sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sobre as Revoltas no Mundo Árabe e a Apatia na América Latina

O que as revoltas no mundo árabe têm em comum? Possivelmente o que falta aqui na América Latina, onde ideais liberais são sacrificados no altar do capitalismo de comparsas. Bom artigo de Ricardo Vélez Rodríguez, no Estadão:

"A revolta que assombra os países islâmicos coloca uma questão: as respectivas sociedades, em que pese a diversidade delas, na Tunísia, no Egito, na Argélia, no Iêmen, no Irã, na Líbia, no Marrocos, no Bahrein, etc., buscam uma coisa: melhores condições de vida, liberdade e participação. Tudo isso comunicado, em rede, pelas pessoas, driblando controles policiais e censuras. Um primeiro capítulo dessa onda libertária ocorreu no final do século passado, quando desabaram as ditaduras da União Soviética e do Leste Europeu e quando os cubanos fugiram em massa para Miami, no episódio conhecido como os "Marielitos", na época do governo Reagan. Terremoto semelhante ocorreu na China, com a ocupação da Praza da Paz Celestial pelos estudantes, primeiro, e, depois, pelos tanques.

Uma conclusão salta à vista: o que os revoltosos de ontem e de hoje procuram é o que sempre foi apregoado pelas democracias liberais: liberdade de ir e vir, liberdade para empreender negócios, liberdade de pensamento e expressão, liberdade para as mulheres e para as minorias, controle da sociedade civil sobre o aparelho do Estado, conquista do conforto como expressão do desenvolvimento econômico, tolerância, pluralismo, enfim, tudo aquilo que as elites corruptas dos países sacudidos pela onda de insatisfação negam aos seus cidadãos."

"...A América Latina, na trilha do populismo da última década, abjura justamente o liberalismo e fica presa à manutenção de odiosos privilégios oligárquicos (vide os pactos realistas do partido governante no Brasil com ícones da oligarquia nordestina, que ainda conseguem manter sob censura o mais importante diário do País, justamente por ter sido denunciada nas suas páginas a prática de arcaico patrimonialismo). Nesse ponto, o Brasil consegue ser ainda mais retardatário que o Egito, onde caiu o faraó de plantão, enquanto nós mantemos, felás pagadores de impostos, os privilégios de odiosa nomenclatura em que se converteu a nossa classe política."

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Falhas de Governo e a Saúde Pública

Frequentemente se argumenta que o maior envolvimento do governo nos serviços de saúde deve-se às "falhas de mercado". Entretanto, o grande problema do setor são as "falhas de governo", como argumenta John Goodman, expert em economia da saúde:

"I can’t even count the number of articles and blog posts I’ve seen asserting that markets can’t work in health care. Or that they work very imperfectly. Or that they suffer from serious “market failure.” In every case, the writer just assumes that government can remedy these problems.

Yet when Gerry Musgrave and I wrote Patient Power, we concluded that our most serious health care problems stem from bad government policies, rather than from markets failing to work. In other words, “government failure” not “market failure” is the source of most of what is going wrong.

Why is our perspective so different from so many other health policy analysts? I think the answer is: the vast majority of people in health policy do not understand the concept of “government failure.” For example, health economist Austin Frakt, following Nobel Laureate Joe Stiglitz, produced a list of “market failures” in health care and in health insurance at his blog the other day. These include imperfect competition, unequal access to information, external costs and benefits for others generated by private activities, etc. He then offered this observation:

In principle, government intervention can increase that benefit (economic welfare) in such cases. In practice and in some cases, it’s debatable.

How does Austin know that government “in principle” can solve these problems without a model of government decision making? He can’t. Moreover, it turns out that many of the factors alleged to cause “market failure” also contribute to “government failure.” In fact, in the political sphere their impact is much worse. Here is the bottom line: There is no model of government decision making in health care (and in most other areas as well) that shows that government will reliably improve upon the market. (At least a real market.)"

Curioso é que quase sempre que se fala em falhas de mercado comete-se a falácia do nirvana, onde o mundo imperfeito, porém real, é comparado a uma situação idealizada e utópica. O mundo imperfeito sempre perde feio na comparação.


