sexta-feira, 18 de abril de 2008

Petróleo e a Maldição dos Recursos Naturais

A maldição dos recursos naturais diz respeito aos problemas que a abundância de recursos naturais pode trazer a um país, como crescimento econômico mais lento e corrupção. Em particular,países ricos em petróleo podem estar sofrendo desta maldição. A Venezuela, por exemplo, que nos anos 60 teve um PIB per capita em torno de 80% do PIB norte-americano, hoje tem apenas aproximadamente 25% e caindo.

Quais são as causas desses problemas? Em primeiro lugar, em países que dependem de recursos naturais, governos têm uma fonte de receita muito fácil, o que enfraquece o vínculo entre receita do governo e atividade econômica. O governo tem incentivos mais fracos para implementar políticas que levem a prosperidade, como proteção a direitos de propriedade, melhor regulação de mercados, redução de custos de transação, etc.

Em segundo lugar, as atividades de governo passam a ser marcadas pela disputa pela apropriação da receita proveniente da extração dos recursos. Em países democráticos, a disputa mobiliza intensivamente grupos de interesse, lobistas e políticos, com consequências diretas como o aumento de corrupção. Em países ditatoriais, o controle sobre o fluxo de renda dos recursos depende de quem controla as forças armadas. O efeito sobre corrupção também é positivo.

Com a suposta descoberta de uma imensa jazida de petróleo na costa brasileira, a disputa política pela apropriação do fluxo de renda já começou. (*) A descoberta de petróleo no Brasil será uma bênção ou uma maldição?
(*) O link anterior, do Valor Econômico, deixou de ser acessível para não-assinantes. Espero que o mesmo não ocorra com este do Estadao, que substitui o anterior.

11 comentários:

Anônimo disse...

Está com cara de presente de grego: se houver mesmo tanto petróleo quanto dizem, se for economicamente viável sua extração e se a opção do Estado for aumentar a tributação sobre a produção, teremos as seguintes conseqüências: o Estado paralisará os esforços dos últimos anos para restringir seus gastos, poderá mesmo haver uma certa redução da carga tributária e o dólar, que já anda desvalorizado, pode se desvalorizar mais ainda, inviabilizando uma série de empreendimentos, aumentando o desemprego.
É esperar para ver.

Anônimo disse...

Prezado Ronald,

Parabens pelo blog. Voce levanta um ponto que vai alem da questao dos recursos naturais mas que de fato eh sobre o uso que as pessoas fazem dos recursos. Nao eh a quantidade de recursos, mas sim como as pessoas os usam que determina o seu desenvolvimento. Esse eh o problema da conversao que o Professor Sen tanto fala. Mesmo que alguem mencione que os Estados Unidos sao muito ricos em recursos naturais, voce pode argumentar que o segredo do desenvolvimento americano tem sido o aperfeicoamento de suas instituicoes, sejam bancarias, legais ou governamentais. Isso nao quer dizer que muitos problemas nao existam la. Os recursos podem ser uma bencao ou maldicao nao por eles mesmos, mas pelo o que as pessoas fazem deles. Parabens novamente pelo blog. Excelente contribuicao.

Flavio Comim

Anaximandros disse...

Ronald, ja levei para os favoritos, agora, obrigo-me a acompanhar mais essa iniciativa, parabens. Sabino.

Guilherme Stein disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Guilherme Stein disse...

Parabéns pelo blog, professor!

Achei particularmente interessante o problema que é o governo ter fácil acesso a uma fonte de receita que não seja a tributação. Quando o Estado deixa de ser sustentado com o esforço dos indvíduos, ele passa a deixar de representá-los. O Estado se torna privado.

Países pobres em recursos naturais necessitam muito mais da cooperação individual e da divisão do trabalho do que países ricos em recursos naturais. Por isso que Hong Kong é tão liberal e a Venezuela é tão socialista.

Anônimo disse...

Professor,

Concordo que a abundância de recursos naturais em alguns países, como é o nosso caso, aguça o paladar dos que considero os "sanguessugas nacionais" (a maioria dos lobistas, empreiteros-políticos, empresários beneficiários da mamadeira do governo, e por aí vai).

Acho que o problema maior dessa questão é justamente este: Os interesses de poucos. É isso o que tem empurrado a riqueza do país sempre para os mesmos. Uma saída para isso é sem dúvida alguma torna mais assimétrico o acesso aos brasileiros do ganho econômico que irão gerar esses recursos.

Todavia, deixar a cargo do mercado esse patrimônio no curto prazo, para um país que não tem uma cultura de poupança, implicaria em transferir a renda para os que já têm um maior traquejo na questão. Isso a meu ver não melhoraria muito a situação.

Enfim, seria uma alternativa mais interessante se todos tiverem condições iguais e principalmente regras claras para participar da divisão do bolo de forma mais justa. Por outro lado, será uma maldição se apenas os mais informados tiverem acesso privilegiados e saírem na frente na partilha do bolo. Só que, por enquanto, com uma agência fragilizada (ANP) e com o judiciário moroso e ineficiente, acho difícil isso acontecer. Quem ganha com isso? OS MESMOS!!!

Abraço e sucesso!
Marcos Paulo
Ps.: Não consegui ler a reportagem que o link no final do seu post remete.

blogdocris233 disse...

Parabéns pelo blog. Já está na barra de links do meu. Abraço, Cristiano.

baldus disse...

Primeiramente parabens pelo blog.
De fato, tudo que é mais fácil todos vão atrás, pra que estabelecer direitos claros de propriedade, reduzir custos de transação, se não precisamos(governo) disso? Vamos ganhar muito dinheiro, o resto não interessa.
As conseqüências disso já foram faladas, só pode dar em algo ruim. E digo mais, num país como o Brasil, esses maus efeitos tendem a ser cada vez mais presentes. Infelizmente estamos acostumados com isso já.

Alex disse...

Ronald:

Em primeiro lugar parabens pelo blog. Eh bom ver mais alguem defendendo ideias com sentido e mais ainda quando se trata de um economista com as suas qualidades.

A Eleni manda os parabens tambem e diz que esta com saudades.

Um grande abraco,

Alex

Anônimo disse...

Olá Ronald,

Fiquei muito entusiasmado com a sua iniciativa, pois agora poderei ter acesso, mesmo à distância, às suas análises pouco convencionais sobre como as instituições condicionam, para o bem ou para o mal, a trajetória de desenvolvimento de um país. Com efeito, o título do blog não poderia ser outro, uma vez que as regras do jogo - sejam elas formais ou informais - nada mais são do que reflexos de escolhas realizadas no passado. Meus parabéns pela iniciativa.

Um grande abraço de quem lhe deve muito,

Caio Piza.

Rafael Bicca Machado disse...

Caro Ronald:

Parabéns pela iniciativa. Já o incluí nos "favoritos".

Abraços,

Rafael Bicca Machado (IDERS)