domingo, 19 de setembro de 2010

O Mito da Desindustrialização

Jagdish Bhagwati expõe, em belo artigo, algumas falácias do argumento da importância do setor manufatureiro. Abaixo vão as passagens mais interessantes para quem acompanha um debate nacional sobre os perigos da desindustrialização:

"In mid-1960’s Great Britain, Nicholas Kaldor, the world-class Cambridge economist and an influential adviser to the Labour Party, raised an alarm over “deindustrialization.” His argument was that an ongoing shift of value added from manufacturing to services was harmful, because manufactures were technologically progressive, whereas services were not.

Kaldor’s argument was based on the erroneous premise that services were technologically stagnant. This view no doubt reflected a casual empiricism based on the mom-and-pop shops and small post offices that English dons saw when going outside their Oxbridge colleges. But it was clearly at odds with the massive technical changes sweeping across the retail sector, and eventually the communications industry, which soon produced Fedex, faxes, mobile phones, and the Internet.

In fact, the dubious notion that we should select economic activities based on their presumed technical innovativeness has been carried even further, in support of the argument that we should favor semiconductor chips over potato chips... It turned out that semiconductors were being fitted onto circuit boards in a mindless, primitive fashion, whereas potato chips were being produced through a highly automated process (which is how Pringles chips rest on each other perfectly).

The “semi-conductor chips versus potato chips” debate also underlined a different point. Many proponents of semiconductor chips also presumed that what you worked at determined whether, in your outlook, you would be a dunce (producing potato chips) or a “with-it” modernist (producing semiconductor chips).

I have called this presumption a quasi-Marxist fallacy. Marx emphasized the critical role of the means of production. I have argued, on the other hand, that you could produce semiconductor chips, trade them for potato chips, and then munch them while watching TV and becoming a moron. On the other hand, you could produce potato chips, trade them for semiconductor chips that you put into your PC, and become a computer wizard! In short, it is what you “consume,” not what you produce, that influences what sort of person you will be and how that affects your economy and your society.

Ignorant of the extensive “deindustrialization” debate in 1960’s Great Britain, two Berkeley academics, Stephen Cohen and John Zysman, started a similar debate in the US in 1987 with their book Manufacturing Matters, which claimed that, without manufactures, a viable service sector is untenable. But this argument is specious: one can have a vigorous transportation industry, with trucks, rail, and air cargo moving agricultural produce within and across nations, as countries such as pre-Peronist Argentina, Australia, New Zealand, and modern Chile have done very successfully.

Cohen and Zysman argued that manufactures were related to services like “the crop duster to the cotton fields, the ketchup maker to the tomato patch,” and that if you “[o]ffshore the tomato farm…you close or offshore the ketchup plant….No two ways about it.” My reaction was: “[A]s I read the profound assertion about the tomato farm and the ketchup plant, I was eating my favorite Crabtree & Evelyn vintage marmalade. It surely had not occurred to me that England grew its own oranges.”"

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Perspectivas Sobre a Liberdade de Imprensa

Para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, "O problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa", conforme reportagem do Estadão. Por outro lado, o filósofo escocês David Hume professa sua visão sobre a liberdade de imprensa:

"It is apprehended, that arbitrary power would steal in upon us, were we not careful to prevent its progress, and were there not an easy method of conveying the alarm from one end of the kingdom to the other. The spirit of the people must frequently be rouzed, in order to curb the ambition of the court; and the dread of rouzing this spirit must be employed to prevent that ambition. Nothing so effectual to this purpose as the liberty of the press, by which all the learning, wit, and genius of the nation may be employed on the side of freedom, and every one be animated to its defence. As long, therefore, as the republican part of our government can maintain itself against the monarchical, it will naturally be careful to keep the press open, as of importance to its own preservation."

Para o ex-ministro, liberdade de imprensa é um empecilho para a consolidação de uma ditadura petista, enquanto que para David Hume liberdade de imprensa é necessária para preservar liberdades individuais e impedir a consolidação de um governo absolutista. Ambos estão em comum acordo no que tange a concentração de poder, porém em lados distintos. É preocupante que, a considerar o estado atual da situação política no Brasil, a interpretação do ex-ministro acabe por se tornar predominante no país.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Liberdade na Estrada em Porto Alegre


O Liberdade na Estrada é uma ótima iniciativa do Ordem Livre, um Think Tank dedicado à promoção de liberdade individual, paz e livre mercados. O itinerário completo está aqui. Não custa mencionar que eu estarei ao lado do Bruno e do Diogo no encontro de Porto Alegre.

