sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Muito Além do Jardim: "Mercado é um Ovo Sem Gema"
Para Mr. da Silva, "o mercado é um ovo sem gema e quem corre para socorrer o sistema financeiro é o Estado". Antes ou depois de revelar que gostaria de tomar banho de petróleo, mas que para tal era necessário "tirar algumas substâncias químicas", o Presidente, em visita à capital de Cuba, disse que "o capitalismo, ao invés de ajudar o sistema produtivo, ao criar emprego, renda e melhorar a qualidade de vida, fez com que o sistema (financeiro) ganhasse muito dinheiro sem produzir um único botão". Genial. Sensacional. Grande lição para aqueles que acreditam que o capitalismo é capaz de gerar prosperidade e que a função de intermediários financeiros é conectar poupadores e investidores.
A reportagem completa saiu hoje no Globo on-line. Imperdível.
A reportagem completa saiu hoje no Globo on-line. Imperdível.
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quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Soluções de Mercado para a Crise
Mercados tendem a funcionar bem quando i) existe um bom fluxo de informação, ii) direitos de propriedade são bem definidos e seguros, iii) pode-se confiar que as pessoas irão cumprir suas promessas e iv) custos de transação são razoavelmente baixos. Como a crise financeira americana começou no mercado de crédito imobiliário, sua solução deve contemplar o aprimoramento do funcionamento deste mercado.
Finalmente começam a aparecer mais propostas para melhorar seu funcionamento: Andrew Caplin e John Quigley. Nada como pensar em incentivos e redução de custos de transação. O plano B do Zingales já citei em post anterior.
Finalmente começam a aparecer mais propostas para melhorar seu funcionamento: Andrew Caplin e John Quigley. Nada como pensar em incentivos e redução de custos de transação. O plano B do Zingales já citei em post anterior.
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terça-feira, 28 de outubro de 2008
Direito e Economia: Empatia é Justiça?
Para o candidato à Presidência dos EUA, Sen. Barak Obama, sim. Para o Prof. Guido Calabresi, um dos precursores da área de Law & Economics, não. Usar o critério de empatia para promoção de "justiça" mina a contribuição civilizatória do Estado de Direito, que diz que não é seu sobrenome, sua classe social nem sua origem étnica que são as fontes dos direitos que alguém tem.
Se o Sen. Obama, ao ganhar as eleições presidenciais, for indicar juízes às Cortes americanas com a sua visão jurídica, boa parte do fundamento jurídico que torna a sociedade americana mais eficiente pode ruir, afirma o Prof. Calabresi. De certa forma, o judiciário americano ficará então mais parecido com seu congênere brasileiro e suas patologias, devidamente dissecadas e analisadas pelo pessoal da Law & Economics no Brasil, em particular o IDERS.
Se o Sen. Obama, ao ganhar as eleições presidenciais, for indicar juízes às Cortes americanas com a sua visão jurídica, boa parte do fundamento jurídico que torna a sociedade americana mais eficiente pode ruir, afirma o Prof. Calabresi. De certa forma, o judiciário americano ficará então mais parecido com seu congênere brasileiro e suas patologias, devidamente dissecadas e analisadas pelo pessoal da Law & Economics no Brasil, em particular o IDERS.
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Solução de Mercado Para a Crise Financeira
As últimas semanas da crise financeira internacional têm sido marcadas por um consenso pouco criativo: o da necessidade de salvar Wall Street com dinheiro do contribuinte. Melhor dizendo, que para salvar os empregos da gente trabalhadora de Main Street é necessário impedir as perdas dos banqueiros em Wall Street (obviamente, com o dinheiro da turma de Main). Cá entre nós, brasileiros, já vimos coisa semelhante: a base do nosso protecionismo é calcada no estranho argumento de que para melhorar a vida dos mais pobres, ou seja, promover desenvolvimento com inclusão social, é necessário proteger os ricos escolhidos pelo governo e transferir renda para eles, com subsídios diretos, proteção contra concorrência, financiamento barato, etc. Não é claro para mim que esta estratégia conseguiu algo mais do que transferir renda para os ricos e empobrecer os pobres - a famosa idéia do economista Edmar Bacha de chamar o país de Belíndia (parte Bélgica, parte Índia) na década de setenta transparece uma acurada percepção deste efeito em ação. Da mesma forma, as discussões de bailout parecem trilhar o mesmo caminho: usar o dinheiro dos muitos contribuintes para garantir a vida boa de alguns, com a devida retórica que assim se faz para proteger os primeiros.
Nada contra a função de emprestador de última instância do Banco Central, que se bem estruturada serve para evitar crises financeiras. O problema desta crise é que a famosa "Doutrina Clássica" de Bagehot não é crível: Lembrem-se que o pânico começou depois que o Lehman Brothers não foi socorrido pelo Fed, rompendo com a expectativa em Wall Street de que o banco era grande demais para quebrar ("too big to fail") e que deveria receber auxílio do Fed.
O que é mais irritante nesta crise é a baixa criatividade dos principais economistas do planeta, em não conseguir apontar uma solução que limita as perdas à sua origem. É inacreditável que não se tenha pensado em como funciona o mercado de crédito imobiliário para se entender as razões de tão grande ineficiência. Ademais, inadimplência de mutuários não é desejável nem pelos próprios nem pelos bancos. Mas obviamente existem exceções. Luigi Zingales, da Universidade de Chicago, apresenta uma elegante solução de mercado para crise. Se é suficiente, não sei, mas nos traz uma chama de esperança, pois indica que ainda existem economistas inovadores:
Nada contra a função de emprestador de última instância do Banco Central, que se bem estruturada serve para evitar crises financeiras. O problema desta crise é que a famosa "Doutrina Clássica" de Bagehot não é crível: Lembrem-se que o pânico começou depois que o Lehman Brothers não foi socorrido pelo Fed, rompendo com a expectativa em Wall Street de que o banco era grande demais para quebrar ("too big to fail") e que deveria receber auxílio do Fed.
O que é mais irritante nesta crise é a baixa criatividade dos principais economistas do planeta, em não conseguir apontar uma solução que limita as perdas à sua origem. É inacreditável que não se tenha pensado em como funciona o mercado de crédito imobiliário para se entender as razões de tão grande ineficiência. Ademais, inadimplência de mutuários não é desejável nem pelos próprios nem pelos bancos. Mas obviamente existem exceções. Luigi Zingales, da Universidade de Chicago, apresenta uma elegante solução de mercado para crise. Se é suficiente, não sei, mas nos traz uma chama de esperança, pois indica que ainda existem economistas inovadores:
Nobel em Economia
O Prêmio Nobel de Economia de 2008 vai para Paul Krugman, pelos seus trabalhos em comércio internacional e localização da atividade econômica. Curiosamente, em um de seus artigos mais recentes, sobre a crise financeira, ele diz que "agora somos todos brasileiros".
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