Possíveis Impactos do Quantitative Easing (QE2) Sobre a Economia Americana

Martin Feldstein com a palavra:

"At the annual Fed conference at Jackson Hole, Wyoming in August, Fed Chairman Ben Bernanke explained that he was considering a new round of quantitative easing (dubbed QE2), in which the Fed would buy a substantial volume of long-term Treasury bonds, thereby inducing bondholders to shift their wealth into equities. The resulting rise in equity prices would increase household wealth, providing a boost to consumer spending.

To be sure, there is no proof that QE2 led to the stock-market rise, or that the stock-market rise caused the increase in consumer spending. But the timing of the stock-market rise, and the lack of any other reason for a sharp rise in consumer spending, makes that chain of events look very plausible.

The magnitude of the relationship between the stock-market rise and the jump in consumer spending also fits the data. Since share ownership (including mutual funds) of American households totals approximately $17 trillion, a 15% rise in share prices increased household wealth by about $2.5 trillion. The past relationship between wealth and consumer spending implies that each $100 of additional wealth raises consumer spending by about four dollars, so $2.5 trillion of additional wealth would raise consumer spending by roughly $100 billion.

That figure matches closely the fall in household saving and the resulting increase in consumer spending. Since US households’ after-tax income totals $11.4 trillion, a one-percentage-point fall in the saving rate means a decline of saving and a corresponding rise in consumer spending of $114 billion – very close to the rise in consumer spending implied by the increased wealth that resulted from the gain in share prices.

None of this appears to augur well for 2011. There is no reason to expect the stock market to keep rising at the rapid pace of 2010. Quantitative easing is scheduled to end in June 2011, and the Fed is not expected to continue its massive purchases of Treasury bonds after that."

Estarão os EUA Exportando Inflação?

Dave Altig, do Fed de Atlanta, explica:

"If the United States unwisely floods the world with dollars, driving down the international value of the dollar, countries with flexible exchange rates would see the value of their currencies rise—making food grains and oils denominated in dollars more affordable, not less. The only way inflation gets exported to these other countries is if they attempt to maintain the values of their currencies below the levels that markets would otherwise take them. That inflation is purely homegrown."

O gráfico acima mostra o colapso dos multiplicadores monetários nos EUA. Note que a partir de 2008 o multiplicador do M1 é praticamente igual a 1, ou seja, não existente. A recente expansão da base monetária nos EUA com QE2 tem por objetivo recompor a oferta de moeda com expansão do balance sheet do Fed. O que leva à questão do impacto inflacionário do QE2:

i) Nenhum. A expansão da base monetária com QE2 visa apenas neutralizar o colapso da oferta de moeda nos EUA decorrente do colapso dos multiplicadores monetários. Com a recuperação do sistema financeiro americano e a volta à normalidade dos multiplicadores monetários, o Fed engendra política monetária reversa, isto é, enxuga a base monetária, de forma que a oferta total de moeda permaneça relativamente constante.

ii) Total. Depois dos anos da crise, onde o Fed buscou políticas monetárias ativas para evitar uma maior recessão, Bernanke lê o novo artigo do Sargent, esquece que inflação é um fenômeno monetário e mantém a base monetária permanentemente mais elevada e crescendo.

Das duas alternativas acima, eu apostaria na primeira.

Preferências por Regulação Ambiental

Para resolver o problema da tragédia dos comuns, Pigou e Coase mostraram que é melhor definir direitos de propriedade e permitir trocas do que alocar recursos com a técnica de governo conhecida por comando-e-controle, como escreve Robert Stavins, na edição de 100 anos da American Economic Review:

"First, economic theory—by focusing on market failures linked with incomplete systems of property rights—has made major contributions to our understanding of commons problems and the development of prudent public policies. Second, as our understanding of the commons has become more complex, the design of economic policy instruments has become more sophisticated, enabling policy makers to address problems that are characterized by uncertainty, spatial and temporal heterogeneity, and long duration. Third, government policies that have not accounted for economic responses have been excessively costly, often ineffective, and sometimes counterproductive."

O problema é que parece que o público nos EUA prefere comando-e-controle para resolver problemas ambientais. A The Economist explica:

"The darkly ironic side of all this, of course, is that administrative command-and-control solutions like detailed EPA emissions rules are definitely more expensive than cap-and-trade or carbon taxes would be. If anything, when the public votes for EPA regulation rather than cap-and-trade, that's when it's imposing a tax on itself. Fifty years after Coase and 90 after Pigou, the economists are pretty sure they've finally got the solution for fixing commons problems without diminishing social value, only to have the public reject it because they think that's the tax. If the tragedy of the commons is "Romeo and Juliet", the rejection of Coasian cap-and-trade solutions to commons problems is " Blood Simple": a hilariously bitter demonstration of the human capacity for selfish stupidity that ends with the only guy who's figured it all out getting shot through a door by the wrong person for the wrong reasons."