sábado, 7 de agosto de 2010

A Soma de Todos os Medos

Estamos em meados do ano de 2020. A renda per capita do país está estagnada desde 2015, início do segundo mandato do presidente eleito em 2010. O PT e o PSDB se fundiram em um só partido - o PSDT - em 2017, seguindo o acordo de suas lideranças que reconheceu que ambos os partidos tinham a mesma plataforma "social democrata". A ala radical do PT, composta de sindicalistas, educadores e de "movimentos sociais", aceitou pacificamente o acordo, contribuindo para a estabilidade política do país. Isto ocorreu logo após o aumento da contribuição sindical obrigatória para doze dias por ano da renda dos trabalhadores com carteira assinada. A fusão dos dois partidos foi motivada por um projeto de lei de autoria conjunta das lideranças dos principais partidos nacionais, que previa a volta do bipartidarismo até o ano de 2022. Considerou- se na época que a proliferação de partidos nanicos - como DEM, PP, PSTU e outros - produzia uma fragmentação de interesses contraproducente ao aprimoramento da democracia. O principal partido de oposição, o PMDB, imbuído do mais elevado espírito democrático e visando contribuir para a estabilidade política do país, aceitou inúmeros cargos no que se convencionou chamar de "governo democrático de coalisão". Numa demonstração de boa vontade para "fortalecer os laços patrióticos entre as forças políticas majoritárias" e acelerar o desenvolvimento econômico do país, o Presidente conclamou o PMDB a participar da administração todas as estatais criadas desde 2018.

Para as próximas eleições, o virtual candidato do PSDT, é o filho de um ex-presidente, um empresário bem sucedido do setor de telecomunicações. Ele tem apoio das principais federações da indústria nacional, basicamente por causa de sua gestão no BNDES, que possibilitou a elevação do investimento no setor durante o novo plano de substituição de importações. Da parte do PMDB, sua principal liderança é o neto de famoso político do partido, conhecido como o Democrata. Conta com grande apoio dos pobres e despossuídos, pois criou a Bolsa Cidadania, que substituiu a Bolsa Família poucos anos atrás, com inúmeras vantagens, como seu valor e abrangência. Foi chamada de Bolsa Cidadania porque vincula seu recebimento à participação democrática do cidadão nas eleições, na qualidade de eleitor ou ainda como filiado a algum partido político com representação nacional.

No cenário internacional, o Mercosul é considerado um sucesso, pois facilitou a coordenação dos planos nacionais de substituição de importações, ao elevar a tarifa externa única para, em média, próxima dos 100%. Importações do Chile foram declaradas ilegais, como sanção política ao fato de o Chile ter se desligado da OEA, o que levou países como Canadá e México fazerem o mesmo pouco depois. Os principais parceiros comerciais do Brasil são, fora do Mercosul, a Coréia do Norte e o Irã. O principal produto que o Brasil importa da Coréia é arroz, por causa da grande redução de área plantada no país. Economistas estrangeiros comentam que isto se deve à frequente elevação de "índices de produtividade" no campo, que inviabiliza a produção agrícola em função de um número crescente de invasões seguidas de desapropriações. O governo se defende argumentando que, para garantir a função social da propriedade, é atribuição dos órgãos competentes denunciar proprietários que não atingem os critérios mínimos estabelecidos e ordenar a "integração de posse" aos movimentos sociais, conforme estabelecido na reforma constitucional de 2016. A polícia e o exército acompanham as movimentações de trabalhadores sem terra, para evitar uma reação violenta dos "capitalistas do campo". O principal produto de exportação brasileiro é a sandália havaiana. Houveram denúncias de que estas exportações estavam destruindo a indústria doméstica da Coréia, mas o governo democrático de Pyongyang reprimiu os manifestantes que apedrejaram a embaixada brasileira, a única representação internacional naquele país. Pyongyang reconhece os laços de amizade que tem com o governo brasileiro, que provê a maior parte da ajuda externa que chega à Coréia.

