O bom capitalismo é aquele onde direitos de propriedade são bem definidos e garantidos, contratos são respeitados e executados com o auxílio de um judiciário independente e com poder para fazer prevalecer o estado de direito, não existem barreiras à entrada para novas firmas e inovação é estimulada. O mau capitalismo é o corporativismo clássico, de inspiração Mussoliniana, onde o governo dirige corporações do setor privado com o intuito de promover solidariedade entre classes e outros objetivos sociais. O problema deste último é que esta orquestração estatal fatalmente leva a exclusão social e perda de dinamismo da economia, pois é caracterizada pela venda de proteção às classes bem conectadas e pela criação de barreiras à inovação e mudança social. Estes são os temas da ótima palestra do Edmund Phelps.
domingo, 28 de agosto de 2011
sábado, 27 de agosto de 2011
Repensando a Teoria Macroeconômica
Excelente palestra do Stiglitz. O argumento central é que os insights da moderna microeconomia não foram incorporados na macroeconomia. (HT Mark Thoma)
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
A Falta Que Boa Liderança Faz
Do Jeffrey Sachs, no Financial Times:
The recent swoon in financial markets and the stalled recovery in the US and Europe reflect these fundamental shortcomings. There is no growth strategy, only the hope that scared and debt-burdened consumers will return to buying houses they don’t need and can’t afford. Sadly, these global economic currents will continue to claim jobs and drain capital until there is a revival of bold, concerted leadership. In the meantime, the markets will gyrate in pangs of uncertainty."
"The last missing piece for any recovery, however, is clarity of purpose from the political class. In Europe, a coherent response led by the European Union has been sidelined to policymaking by national governments – the pact between France and Germany being only the latest example. For months, Europe’s fate has been decided by German state elections and small Finnish parties. The European Central Bank has been so divided that it too has neglected core functions of stabilising panicked markets. There is no way the euro can survive if European-wide institutions continue to be so weak, slow and divided.
The US has similarly devolved into a mélange of sector, class, and regional interests. President Barack Obama is the incredibly shrinking leader, waiting to see whether Congressional power barons will call. More generally, the US cannot prosper while its politicians go hat in hand to the vested interests that finance their nonstop campaigning. The recent swoon in financial markets and the stalled recovery in the US and Europe reflect these fundamental shortcomings. There is no growth strategy, only the hope that scared and debt-burdened consumers will return to buying houses they don’t need and can’t afford. Sadly, these global economic currents will continue to claim jobs and drain capital until there is a revival of bold, concerted leadership. In the meantime, the markets will gyrate in pangs of uncertainty."
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terça-feira, 16 de agosto de 2011
Paul Krugman: Uma (Falsa) Invasão de Alienígenas Pode Salvar o Mundo!
Ok, estou sendo sensacionalista para atrair audiência. Mas o vídeo acima confirma o título do post. Vamos então às minhas interpretações. Em macroeconomia, Krugman é um velho-keynesiano, da legítima linhagem do Hicks. Em comércio internacional, um merecedor do prêmio Nobel, mas como velho keynesiano, ele abusa da retórica de que quaisquer gastos do governo estimulam a economia, mesmo aqueles que não têm taxa de retorno positiva. O próprio Keynes pode ser acusado deste pecado, com seu exemplo famoso de que contratar trabalhadores para buscar notas de dólar dentro de garrafas em minas aumenta a demanda agregada
O ponto fundamental é o seguinte: em uma economia com recursos econômicos sem ocupação (como no caso de uma recessão) faz algum sentido mobilizar recursos com maiores gastos, inclusive do governo. Só que na época de Keynes (e aí eu acho que Keynes não seria "keynesiano" para tratar dos problemas atuais) governos não estavam altamente endividados nem inflação era um problema. A presença de pelo menos um destes dois fatores muda radicalmente a terapia de Keynes. Um governo altamente endividado aumenta a desconfiança da sociedade a respeito de sua capacidade ou determinação de honrar com seus compromissos no futuro, o que mina os efeitos dos "estímulos fiscais" (aumento dos gastos para estimular a economia) no presente.