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Que Bancos Centrais Devem Fazer?

A crise financeira e econômica recente motiva a pergunta. Exige-se muito dos Bancos Centrais e eles devem voltar a focar na estabilidade de preços ou eles devem usar mais instrumentos disponíveis e não negligenciar a estabilidade do sistema financeiro? Devem ainda coordenar atividades com autoridades fiscais e regulatórias? A The Economist discute o tema, neste Briefing e com economistas convidados.

Óbvio e Nem Tão Óbvio Assim

Charles Plosser, Presidente do Federal Reserve Bank of Philadelphia explica o que Bernake (provavelmente) irá fazer:

“If the growth rates of employment and output begin to accelerate or if inflation or inflation expectations begin to rise, then it may be time to begin taking our foot off the accelerator”

É óbvio que não faz sentido continuar com QE2 se o estado da economia melhorar. Mas não é tão óbvio assim o próximo comentário:

“It is likely that much of the rise in global commodity prices is driven by increased global demand... a rise in commodity or other input prices does not directly cause more general sustained inflation... if a country’s monetary policy remains very accommodative, it will ultimately permit the prices of other goods and services to rise along with commodity prices, resulting in higher inflation rates.”

Adivinhe quem já escreveu sobre coisa parecida (preço do petróleo) antes?

O Dinheiro é a Origem de Todos os Males?

Para quem não gosta do espírito americano de busca da prosperidade, a resposta é sim. Por outro lado, até Amartya Sen absolve a busca pelo enriquecimento de culpa pelos males do mundo, ao considerá-la um meio para alcançar objetivos pessoais e liberdade. O sociólogo Claude Fischer, de Berkeley, entretanto oferece outras interpretações:

"British sociologist Mike Savage makes a passing remark in a recent book that puts a twist on the question of whether money makes the man. “Precisely because money is impersonal,” he writes, “it is possible for people to be differentiated on the basis of how much money they have without this being deemed to undermine their individual, human qualities” (p. 224). Other distinctions between people, Savage says, impugn a person’s character or morality, but money is impersonal. He quotes a working-class Brit who says, perhaps defensively, “There’s no difference between me and Lord Clare; he’s got the money and I haven’t. . . . Even a roadsweeper’s equal to me; I earn twice as much as he does, but it doesn’t make much difference to me, he’s my equal.”

From this perspective, distinctions of money can, odd as it may seem, be democratic and even egalitarian. Each person is, in his or her essence, as good, has the same claim to respect, is as valued as much as anyone else. The money you have, by this logic, is as incidental as the color of shirt you wear for determining your moral worth. Distinctions of character — being honest, hard-working, family-loving, reverent, and so on — and not money determine how much respect one gets. In that way, Savage’s interviewee could say he felt equal to a lord; any differences were only about money.

By this logic, the Americans who foreigners thought were so money-oriented were more egalitarian than the visitors with their gentleman and gentlelady airs.

Good money

This moral rehabilitation of money brings us to the work of sociologist Viviana Zelizer. In a couple of her books (such as this and that), Zelizer examines how contemporary Americans cope with the “taint” of money, their feeling that it soils what it touches. Most Americans feel, for example, that gifts should be personalized things, not crude cash (while in other cultures, newly-weds, for instance, expect to get showered with crisp bills). Americans try to camouflage cash exchanges in various ways — in gifts that can be returned, in “earmarking” (this bank account is for Susie’s college; that account is for Christmas presents), or if need be, with checks placed in tasteful gift cards. In the end, Zelizer writes, “across a wide range of intimate relations, people manage to integrate monetary transfers into larger webs of mutual obligations without destroying the social ties involved. Money cohabits regularly with intimacy, and even sustains it.”

What appears to have changed historically is the growing distaste for open cash or crude materialism. It seems that, as Americans became more affluent over the last two centuries, as the middle class expanded, and as bourgeois sentimentality developed (see this earlier post), Americans became more uncomfortable with naked money, especially with mixing cold cash and warm relations. Confounding friendship and business, for example, was increasingly thought impolite. Some scholars have written about a “post-materialist” sensibility. As people became wealthier over several generations, they shifted their focus to “higher” things, like environmentalism, self-expression, and nurturing relationships. (One need not admire money, in seems, if one has lots of it to spare.)"