No front econômico doméstico, os problemas se acumulam ano após ano. A carga tributária já chegou aos 57% do PIB, a renda per capita não cresce e a distribuição de renda piora a olhos vistos. "Os planos econômicos são consistentes, estamos conseguindo estimular a indústria doméstica ao identificar corretamente os setores estratégicos do país e canalizar recursos financeiros necessários. Fazemos isto democraticamente, ouvindo os empresários dos setores afetados e os sindicatos dos trabalhadores", diz o Ministro do Planejamento. "Os resultados ainda não apareceram pois o câmbio ainda está sobrevalorizado. Os economistas do IPEA estimaram a desvalorização necessária como sendo da ordem de 43%, o que é compatível com as demandas dos exportadores, mas temos que avaliar melhor o impacto sobre a inflação". Quando perguntado sobre a inflação, ele responde com convicção: "São alguns empresários ganaciosos que tentam tirar vantagem do povo humilde. Já os estamos identificando e iremos aplicar as sanções cabíveis, que vão de controle de preços a prisão e desapropriação, conforme a gravidade dos atos."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Legado de Dionísio Dias Carneiro

Porque desenvolvimento econômico e prosperidade dependem de pessoas como ele: Ilan Goldfajn faz a devida homenagem. Uma grande perda para sua família, amigos e para o país. RIP.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Polvo e os Economistas

Não estou convencido de que economistas possam prever resultados tão bem como o famoso polvo alemão (tá bem, pela lei dos grandes números alguém pode bater o famigerado polvo), pelo menos usando "time series techniques". Mas esta matéria aqui sugere que globalização também faz bem ao futebol.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Política Fiscal Contracionista Pode Ser Expansionista?

Um antigo (e famoso) artigo de Giavazzi e Pagano, de 1990, mostra que uma severa contração fiscal, ao afetar expectativas de inflação e reduzir a taxa de juros, pode impulsionar a demanda agregada ao aumentar a confiança do consumidor e dos negócios no futuro da economia. Bruce Bartlett explica.

Bhagwati Sobre os Mitos Protecionistas

Nada como ter a teoria correta e os dados na ponta da língua. Um dos maiores experts de comércio internacional, Jagdish Bhagwati, aponta os maiores mitos do protecionismo. O argumento completo está aqui.

Myth 1: “The cost of protection and its flipside, gains from trade, are negligible.”

Myth 2: “Free trade may increase economic prosperity, but it is bad for the working class.”

Myth 3: “Free trade requires that other countries also open their markets.”

Myth 4: “Paul Samuelson abandoned free trade, and he was the greatest economist of his time.”

Myth 5: “Offshoring of jobs will devastate rich countries.”

Desta Vez é Diferente

Ken Rogoff e Carmen Reinhard fizeram bem o tema de casa, como diz o NYT.

Política Fiscal Americana: Uma Projeção Assustadora

HT: John Taylor

Os Dez Mandamentos do Ajuste Fiscal

De Olivier Blanchard e Carlo Cotarelli. São eles:

Commandment I: You shall have a credible medium-term fiscal plan with a visible anchor (in terms of either an average pace of adjustment, or of a fiscal target to be achieved within four–five years).

Commandment II: You shall not front-load your fiscal adjustment, unless financing needs require it.

Commandment III: You shall target a long-term decline in the public debt-to-GDP ratio, not just its stabilization at post-crisis levels.

Commandment IV: You shall focus on fiscal consolidation tools that are conducive to strong potential growth.

Commandment V: You shall pass early pension and health care reforms as current trends are unsustainable.

Commandment VI: You shall be fair. To be sustainable over time, the fiscal adjustment should be equitable.

Commandment VII: You shall implement wide reforms to boost potential growth.

Commandment VIII: You shall strengthen your fiscal institutions.

Commandment IX: You shall properly coordinate monetary and fiscal policy.

Commandment X: You shall coordinate your policies with other countries.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"Make a Bomb in the Kitchen of Your Mom"

Este é o título de um dos artigos da suposta revista Inspire da Al-Qaeda, que está em inglês. Aparentemente, seus o objetivos são catequizar ocidentais e engajá-los na luta contra o Grande Satã. Embora seja provavelmente uma fraude, a revista foi mencionada pelo editor de política da The Atlantic. Abre-se então espaço para teorias de conspiração (lembram de Mel Gibson no filme Conspiracy Theory?), onde a minha predileta é que trata-se na verdade de criação da CIA para monitorar seus assinantes. Se Marco Aurélio Garcia estiver no mailing list da revista, corre o risco de perder seu visto de entrada e não poder mais fazer compras em Nova Iorque nem passear na Disneylândia.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Nova Campanha na Internet


A criatividade e o sentimento de preservação ambiental dos brasileiros são simplesmente inigualáveis.

