Agora que o país obteve avaliação de investment grade pela agência de rating Standard & Poor's, resta avaliar as conseqüências, além de celebrar o fato. Em primeiro lugar, investment grade significa que diversos fundos institucionais agora podem, legalmente, adquirir títulos de dívida do governo brasileiro (dívida soberana, em moeda estrangeira). O status de investment grade representa um selo de aprovação da comunidade financeira internacional das políticas fiscal e monetária que o país vem praticando nos últimos anos. A combinação de solidez fiscal, metas de inflação e câmbio flexível torna improvável uma forte deterioração das contas externas do país conjugada com uma crise da dívida externa soberana. O principal reflexo disso, além da euforia de curto prazo da Bolsa, é a possibilidade de aumento de demanda pelos títulos do governo com redução da taxa básica de juros. Com o aumento do nível de confiança do investidor estrangeiro, pode-se prever um maior ingresso de capitais tanto de longo quanto de curto prazo, com tendência de sobrevalorização cambial. Os efeitos sobre o nível de produto tendem a ser positivos, a despeito da tendência de sobrevalorização do câmbio, e podem ser magnificados com reduções simultâneas dos gastos públicos e da carga tributária, visando concomitantemente um aumento na poupança doméstica, uma redução das distorções provenientes do elevado nível de impostos e a indução de melhoras adicionais nas expectativas e confiança da comunidade financeira internacional.
A avaliação acima está correta ou o Brasil tem apenas aproveitado o bom momento da economia mundial nos últimos anos (e aproveitará bem também a elevação dos preços de commodities agrícolas, que tende a persistir nos próximos anos)? O atual mix de política é apropriado também em caso de eventual desaceleração da economia mundial? Terá o governo flexibilidade e inteligência suficientes para lidar com situações de crise? Enfim, quais seriam os possíveis cenários alternativos e conseqüências adicionais previsíveis?
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