segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Paul McCartney - I've Got a Feeling



Uma pequena amostra de como pode ter sido o show em Porto Alegre.

Eu Vi Paul McCartney em Porto Alegre


Foi na saída do hotel, a caminho do show. Fiquei a cinco metros de distância de Sir Paul, por apenas alguns segundos que pareceram uma eternidade. Foram cenas de tietagem explícita. Infelizmente, não pude ver o show à noite. No entanto, por volta da meia noite, na televisão, uma grata surpresa: Thomas Kang tocando Love Me Do de gaita, no estádio Beira-Rio, antes do show.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Reações ao Resultado das Eleições

É com profundo pesar que encaro nestas eleições presidenciais a vitória do presidente fanfarrão, do seu partido liberticida e da sua candidata de moralidade ímpar (com seu glorioso passado de "lutas" e assaltos, seu brilhante currículo acadêmico falso, gerente politicamente competente de caras obras inacabadas e da corrupção na Casa Civil). Provavelmente o Cristiano Costa tenha melhor expressado a sensação que boa parte das pessoas que têm um mínimo apreço por decência, liberdade e democracia deve ter tido.

Mais decepcionante ainda foi a postura de alguns caciques do PSDB que, incapazes de reconhecer publicamente os méritos do seu próprio partido quando foi governo e mais envolvidos com os ditames de seus egos inflamados do que com a necessidade de produzir cooperação de forças intra partidárias, abdicaram, em diferentes momentos, de fazer oposição à ideologia de cunho nacional-socialista das forças políticas já entranhadas no poder e delegaram a importante tarefa de fazer a defesa dos ideais de uma sociedade mais livre, mais justa e democrática a um pequeno grupo de marqueteiros. Entretanto, é digno de nota que, considerando a mediocridade geral da classe política, salta aos olhos a postura política diferenciada do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, que foi capaz de superar os limites seu próprio ego a despeito das memórias de eleições passadas, quando a postura de alguns "companheiros" de partido foi muito semelhante à de hoje.

O que resta a nós, exceto o calafrio que percorre nossa espinha ao identificar no fisiologismo peemedebista a última trincheira política da sociedade brasileira contra a concentração de poder em mãos liberticidas? Parece não haver alternativa boa senão seguir a recomendação do Bruno Garschagen:

"O que devemos fazer, agora? Nos preparemos para mais quatro anos de luta incansável pela defesa das liberdades, das instituições, do rule of law, do estado democrático de direito e das instituições, pilares da democracia que o partido vencedor ataca como inimigos mortais. Tenhamos ânimo e coragem para impedir que o novo governo converta o Estado num instrumento de poder absoluto e nos trate como súditos passivos de um projeto revolucionário."

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Dignidade da Burguesia

A edição de Cato Unbound deste mês nos traz um tema muito interessante: Quais são as origens do sistema econômico que, nos últimos 200 anos, tem trazido prosperidade econômica para um número cada vez maior de pessoas?

"The making of the modern world is a question of perennial interest. We are, after all, modern. One of the signal developments of modernity is that for the first time, widespread economic prosperity becomes possible. Not all societies attain it, even in the modern world. But only modern societies have done it at all. How did they do it?

Answering this question may do more for human welfare than any other intellectual task before us. What is special about the prosperous modern society? Many answers have arisen. Institutionalist accounts stress law and social practice; Marxists point to proletarian and colonial exploitation; thinkers of a wide variety of persuasions have examined genetic and environmental factors.

In this month’s Cato Unbound, we are pleased to offer an iconoclastic view. All previous answers are wrong, says polymath economist Deirdre McCloskey. Professor McCloskey is at the halfway point of a four-part series of books on the rise of the bourgeoisie. In it, she argues that what really changed in the modern world was the rhetoric of economic activity.

If this sounds wildly improbable, it shouldn’t. The classical art of rhetoric referred not to blustering phrases and glib talk, but to the unforced art of persuasion via argument and evidence. People began to talk differently about economics, and to conceive of economic production and exchange in new ways that had never been seen before. In simple terms, the artisans and shopkeepers of the world became understood as a dignified, honest, and worthwhile group — rather than a crafty cabal of dishonest penny-pinchers.

Laws, institutions, and wealth all followed, but they could not have done so without a revolution in thought. The revolution began as an idea, and it became an idea that convinced the world.

