuldades na produção destas estimativas. Como incluir nelas vários bens e serviços, na ausência de preços de mercado, como por exemplo educação pública e outros bens e serviços produzidos pelo governo? Neste caso, a estimativa é feita pelo custo de produção, como salários, etc. Aí é necessário fazer a pergunta que os técnicos do IPEA ignoraram: gastos do governo, mensurados pelo seu custo, refletem valor adicionado? Para os técnicos do IPEA, quando o Senado paga horas extra em período de recesso parlamentar, ele está apenas aumentando sua produtividade! Esta bizarra conclusão decorre do erro elementar dos técnicos do IPEA, que é o de não entender o significado de estatísticas.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Privatização Causa Alcoolismo

TST equipara alcoolismo a doença de trabalho e manda empresa readmitir empregado

O alcoolismo crônico pode ser equiparado a uma doença de trabalho e garantir estabilidade de emprego às suas vítimas. Essa tese foi confirmada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), que negou recurso de uma empresa do Espírito Santo e determinou a reintegração de um funcionário demitido.

Dispensado após trabalhar por 27 anos na Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas), o eletricitário processou a empresa alegando que o alcoolismo era decorrente de sua função. Um laudo pericial pedido pela Justiça apontou que o trabalho em redes elétricas de alta tensão fez com que o funcionário se entregasse à bebida.

Segundo a perícia, outro fator que contribuiu para o alcoolismo do empregado teria sido a expectativa de perda do emprego, durante o processo de privatização da companhia elétrica, quando existiram demissões em massa. O empregado teve ganho de causa tanto na 1ª quanto na 2ª instância.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Homenagem a uma Candidata

...a dois presidentes e a tantos outros da vida pública nacional.



Words and music by Freddie Mercury

I have sinned dear Father Father I have sinned
Try and help me Father
Won't you let me in? Liar
Nobody believes me Liar
Why don't they leave me alone?
Sire I have stolen stolen many times
Raised my voice in anger
When I know I never should
Liar oh ev'rybody deceives me
Liar why don't you leave me alone

Liar I have sailed the seas
Liar from Mars to Mercury
Liar I have drunk the wine
Liar time after time
Liar you're lying to me
Liar you're lying to me
Father please forgive me
You know you'll never leave me
Please will you direct me in the right way
Liar liar liar liar
Liar that's what they keep calling me
Liar liar liar

Oooh, let me go

Listen are you gonna listen
Mama I'm gonna be your slave
All day long
Mama I'm gonna try behave
All day long
Mama I'm gonna be your slave
All day long
I'm gonna serve you till your dying day
All day long
I'm gonna keep you till your dying day
All day long
I'm gonna kneel down by your side and pray
All day long and pray
All day long and pray
All day long and pray
All day long all day long all day long
All day long all day long all day long

All day long all day long all day long
Liar liar they never ever let you win
Liar liar everything you do is sin
Liar nobody believes you
Liar they bring you down before you begin
Now let me tell you this
Now you know you could be dead before they let you

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Bernanke: Reflexões Sobre um Ano de Crise

Boa palestra de Ben Bernanke, hoje, em Jackson Hole, Wyo. Como diz o título da reportagem, "salvamos o mundo do desastre." Concordo com a afirmação, mas a que custo? Era possível fazer melhor, considerando incentivos intertemporais? De qualquer forma, aí vai o speech na íntegra. Quem quiser criticá-lo deve lê-lo, assim como a bibliografia citada: Gorton, Calomiris e Brunnermeier têm algumas das melhores interpretações da crise.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Novas Ferramentas Para o Ensino de Economia

Bem, novas pelo menos para mim. Espero que os sites das minhas disciplinas de graduação ajudem os alunos a melhorar sua compreensão de economia, sem complicar meus afazeres. Uma espécie de free lunch educacional. Os sites estão abertos para visitação pública, mas comentários são moderados e restritos para alunos matriculados nas disciplinas. Como trata-se de apenas um passo inicial, aceito sugestões de melhoria.

Para a disciplina de Economia Internacional o link é este aqui. Para a de Economia Monetária o link é este.

domingo, 16 de agosto de 2009

Empecilhos ao Crescimento Econômico

Todo mundo que já estudou um pouco de teorias do crescimento econômico sabe, desde a contribuição seminal de Joseph Schumpeter, que inovação tecnológica é a chave para promover aumentos de produtividade e crescimento da renda. Mais importante, trata-se de um processo de destruição criativa, que é a força que impulsiona o crescimento econômico sustentável de longo prazo.

Em termos mais convencionais de teoria econômica, uma inovação tecnológica aumenta tanto a produtividade marginal do capital quanto do trabalho, aumentando assim a renda per capita. O segredo ou fracasso das nações está então na sua capacidade de inovar e mudar sua estrutura econômica de produção. Por que então algumas nações não conseguem se desenvolver? Uma teoria popular é a do imperialismo: países da periferia são explorados pelos países centrais. Em outras palavras, porque os "Estados Unidos não deixam". Esta teoria é a base do bolivarianismo, o socialismo do século XXI.