Como "velho keynesiano", Paul Krugman desconsidera (pelo menos retoricamente) a importância de credibilidade e confiança nas políticas de governo. O problema econômico americano hoje é um problema de confiança: sua classe política está cada vez mais parecida com a brasileira (o termo que eles usam volta e meia é "brazilianization"), cada vez mais comprometida com os grupos de interesse que a apoia e cada vez menos comprometida com o bem estar da sociedade como um todo
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domingo, 14 de agosto de 2011
Lições da História e a Dívida Americana
Os EUA passam hoje por uma crise de confiança, que pode levar a uma crise de liquidez (como Itália e Espanha) e com menor probabilidade a uma crise de solvência. Christina Romer parece sugerir como evitar que a crise de confiança degenere em coisas piores, buscando lições da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial:
"Finally, what about the national debt? Given the recent debt downgrade, it might seem impossible for the United States to embark on fiscal stimulus that would increase its ratio of debt to G.D.P.
Well, at the end of World War II, that ratio hit 109 percent — one and a half times as high as it is now. Yet this had no obvious adverse consequences for growth or our ability to borrow.
This isn’t hard to explain. Everyone understood then why the nation was racking up so much debt: we were fighting for survival, and for the survival of our allies. No one doubted that we would repay our debts. We had done it after every other war, and raising taxes even before the attack on Pearl Harbor showed our leaders’ fiscal resolve.
Today, we can do much more to aid recovery, including a near-term increase in our debt. But we need to make the reasons clear and make concrete our commitment to deal with the debt over time.
In place of the tepid budget agreement now in place, we could pass a bold plan with more short-run spending increases and tax cuts, coupled with much more serious, phased-in deficit reduction. By necessity, the plan would tackle entitlement reform and gradually raise tax revenue. This would be the World War II approach to our problems.
Equally important, someone needs to explain to the nation and to world markets just why we must increase the debt in the short run. Unemployment of roughly 9 percent for 28 months and counting is a national emergency. We must fight it with the same passion and commitment we have brought to military emergencies in our past."
"Finally, what about the national debt? Given the recent debt downgrade, it might seem impossible for the United States to embark on fiscal stimulus that would increase its ratio of debt to G.D.P.
Well, at the end of World War II, that ratio hit 109 percent — one and a half times as high as it is now. Yet this had no obvious adverse consequences for growth or our ability to borrow.
This isn’t hard to explain. Everyone understood then why the nation was racking up so much debt: we were fighting for survival, and for the survival of our allies. No one doubted that we would repay our debts. We had done it after every other war, and raising taxes even before the attack on Pearl Harbor showed our leaders’ fiscal resolve.
Today, we can do much more to aid recovery, including a near-term increase in our debt. But we need to make the reasons clear and make concrete our commitment to deal with the debt over time.
In place of the tepid budget agreement now in place, we could pass a bold plan with more short-run spending increases and tax cuts, coupled with much more serious, phased-in deficit reduction. By necessity, the plan would tackle entitlement reform and gradually raise tax revenue. This would be the World War II approach to our problems.
Equally important, someone needs to explain to the nation and to world markets just why we must increase the debt in the short run. Unemployment of roughly 9 percent for 28 months and counting is a national emergency. We must fight it with the same passion and commitment we have brought to military emergencies in our past."
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Representantes da Sociedade Civil, Cara-Pálida?
Do site Plano Brasil Maior:
Brasília (2 de agosto) – A presidenta da República, Dilma Rousseff, assinou nesta terça-feira (2) decreto nomeando 14 novos representantes das sociedade civil para compor o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) (grifo meu), que será o nível de superior de aconselhamento institucional do Plano Brasil Maior.
O conselho é formado ainda por 13 ministros, incluindo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nomeados em 2004, ano de criação do CNDI.
Entre os novos conselheiros, estão empresários de diversos setores da indústria, sindicalistas e presidentes de entidades de classe. Ao lado dos representantes do poder público, eles terão entre suas atribuições traçar as orientações estratégicas gerais e subsidiar as atividades do sistema de gestão da política industrial. O mandato será de dois anos.
Curioso é que o maior grupo da sociedade civil, os consumidores, não está representado. Algo me diz que serão eles que irão pagar a conta do "Plano Brasil Maior".
Brasília (2 de agosto) – A presidenta da República, Dilma Rousseff, assinou nesta terça-feira (2) decreto nomeando 14 novos representantes das sociedade civil para compor o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) (grifo meu), que será o nível de superior de aconselhamento institucional do Plano Brasil Maior.