Ou, como escreve Deirdre McCloskey:

"The Big Economic Story of our own times is that the Chinese in 1978 and then the Indians in 1991 adopted liberal ideas in the economy, and came to attribute a dignity and a liberty to the bourgeoisie formerly denied. And then China and India exploded in economic growth. The important moral, therefore, is that in achieving a pretty good life for the mass of humankind, and a chance at a fully human existence, ideas have mattered more than the usual material causes. As the economic historian Joel Mokyr put it recently in the opening sentence of one of his luminous books, “economic change in all periods depends, more than most economists think, on what people believe.”[5] The Big Story of the past two hundred years is the innovation after 1700 or 1800 around the North Sea, and recently in once poor places like Taiwan or Ireland, and most noticeably now in the world’s biggest tyranny and the world’s biggest democracy. It has given many formerly poor and ignorant people the scope to flourish. And contrary to the usual declarations of the economists since Adam Smith or Karl Marx, the Biggest Economic Story was not caused by trade or investment or exploitation. It was caused by ideas. The idea of bourgeois dignity and liberty led to a rise of real income per head in 2010 prices from about $3 a day in 1800 worldwide to over $100 in places that have accepted the Bourgeois Deal and its creative destruction...

I claim that a true liberalism, what Adam Smith called “the obvious and simple system of natural liberty,” contrary to both the socialist and conservative ideologues, has the historical evidence on its side. Despite the elements of regulation and corporatism defacing it (and the welfare programs improving it), it has worked pretty well for the poor and for the people for two centuries. I reckon we should keep it — though tending better to its ethics. "

Os ensaios que seguem ao de Deirdre McCloskey também valem a leitura. Para completar as boas referências ao tema, eu recomendo o fascinante livro de Daniel Friedman, Morals and Markets.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mais Sobre o Nobel

i) Ótimo texto de Ed Glaeser sobre as contribuições na teoria de pesquisa aplicada ao desemprego de Diamond, Mortensen e Pissarides. Confirma o que o Giácomo Balbinotto havia me dito: esta história de "search theory" começou com um artigo de George Stigler (Nobel em 1982) de 1961. O post de Tyler Cowen sobre Peter Diamond é uma bela resenha de sua obra.

ii) Enquanto que alguns blogueiros nacionais ficaram contentes por terem acertado Diamond (embora tivessem apostado em Douglas, não em Peter Arthur), outro blogueiro teve mais uma previsão para Nobel confirmada pelos fatos: é incapaz, como as bolsas de apostas, de prever o futuro (mea culpa: eu faço melhores previsões de longo prazo. Posso estar certo certo daqui a dois anos, como o SB em iii), minha previsão é que só o futuro dirá).

iii) Salva de palmas para Selva Brasilis, que antecipou (em dois anos) corretamente o Nobel para Peter (não Douglas) Diamond e ainda postou uma bela entrevista com o próprio, feita por Randall Wright (University of Pennsylvania) e Giuseppe Moscarini (Yale University).

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Nobel de Economia de 2010

Saiu finalmente o tão aguardado Nobel de Economia: Peter Diamond, Dale Mortensen e Christopher Pissarides compartilham o prêmio. Suas principais contribuições foram o desenvolvimento de um modelo que explica porque o desemprego pode permanecer elevado a despeito de existirem vagas em postos de trabalho.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Quanto Tempo Leva para G. Akerlof Enviar uma Mala de Roupas para o J. Stiglitz?

A resposta está aqui.

Dinâmica em um Modelo Novo-Keynesiano Quando a Taxa Nominal de Juros é Zero

Interessante este artigo aqui:

"Recent research has found that the dynamics of the New Keynesian model are
very di ferent when the nominal interest rate is zero. Improvements in technology and
reductions in the labor tax rate lower economic activity and the size of the government
purchase output multiplier can be as large as four. We consider the empirical relevance
of these findings using Japanese data. Japan is interesting because it experienced a
protracted period of zero nominal interest rates. A prototypical New Keynesian model
calibrated to Japan and solved using nonlinear methods exhibits orthodox dynamics
with a government purchase multiplier that is less than one."

O modelo em questão tem propriedades ortodoxas, sendo que o multiplicador de gastos do governo é menor do que um. O resultado depende, aparentemente, de se usar métodos não-lineares para calibrar o modelo, o que mantém os custos de ajustamento de preços positivos mesmo no estado estacionário.