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Vitória da Diplomacia Brasileira: Kadafi não está na Venezuela

O boato sobre a ida de Kadafi à Venezuela foi apontada como um possível fracasso da diplomacia brasileira pelo melhor analista de política internacional da blogosfera e arguto observador da realidade política nacional, o Selva Brasilis. O ditador e genocida líbio, chamado de "meu amigo, meu irmão e líder" por um ex-presidente do Brasil (não, não foi o FHC), desmente o boato e resgata por tabela a dignidade do Itamaraty:

Colonel Qaddafi, whose whereabouts have been unknown, appeared for about 30 seconds on state television at 2 a.m. on Tuesday to signal his defiance and deny rumors he had left the country. “I want to show that I’m in Tripoli and not in Venezuela,” he said.

Esta seleção de fotos do Estadão mostra bandos de vascaínos no mundo árabe, nervosos porque o time perdeu mais um campeonato.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Para Entender Economia II

Era uma vez um reino muito, muito distante que ficava ao lado de uma floresta habitada por pequenos trolls. Há muito, muito tempo atrás, os trolls resolveram fazer uma brincadeira para infernizar a vida dos humanos do reino. À noite, enquanto todos estavam dormindo, eles invadiram silenciosamente todas as casas, estabelecimentos comerciais, bancos, etc. Seu objetivo era adicionar um zero (ou seja, multiplicar por dez) em todas as cédulas e moedas, em todas as listas de preços, em todas os débitos e créditos e em todas as dívidas do reino. Depois de feito isto, eles ficaram espiando os humanos para ver a confusão que iria acontecer e dar boas gargalhadas. Infelizmente para eles, nada aconteceu. Como todos os preços da economia foram multiplicados por dez, assim como todo o estoque de moeda, não houve nenhuma alteração de preços relativos, ninguém ficou mais rico ou mais pobre por causa da brincadeira dos trolls e a vida dos humanos continuou normalmente (economistas chamam isto de neutralidade da moeda, ou seja, mudanças proporcionais da quantidade de moeda e dos preços não afetam decisões ou o lado real da economia, afetando somente valores nominais).

Tristes com o resultado enfadonho da brincadeira, eles resolveram na noite seguinte adicionar mais um zero apenas nas notas e moedas do reino. A brincadeira ficou mais divertida, os humanos com dinheiro começaram a comprar mais coisas e, como a quantidade de bens era ainda a mesma, humanos com menos dinheiro compraram menos bens; os preços começaram a subir e o ajustamento terminou quando todos os preços aumentaram de forma proporcional ao aumento da quantidade de moeda, ou seja, foram multiplicados por dez também. Os trolls adoraram o que aconteceu. Alguns humanos ficaram mais ricos, pois tinham mais dinheiro e compraram mais bens, enquanto outros ficaram mais pobres, pois venderam bens a preços relativos mais baixos, ou seja a relação de troca dos bens que produziam piorou (economistas dizem que, no curto prazo, enquanto houver um processo de ajustamento em direção ao equilíbrio de longo prazo, moeda não é neutra).

A harmonia vigente no reino começou a se desintegrar, os humanos que sofreram perdas começaram a demandar políticas corretivas do Rei para melhorar a distribuição de renda. Os trolls não conseguiram mais parar de rir quando o Rei, para resolver o problema, criou o Ministério da Justiça e Igualdade Social, que começou a distribuir dinheiro para todos os que se sentiram prejudicados. A oferta de moeda começou a subir sem parar e os trolls não mais precisaram entrar nas casas dos humanos para alterar o número de zeros das notas, pois agora os próprios humanos o estavam fazendo. Com a quantidade de moeda subindo, os preços continuaram subindo também, assim como as demandas por justiça social para corrigir as desigualdades criadas pela dança dos preços relativos, visto que os preços não subiam na mesma velocidade (economistas dizem que moeda não é super neutra, isto é, inflação não é neutra nem mesmo no equilíbrio do estado estacionário).