Richard Epstein Propõe Reforma no Futebol

Richard Epstein, da Universidade de Chicago, propõe duas reformas no futebol para tornar o jogo mais interessante, isto é, tornar empates menos prováveis e aumentar as chances de gol. São elas: i) Atribuir pesos distintos para gols. Por exemplo, gol de pênalti vale um ponto, de dentro da grande área dois pontos e de fora da grande área três pontos. Esta proposta é inspirada no jogo de basquete. ii) Afastamento temporário do jogo em caso de falta, com progressão por gravidade. Por exemplo, em caso de falta normal, afastamento do jogador por três minutos, em caso de cartão amarelo cinco minutos e cartão vermelho quinze. Cada equipe pode ter até três jogadores afastados simultaneamente. Esta proposta é inspirada no jogo de hockey. O problema é que estas propostas mudam bastante os incentivos no jogo, podendo levar a comportamento disfuncional. Teríamos mais pênaltis como forma de evitar gols com maior pontuação, assim como ter no máximo três jogadores afastados pode induzir os demais a abusar de faltas. No entanto, seria interessante ver algumas partidas experimentais conforme estas propostas.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Melhor da Copa


Não é a "mão de Deus" de Luis Fabiano nem a"mão invisível" de Kaká (aquela que acertou o rosto do pacífico marfinês), nem as brigas dos socialistas gauleses, nem a goleada de Portugal sobre os raquíticos comunistas da Coréia do Norte. É a campanha "Cala Boca, Galvão", que seduziu os, por assim dizer, ingênuos do mundo. Sua origem, importância e desdobramentos está nesta matéria do Estadão.

A Questão Nuclear: Será o Irã de Hoje o Brasil de Amanhã?

Uma visão pessimista (sim, o Brasil do futuro é o Irã de hoje) transparece neste artigo de José Goldemberg, que, discorrendo a respeito do fato de o Brasil e o Irã se oporem à adoção compulsória do Protocolo Adicional da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em conferência recente dos membros do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), conclui:

"As declarações recentes do vice-presidente da República e do secretário de Assuntos Estratégicos, a decisão do ministro Nelson Jobim de introduzir na Estratégia Nacional de Defesa a proibição de aderir ao Protocolo Adicional e o silêncio do presidente da República sobre o tema encorajam as desconfianças de que o Brasil tem intenções de desenvolver armas nucleares como forma de exercer a soberania nacional. No fundo, essas declarações e a posição do Itamaraty no Conselho de Segurança estão nos conduzindo à situação de que o "Irã de hoje é o Brasil de amanhã". Só um nacionalismo estreito e retrógrado poderia levar-nos a pensar que o TNP viola a soberania nacional, pois o seu conteúdo é análogo ao artigo 21 da Constituição federal, que determina que "toda a atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos". Assegurar nossa soberania não vai decorrer da posse de armas nucleares, mas de um desenvolvimento nacional, científico e tecnológico autêntico."

Por outro lado, uma notícia que abre uma pontada de otimismo: A diplomacia brasileira desiste de se envolver ativamente na defesa dos interesses do Irã.

domingo, 20 de junho de 2010

Os Descaminhos da Política Externa Brasileira

Todo cidadão brasileiro provido de um conjunto de valores cívicos e morais necessários para a convivência em sociedade - tolerância, reciprocidade, respeito a liberdades individuais - e minimamente informado, deve estar preocupado com o fato de o Brasil, na arena externa, estar se alinhando com governos de estirpe autoritária e bajulando ditadores e outros delinquentes de governos. É com estas preocupações em mente é que a política externa brasileira sofre pesadas críticas, como estas externadas pelo Celso Lafer, ex-ministro das relações exteriores:

"O benevolente endosso à violência e à fraude do processo eleitoral no Irã contrapõe-se à "birra" (na terminologia do presidente) na intransigente defesa de Zelaya, dificultando o equacionamento da questão democrática em Honduras. É patente a incoerência com que se invoca o princípio da não-intervenção para favorecer a omissão quanto aos riscos para a democracia e os direitos humanos provenientes da atuação do presidente Chávez na Venezuela e o seu ostensivo desrespeito para benefício eleitoral do presidente Evo Morales na Bolívia."

Celso Lafer conclui,

"Em síntese, o que os críticos da política externa do governo Lula apontam é que a diplomacia brasileira está optando pelo inefável do prestígio em detrimento da realidade dos resultados. Por isso não vem traduzindo apropriadamente necessidades internas em possibilidades externas; não identifica corretamente as prioridades nacionais a serem defendidas no plano internacional; não escolhe com discernimento nem os campos de atuação nos quais o Brasil pode colher os melhores frutos para a efetiva defesa dos seus reais interesses nem os parceiros mais compatíveis com o progresso democrático interno; desconsidera valores e, deste modo, descapitaliza o legado do soft power do nosso país. "

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Previsões de Economistas Sobre a Copa