PS: Este e outros artigos interessantes aparecem nesta conferência sobre modelos DSGE do FRBofA.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As Apostas dos Simpsons Para o Nobel em Economia

Entre os meus favoritos para o Nobel também estão o Jagdish Bhagwati e o Avinash Dixit, citados nos Simpsons. Outros favoritos meus são o Alberto Alesina e o Robert Barro.
(HT: Marginal Revolution)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Manifesto em Defesa da Democracia

O manifesto foi publicado pelo Estadão. Assino embaixo, profundamente preocupado com os rumos políticos do país.

"Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.
Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.

É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há ''depois do expediente'' para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no ''outro'' um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos."

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Recessão Americana Está no Fim?

É o que anuncia o NBER. Jeffrey Frankel, membro do comitê Business Cycle Dating do NBER, explica o que significa este anúncio.

Individualismo x Coletivismo

Valores culturais são determinantes de prosperidade? Este estudo levanta evidências de que culturas individualistas atrelam status social a realizações pessoais, provendo não somente incentivos monetários como também recompensas em termos de status social. (HT: Shikida)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Crise Financeira e Recessão: Como o Ensino de Economia Deve se Adaptar?

A The Economist faz esta pergunta. Economistas do porte de Michael Bordo, Alberto Alesina, Guillermo Calvo, Tyler Cowen e Eswar Prasad respondem.

domingo, 19 de setembro de 2010

O Mito da Desindustrialização

Jagdish Bhagwati expõe, em belo artigo, algumas falácias do argumento da importância do setor manufatureiro. Abaixo vão as passagens mais interessantes para quem acompanha um debate nacional sobre os perigos da desindustrialização:

"In mid-1960’s Great Britain, Nicholas Kaldor, the world-class Cambridge economist and an influential adviser to the Labour Party, raised an alarm over “deindustrialization.” His argument was that an ongoing shift of value added from manufacturing to services was harmful, because manufactures were technologically progressive, whereas services were not.

Kaldor’s argument was based on the erroneous premise that services were technologically stagnant. This view no doubt reflected a casual empiricism based on the mom-and-pop shops and small post offices that English dons saw when going outside their Oxbridge colleges. But it was clearly at odds with the massive technical changes sweeping across the retail sector, and eventually the communications industry, which soon produced Fedex, faxes, mobile phones, and the Internet.

In fact, the dubious notion that we should select economic activities based on their presumed technical innovativeness has been carried even further, in support of the argument that we should favor semiconductor chips over potato chips... It turned out that semiconductors were being fitted onto circuit boards in a mindless, primitive fashion, whereas potato chips were being produced through a highly automated process (which is how Pringles chips rest on each other perfectly).

The “semi-conductor chips versus potato chips” debate also underlined a different point. Many proponents of semiconductor chips also presumed that what you worked at determined whether, in your outlook, you would be a dunce (producing potato chips) or a “with-it” modernist (producing semiconductor chips).

I have called this presumption a quasi-Marxist fallacy. Marx emphasized the critical role of the means of production. I have argued, on the other hand, that you could produce semiconductor chips, trade them for potato chips, and then munch them while watching TV and becoming a moron. On the other hand, you could produce potato chips, trade them for semiconductor chips that you put into your PC, and become a computer wizard! In short, it is what you “consume,” not what you produce, that influences what sort of person you will be and how that affects your economy and your society.

Ignorant of the extensive “deindustrialization” debate in 1960’s Great Britain, two Berkeley academics, Stephen Cohen and John Zysman, started a similar debate in the US in 1987 with their book Manufacturing Matters, which claimed that, without manufactures, a viable service sector is untenable. But this argument is specious: one can have a vigorous transportation industry, with trucks, rail, and air cargo moving agricultural produce within and across nations, as countries such as pre-Peronist Argentina, Australia, New Zealand, and modern Chile have done very successfully.

Cohen and Zysman argued that manufactures were related to services like “the crop duster to the cotton fields, the ketchup maker to the tomato patch,” and that if you “[o]ffshore the tomato farm…you close or offshore the ketchup plant….No two ways about it.” My reaction was: “[A]s I read the profound assertion about the tomato farm and the ketchup plant, I was eating my favorite Crabtree & Evelyn vintage marmalade. It surely had not occurred to me that England grew its own oranges.”"

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Perspectivas Sobre a Liberdade de Imprensa

Para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, "O problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa", conforme reportagem do Estadão. Por outro lado, o filósofo escocês David Hume professa sua visão sobre a liberdade de imprensa:

"It is apprehended, that arbitrary power would steal in upon us, were we not careful to prevent its progress, and were there not an easy method of conveying the alarm from one end of the kingdom to the other. The spirit of the people must frequently be rouzed, in order to curb the ambition of the court; and the dread of rouzing this spirit must be employed to prevent that ambition. Nothing so effectual to this purpose as the liberty of the press, by which all the learning, wit, and genius of the nation may be employed on the side of freedom, and every one be animated to its defence. As long, therefore, as the republican part of our government can maintain itself against the monarchical, it will naturally be careful to keep the press open, as of importance to its own preservation."