Mas pode ser por outro motivo também. Tal qual caranguejos no balde, onde aquele que está prestes a escapar é puxado para baixo pelos outros na tentativa de escapar também, algumas sociedades não permitem reformas, mudança estrutural e inovação tecnológica. Sobre esta última visão, Cláudio Shikida mostra como nosso sistema político está impregnado por uma mentalidade que inibe desenvolvimento econômico. Seguindo a Teoria da Jaboticaba, vai aí uma pequena coletânea de projetos estapafúrdios:

"Um dos grandes fabricantes de jabuticaba nacional é o deputado Aldo Rebelo, com vários projetos estapafurdios:

1) PL. 4502/1994 – Proíbe a adoção, pelos órgãos públicos, de inovação tecnológica poupadora de mão-de-obra (sic).

2)PL. 4224/1998 – Proíbe a instalação de bombas de auto-serviço nos postos de abastecimento de combustíveis;

3)PL. 2867/2000 – Proíbe a instalação de catracas eletrônicas ou assemelhados nos veículos de transporte coletivos;"

Ainda bem que o nobre deputado, autor das propostas acima, não era influente quando da introdução do automóvel. Naquele período, a motivação de uma lei que proíbe a produção de automóveis, de acordo com a visão do nobre deputado, certamente seria: "Com o intuito de evitar o desemprego em massa dos trabalhadores da indústria de carroças e dos tratadores de cavalos, ....."

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cesarismo Democrático

É a tentação latino-americana da reeleição indefinida do glorioso líder, de acordo com o prof. Juan Gabriel Tokatlian, de Relações Internacionais da Universidad de Di Tella, Argentina:

"In 1919, the first edition of Democratic Caesarism , by the Venezuelan historian and sociologist Laureano Vallenilla Lanz, was published and widely circulated across the continent. Vallenilla claimed to be seeking an effective (as opposed to the formal) constitutional system for his country.

To achieve this end, Vallenilla argued that, at least in the case of Venezuela, a charismatic leader, confirmed in power through regular elections, would be best placed to concentrate political power successfully and guarantee institutional order. Ninety years later, it looks as though, with the rise of a variety of neo- caudillos , Vallenilla’s idea of the “good Caesar” is coming back."

Gripe Suína Para Adultos

Um guia para o que autoridades da área de saúde não devem fazer.

O Que há de Errado com a Economia?

Em provocante artigo da The Economist, Paul Krugman é citado dizendo que a teoria macroeconômica dos últimos trinta anos é “spectacularly useless at best, and positively harmful at worst.” Afinal de contas, a crise financeira de 2008 não teria sido prevista pelos modelos macroeconômicos nem os economistas chegaram a algum consenso sobre como debelá-la, como argumenta a The Economist.
Robert Lucas, da Universidade de Chicago e Nobel em Economia, aceitou o desafio e rebateu o argumento em seu artigo "In Defense of the Dismal Science". Para Lucas, central na discussão é a Hipótese de Mercados Eficientes (EMH):

"One thing we are not going to have, now or ever, is a set of models that forecasts sudden falls in the value of financial assets, like the declines that followed the failure of Lehman Brothers in September. This is nothing new. It has been known for more than 40 years and is one of the main implications of Eugene Fama’s “efficient-market hypothesis” (EMH), which states that the price of a financial asset reflects all relevant, generally available information. If an economist had a formula that could reliably forecast crises a week in advance, say, then that formula would become part of generally available information and prices would fall a week earlier. (The term “efficient” as used here means that individuals use information in their own private interest. It has nothing to do with socially desirable pricing; people often confuse the two.)

Mr Fama arrived at the EMH through some simple theoretical examples. This simplicity was criticised in The Economist’s briefing, as though the EMH applied only to these hypothetical cases. But Mr Fama tested the predictions of the EMH on the behaviour of actual prices. These tests could have come out either way, but they came out very favourably. His empirical work was novel and carefully executed. It has been thoroughly challenged by a flood of criticism which has served mainly to confirm the accuracy of the hypothesis. Over the years exceptions and “anomalies” have been discovered (even tiny departures are interesting if you are managing enough money) but for the purposes of macroeconomic analysis and forecasting these departures are too small to matter. The main lesson we should take away from the EMH for policymaking purposes is the futility of trying to deal with crises and recessions by finding central bankers and regulators who can identify and puncture bubbles. If these people exist, we will not be able to afford them."

Esta resposta gerou várias reações de conhecidos economistas, que a The Economist está publicando como "The Lucas Round Table". O debate é de qualidade e vale a pena acompanhá-lo, participam nomes como Robert Barro, Brad DeLong, Mark Thoma, Richard Posen e Tyler Cowen.