Aqui está uma coletânea de previsões de economistas (feitas antes do início da Copa), onde a mais surpreendente é a do JP Morgan que prevê Inglaterra e Espanha na final. Se isto realmente ocorrer, será uma desgraça maior para o esporte do foi o ataque às torres gêmeas para o mundo. Por outro lado, as melhores análises de financistas estão sendo divulgadas pelo Selva Brasilis.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Depois da Estréia do Brasil, Ainda Há Bons Motivos Para Assistir a Copa

No primeiro tempo, a Coréia do Norte mostrou como se joga futebol: para frente, e não com toquinhos para o lado. O único esquema tático (as firulas do Robinho e a correria do Kaká não eram um esquema tático) era passar para o Maicon para um cruzamento na área. Previsível demais para dar certo. Robert Aumann, Nobel em Economia, teria dito ao Dunga: Estratégia mista, porra! No segundo tempo, Maicon não cruza, mas chuta ao gol, mostrando ter assimilado as lições do Nobel. Brazil 1 x 0 North Korea. Como a Coréia nos ensinou, toquinho para o lado não ganha a partida: Elano recebe um lançamento em profundidade e marca o segundo. No final, a Coréia nos ensina mais uma lição: Futebol se joga para a frente, com velocidade, e Kim Mon Sun (ou Hoy Tai Cho, não sei quem era o goleador norte coreano, mas tenho certeza que tinha três nomes com três letras) marca um golaço e será, já de volta à República Democrática, o novo secretário geral do partido. Placar final: 2 x 1 para os canarinhos que, graças às lições do Nobel e da equipe adversária, conseguiram três (um número mágico, pelo que parece) pontos.

Decepcionante. Mas ainda restam bons motivos para assistir aos jogos: A Alemanha, a torcida e as outras.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Diferença Entre o Ensino de Graduação e de Pós

John Taylor captura a essência da diferença. Ensinar alunos de graduação a "pensar como economistas" também tem suas recompensas.

sábado, 12 de junho de 2010

"O Caminho da Servidão" de Hayek é #1 em Vendas na Amazon

Estava assistindo há pouco o programa de Glenn Beck na Fox News sobre "O Caminho da Servidão" de F. von Hayek, um dos livros mais importantes que li. Não é que é o livro mais vendido na Amazon? (H. T. Greg Mankiw) Não tenho a edição de 2007, mas a minha, a edição especial de 50 anos de aniversário, tem o prefácio escrito por Milton Friedman, o que a torna muito especial.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Risco de Catástrofe

De vazamentos de óleo em águas profundas a crises financeiras a colisão de asteróides: Por que não fazemos nada a respeito? Richard Posner explica:

"Two final problems illuminate our vulnerability to such risks. First, it is very hard for anyone to be rewarded for preventing a low-probability disaster. Had the Federal Reserve raised interest rates in the early 2000s rather than lowering them, it might have averted the financial collapse in 2008 and the ensuing global economic crisis. But we wouldn't have known that. All that people would have seen was a recession brought on by high interest rates. Officials bear the political costs of preventive measures but do not receive the rewards.

The second problem is that there are so many risks of disaster that they can't all be addressed without bankrupting the world many times over. In fact, they can't even be anticipated."

domingo, 6 de junho de 2010

A Economia Política da Taxa de Câmbio

José T. de Araújo Jr., do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento, argumenta:

"Apesar do crescimento das exportações brasileiras nesta década, é pertinente questionar: por que o desempenho do setor industrial não foi tão bom quanto o do setor primário? A resposta não está na taxa de câmbio, porque, como vimos, os preços subiram mais do que a apreciação do real. Uma razão plausível é que a indústria brasileira ainda não superou inteiramente uma distorção que vigorou no País durante a época da substituição de importações: as taxas de crescimento econômico eram elevadas, mas as empresas privadas não inovavam. De fato, até o final dos anos 80, os investimentos em tecnologia eram realizados essencialmente por órgãos públicos.

A origem desse fenômeno é conhecida e bem documentada na literatura econômica: empresários só inovam quando essa é a única estratégia viável para manter a sobrevivência da empresa, e ela só será adotada após terem sido esgotadas outras alternativas menos onerosas, como o acesso privilegiado a recursos públicos e a eliminação da concorrência por meio de barreiras comerciais ou institucionais."

"Em suma, a escolha entre desvalorização cambial e incentivos à inovação implica dois conjuntos distintos de beneficiários. De um lado estão aquelas empresas que não conseguem acompanhar o ritmo de progresso técnico internacional. De outro, o resto da Nação."