Para o ex-ministro, liberdade de imprensa é um empecilho para a consolidação de uma ditadura petista, enquanto que para David Hume liberdade de imprensa é necessária para preservar liberdades individuais e impedir a consolidação de um governo absolutista. Ambos estão em comum acordo no que tange a concentração de poder, porém em lados distintos. É preocupante que, a considerar o estado atual da situação política no Brasil, a interpretação do ex-ministro acabe por se tornar predominante no país.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Liberdade na Estrada em Porto Alegre


O Liberdade na Estrada é uma ótima iniciativa do Ordem Livre, um Think Tank dedicado à promoção de liberdade individual, paz e livre mercados. O itinerário completo está aqui. Não custa mencionar que eu estarei ao lado do Bruno e do Diogo no encontro de Porto Alegre.

sábado, 7 de agosto de 2010

A Soma de Todos os Medos

Estamos em meados do ano de 2020. A renda per capita do país está estagnada desde 2015, início do segundo mandato do presidente eleito em 2010. O PT e o PSDB se fundiram em um só partido - o PSDT - em 2017, seguindo o acordo de suas lideranças que reconheceu que ambos os partidos tinham a mesma plataforma "social democrata". A ala radical do PT, composta de sindicalistas, educadores e de "movimentos sociais", aceitou pacificamente o acordo, contribuindo para a estabilidade política do país. Isto ocorreu logo após o aumento da contribuição sindical obrigatória para doze dias por ano da renda dos trabalhadores com carteira assinada. A fusão dos dois partidos foi motivada por um projeto de lei de autoria conjunta das lideranças dos principais partidos nacionais, que previa a volta do bipartidarismo até o ano de 2022. Considerou- se na época que a proliferação de partidos nanicos - como DEM, PP, PSTU e outros - produzia uma fragmentação de interesses contraproducente ao aprimoramento da democracia. O principal partido de oposição, o PMDB, imbuído do mais elevado espírito democrático e visando contribuir para a estabilidade política do país, aceitou inúmeros cargos no que se convencionou chamar de "governo democrático de coalisão". Numa demonstração de boa vontade para "fortalecer os laços patrióticos entre as forças políticas majoritárias" e acelerar o desenvolvimento econômico do país, o Presidente conclamou o PMDB a participar da administração todas as estatais criadas desde 2018.

Para as próximas eleições, o virtual candidato do PSDT, é o filho de um ex-presidente, um empresário bem sucedido do setor de telecomunicações. Ele tem apoio das principais federações da indústria nacional, basicamente por causa de sua gestão no BNDES, que possibilitou a elevação do investimento no setor durante o novo plano de substituição de importações. Da parte do PMDB, sua principal liderança é o neto de famoso político do partido, conhecido como o Democrata. Conta com grande apoio dos pobres e despossuídos, pois criou a Bolsa Cidadania, que substituiu a Bolsa Família poucos anos atrás, com inúmeras vantagens, como seu valor e abrangência. Foi chamada de Bolsa Cidadania porque vincula seu recebimento à participação democrática do cidadão nas eleições, na qualidade de eleitor ou ainda como filiado a algum partido político com representação nacional.

No cenário internacional, o Mercosul é considerado um sucesso, pois facilitou a coordenação dos planos nacionais de substituição de importações, ao elevar a tarifa externa única para, em média, próxima dos 100%. Importações do Chile foram declaradas ilegais, como sanção política ao fato de o Chile ter se desligado da OEA, o que levou países como Canadá e México fazerem o mesmo pouco depois. Os principais parceiros comerciais do Brasil são, fora do Mercosul, a Coréia do Norte e o Irã. O principal produto que o Brasil importa da Coréia é arroz, por causa da grande redução de área plantada no país. Economistas estrangeiros comentam que isto se deve à frequente elevação de "índices de produtividade" no campo, que inviabiliza a produção agrícola em função de um número crescente de invasões seguidas de desapropriações. O governo se defende argumentando que, para garantir a função social da propriedade, é atribuição dos órgãos competentes denunciar proprietários que não atingem os critérios mínimos estabelecidos e ordenar a "integração de posse" aos movimentos sociais, conforme estabelecido na reforma constitucional de 2016. A polícia e o exército acompanham as movimentações de trabalhadores sem terra, para evitar uma reação violenta dos "capitalistas do campo". O principal produto de exportação brasileiro é a sandália havaiana. Houveram denúncias de que estas exportações estavam destruindo a indústria doméstica da Coréia, mas o governo democrático de Pyongyang reprimiu os manifestantes que apedrejaram a embaixada brasileira, a única representação internacional naquele país. Pyongyang reconhece os laços de amizade que tem com o governo brasileiro, que provê a maior parte da ajuda externa que chega à Coréia.