O conselho é formado ainda por 13 ministros, incluindo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), nomeados em 2004, ano de criação do CNDI.
Entre os novos conselheiros, estão empresários de diversos setores da indústria, sindicalistas e presidentes de entidades de classe. Ao lado dos representantes do poder público, eles terão entre suas atribuições traçar as orientações estratégicas gerais e subsidiar as atividades do sistema de gestão da política industrial. O mandato será de dois anos.
Curioso é que o maior grupo da sociedade civil, os consumidores, não está representado. Algo me diz que serão eles que irão pagar a conta do "Plano Brasil Maior".
A Política Industrial que Nunca Foi
OESP e o Mansueto já fizeram boas avaliações a respeito do Plano Brasil Maior, lançado terça feira. Embora mereça aplausos por iniciar uma discussão a respeito de uma possível política comercial e industrial, ele peca por um ponto essencial: trata-se de um plano mais protecionista do que de estímulo à produtividade. Quando promete desonerar setores escolhidos, admite que vai continuar onerando os demais, quando direciona crédito via bancos estatais (o que se chama de repressão financeira) para os setores escolhidos, encarece o crédito aos demais, e quando dá ênfase a termos como "concorrência desleal" e "guerra cambial", perde o foco nos determinantes da baixa produtividade da indústria doméstica e dos outros setores da economia, que são o elevado peso da carga tributária e os elevados custos de transação e barreiras à entrada oriundos de excesso de legislação. Em suma, tem poucas características de um bom plano de desenvolvimento econômico e representa mais do mesmo, que é a venda de proteção, favorecendo atividades de rent-seeking e desestimulando criação de renda e riqueza.
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quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Uma Teoria de Regulação Econômica
A teoria econômica de regulação de mercados é bem conhecida. Diz respeito à oferta e demanda de serviços de regulação, que envolvem tanto a motivação de interesse público (correção de "falhas de mercado") quanto a motivação de grupos (captura, burocracia, lobby). Entretanto, ela ignora um componente importante da regulação presente frequentemente nas decisões regulatórias das autoridades brasileiras: A simples ignorância. Então, em complemento à teoria convencional, podemos postular o seguinte:
"Regulação de mercados surge quando a autoridade regulatória, que não entende o funcionamento de mercados, não gosta de algum resultado do mercado e visa alterá-lo, dificultando ou mesmo proibindo as transações que acredita terem levado a este resultado. Desta forma, o impacto da regulação é apenas uma elevação de custos de transação e uma redução da eficiência dos mercados".
Garanto que esta ideia não é minha, a li há muito tempo atrás e deve ser do Alchian, do Demsetz ou mesmo do Coase. Evidências empíricas? Bem, o Alex levantou mais uma.
"Regulação de mercados surge quando a autoridade regulatória, que não entende o funcionamento de mercados, não gosta de algum resultado do mercado e visa alterá-lo, dificultando ou mesmo proibindo as transações que acredita terem levado a este resultado. Desta forma, o impacto da regulação é apenas uma elevação de custos de transação e uma redução da eficiência dos mercados".
Garanto que esta ideia não é minha, a li há muito tempo atrás e deve ser do Alchian, do Demsetz ou mesmo do Coase. Evidências empíricas? Bem, o Alex levantou mais uma.
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segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Políticas de Desenvolvimento e Vantagens Comparativas
O que pode ocorrer quando um país elabora políticas de desenvolvimento que violam vantagens comparativas?
"In a country that adopts a CAD (Comparative Advantage Defying) strategy, it is likely that in the early stage, the economy will enjoy a period of rapid investment-driven growth. As has been observed, however, in Latin America and many other developing and socialist countries, economic growth will inevitably slow down, leading to eventual stagnation and even frequent crises due to the depletion of economic surplus, which is required for investment arising from the misallocation of resources, suppression of incentives, soft-budget constraints and rent seeking activities."
"In a country that adopts a CAD (Comparative Advantage Defying) strategy, it is likely that in the early stage, the economy will enjoy a period of rapid investment-driven growth. As has been observed, however, in Latin America and many other developing and socialist countries, economic growth will inevitably slow down, leading to eventual stagnation and even frequent crises due to the depletion of economic surplus, which is required for investment arising from the misallocation of resources, suppression of incentives, soft-budget constraints and rent seeking activities."
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