O Rei autorizou então maiores emissões monetárias a cada período, os preços dispararam e a inflação subia sem parar. O problema maior é que o Rei teve que comprar mais uma impressora de notas para suprir as necessidades do Ministério da Justiça e Igualdade Social, cujo orçamento crescia sem parar. Para controlar a distribuição do dinheiro, o Ministério começou a contratar mais e mais burocratas, que antes produziam bens que os outros consumiam. Desta forma, a quantidade de bens no reino começou a minguar. O aumento da escassez de bens, junto com o desconforto proveniente das desigualdades criadas começou a minar o apoio popular ao Rei. Foi então criado um novo partido político, de plataforma nacional socialista, cujo objetivo era reconquistar a dignidade perdida e acabar com a exploração, causada por aqueles que aumentavam seus preços sem parar. Isto já é uma outra história, mas conta-se que, até hoje, humanos que adentram a floresta escutam longínquas gargalhadas...

Para Entender Economia I

Qual dos seguintes empecilhos ao ajustamento econômico você acredita ser o mais importante?

a) o custo de abrir uma empresa nova

b) o custo de integrar mais trabalhadores e mais capital a um empreendimento existente

c) o custo de adaptar capital físico e humano a novas circunstâncias

d) o custo de apagar os preços de uma lista (menu) e atualizá-los.

Se você escolheu d), parabéns! Você é um economista novo-keynesiano. Se você escolheu qualquer outra resposta, parabéns! Você tem bom senso.

HT: Arnold Kling

domingo, 13 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Por Que Economistas Não Conseguiram Prever a Crise?

As causas frequentemente mencionadas são ideologia errada (free markets), modelos macroeconômicos irrelevantes (DSGE) e corrupção dos economistas acadêmicos que vendem pesquisa para o sistema financeiro. Raghu Rajan não concorda com esta avaliação e aponta outra causa mais relevante:

"The meager professional rewards for breadth, coupled with the inaccuracy and reputational risk associated with forecasting, leads to disengagement for most academics. And it may well be that academic economists have little to say about short-term economic movements, so that forecasting, with all its errors, is best left to professional forecasters.

The danger, though, is that disengagement from short-term developments leads academic economists to ignore medium-term trends that they can address. If so, the true reason why academics missed the crisis could be far more mundane than inadequate models, ideological blindness, or corruption and thus far more worrisome; many simply were not paying attention!"

John Taylor Debate Reformas no Fed



John Taylor contesta os argumentos desenvolvidos por David Altig, que foi citado no post abaixo. O gráfico ao lado, de um artigo de George Khan (Fed de Atlanta), mostra que se o Fed tivesse evitado desvios da Regra de Taylor (TRDEV1) o ciclo de boom e bust poderia ter sido evitado. Bom o debate, gosto dos argumentos do John Taylor mas tenho que apontar duas discordâncias com ele, que surgem do seguinte parágrafo:

"In my view, the rate of inflation and the level of GDP last year justified an interest rate near zero, but not QE2. The Atlanta Fed macroblog post argues that QE2 was effective. But any connection between QE2 and its purported effects is tenuous when long-term Treasury securities, which the Fed has been purchasing, have declined in price, gone in the wrong direction."

A primeira é que sua avaliação dos efeitos de QE2 não é adequada. O argumento correto para avaliação de políticas está aqui, Taylor sucumbiu à falácia post hoc ergo propter hoc. A minha segunda objeção decorre de um recurso à autoridade máxima em política monetária do sec. XX, Milton Friedman. Evidências indicam que ele teria aprovado QE2, pois sugeriu a mesma política para o Japão em 2000. É certo que o recurso à autoridade normalmente não é um bom argumento, principalmente quando a autoridade não se manifestou sobre o assunto, mas dificilmente qualquer recurso à autoridade do Friedman estará errado! Mais importante ainda é que Milton Friedman teria apoiado QE2 baseado em regras, ou seja, compatível com o argumento geral do John Taylor.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Serão Reformas Necessárias no Fed?

O artigo de John Taylor citado neste blog é discutido por David Altig, Vice Presidente e Diretor de Pesquisa do Fed de Atlanta. Ele argumenta que o Fed tem uma estratégia de saída (redução do balance sheet) para tornar a política monetária menos acomodativa e que o Fed tem seguido uma regra de Taylor - porém diferente daquela preconizada pelo próprio John taylor - e, portanto, sua política é não é discricionária. O artigo de David Altig está aqui.

Frase do Dia

"Estatísticas econômicas são um sub-gênero de ficção científica particularmente enfadonho; extremamente úteis, mas não para serem tratadas como verdade absoluta." Paul Krugman.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011