No front econômico doméstico, os problemas se acumulam ano após ano. A carga tributária já chegou aos 57% do PIB, a renda per capita não cresce e a distribuição de renda piora a olhos vistos. "Os planos econômicos são consistentes, estamos conseguindo estimular a indústria doméstica ao identificar corretamente os setores estratégicos do país e canalizar recursos financeiros necessários. Fazemos isto democraticamente, ouvindo os empresários dos setores afetados e os sindicatos dos trabalhadores", diz o Ministro do Planejamento. "Os resultados ainda não apareceram pois o câmbio ainda está sobrevalorizado. Os economistas do IPEA estimaram a desvalorização necessária como sendo da ordem de 43%, o que é compatível com as demandas dos exportadores, mas temos que avaliar melhor o impacto sobre a inflação". Quando perguntado sobre a inflação, ele responde com convicção: "São alguns empresários ganaciosos que tentam tirar vantagem do povo humilde. Já os estamos identificando e iremos aplicar as sanções cabíveis, que vão de controle de preços a prisão e desapropriação, conforme a gravidade dos atos."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Legado de Dionísio Dias Carneiro

Porque desenvolvimento econômico e prosperidade dependem de pessoas como ele: Ilan Goldfajn faz a devida homenagem. Uma grande perda para sua família, amigos e para o país. RIP.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Polvo e os Economistas

Não estou convencido de que economistas possam prever resultados tão bem como o famoso polvo alemão (tá bem, pela lei dos grandes números alguém pode bater o famigerado polvo), pelo menos usando "time series techniques". Mas esta matéria aqui sugere que globalização também faz bem ao futebol.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Política Fiscal Contracionista Pode Ser Expansionista?

Um antigo (e famoso) artigo de Giavazzi e Pagano, de 1990, mostra que uma severa contração fiscal, ao afetar expectativas de inflação e reduzir a taxa de juros, pode impulsionar a demanda agregada ao aumentar a confiança do consumidor e dos negócios no futuro da economia. Bruce Bartlett explica.

Bhagwati Sobre os Mitos Protecionistas

Nada como ter a teoria correta e os dados na ponta da língua. Um dos maiores experts de comércio internacional, Jagdish Bhagwati, aponta os maiores mitos do protecionismo. O argumento completo está aqui.

Myth 1: “The cost of protection and its flipside, gains from trade, are negligible.”

Myth 2: “Free trade may increase economic prosperity, but it is bad for the working class.”

Myth 3: “Free trade requires that other countries also open their markets.”

Myth 4: “Paul Samuelson abandoned free trade, and he was the greatest economist of his time.”

Myth 5: “Offshoring of jobs will devastate rich countries.”

Desta Vez é Diferente

Ken Rogoff e Carmen Reinhard fizeram bem o tema de casa, como diz o NYT.

Política Fiscal Americana: Uma Projeção Assustadora

HT: John Taylor

Os Dez Mandamentos do Ajuste Fiscal

De Olivier Blanchard e Carlo Cotarelli. São eles:

Commandment I: You shall have a credible medium-term fiscal plan with a visible anchor (in terms of either an average pace of adjustment, or of a fiscal target to be achieved within four–five years).

Commandment II: You shall not front-load your fiscal adjustment, unless financing needs require it.

Commandment III: You shall target a long-term decline in the public debt-to-GDP ratio, not just its stabilization at post-crisis levels.

Commandment IV: You shall focus on fiscal consolidation tools that are conducive to strong potential growth.

Commandment V: You shall pass early pension and health care reforms as current trends are unsustainable.

Commandment VI: You shall be fair. To be sustainable over time, the fiscal adjustment should be equitable.

Commandment VII: You shall implement wide reforms to boost potential growth.

Commandment VIII: You shall strengthen your fiscal institutions.

Commandment IX: You shall properly coordinate monetary and fiscal policy.

Commandment X: You shall coordinate your policies with other countries.